Redes sociais: Brasil é o país dos micro e nano influenciadores

Pesquisa mostra que, para boa parte dos criadores de conteúdo, o marketing de influência é uma forma de renda extra

Crédito: George Milton/ Pexels

Rafael Farias Teixeira 5 minutos de leitura

A economia dos criadores de conteúdo cresceu e evoluiu bastante nos últimos anos. De acordo com a Nielsen, em 2022 o Brasil já contava com mais de 500 mil criadores de conteúdo (considerando perfis com mais de 10 mil seguidores). Hoje, esse mercado está muito mais diversificado, com infinitas possibilidades e assuntos para abordar.

Com essa constante transformação, é sempre importante entender o que move e quais são os principais desafios desses profissionais – e das marcas que os escolhem para trabalhar o seu marketing.

Duda Dias (Crédito: Divulgação)

A Squid, empresa de tecnologia e marketing de influência que tem uma plataforma com mais de 200 mil influenciadores, está lançando seu Censo dos Criadores de Conteúdo do Brasil (CCCB), um raio-X dos profissionais que trabalham com produção de conteúdo em suas redes sociais.

O levantamento coletou dados de mais de 4,5 mil creators brasileiros durante o mês de janeiro de 2023, apresentando um total de 98.5% de índice de confiabilidade.

O censo revelou algumas das principais características dos criadores brasileiros:

- 74,7% são mulheres;

- 49% se declararam pessoas brancas;

- 61% vivem no Sudeste;

- 36% são millennials (30 a 39 anos).

Sobre os seus perfis nas redes sociais e como trabalham com criação de conteúdo, o CCCB descobriu que:

- 40% possuem menos de 10 mil seguidores e 78% têm até 50 mil seguidores;

- 76% têm no Instagram sua maior audiência;

- 73% estão no TikTok;

- Apenas 18% vivem exclusivamente de marketing de influência;

- Só 1,2% recebem mais de R$ 15 mil por mês.

Fonte: Censo dos Criadores de Conteúdo do Brasil/ Squid

A pesquisa também trouxe as principais inspirações desses criadores. "Eles têm um senso de comunidade muito grande. Se inspiram em outros criadores para crescer nas redes sociais e buscam esses resultados em conjunto", afirma Duda Dias, gerente de market insights da Squid.

A categoria Top of Mind “inspiração” listou mais de 1,9 mil nomes citados espontaneamente. Uma das questões abordadas foi o fato de que muitos influenciadores iniciaram suas trajetórias de forma modesta e tímida e conseguiram chegar longe, tornando-se uma inspiração.

NÚMERO DE SEGUIDORES x FATURAMENTO

Segundo o levantamento da Squid, o Brasil é dos microinfluenciadores: 40% contam com menos de 10 mil seguidores e 78% têm até 50 mil. O estudo aponta que esses perfis têm grande capacidade de capilarização da mensagem, mais engajamento e um contato mais próximo com sua audiência.

Fonte: Censo dos Criadores de Conteúdo do Brasil/ Squid

"Os grandes influenciadores, que falam para milhões de pessoas, não conseguem ter uma relação muito próxima com seus seguidores, o que gera uma sensação de afastamento. Já os menores conseguem trocar mais experiências com quem os segue e ter uma comunicação mais objetiva, com uma grande capacidade de capilarização da mensagem. Isso gera mais engajamento e um contato mais próximo com a audiência", explica Duda.

Mesmo com esse potencial de influência, a maior parte dos criadores trabalha por meio de permutas e outras formas de relacionamento não monetizado. Apenas 18% têm no marketing de influência a origem total de sua renda, mas quase todos (94%) gostariam de trabalhar exclusivamente com criação de conteúdo.

Ainda no campo da remuneração, o censo levantou que menos de 20% dos nanoinfluenciadores (creators com até 10 mil seguidores), já fizeram algum trabalho remunerado.

Entre os microinfluenciadores (entre 10 mil e 50 mil seguidores), 84% já fizeram permutas, parcerias ou divulgação de recebidos. Já nos perfis com mais de 500 mil seguidores, 65% afirmam que já fizeram trabalhos monetizados.

Fonte: Censo dos Criadores de Conteúdo do Brasil/ Squid

Apenas 1,2% dos criadores recebem mais de R$ 15 mil por mês com o marketing de influência, sendo que dois em cada três não ganham nem um salário mínimo por mês com criação de conteúdo. "Para a maioria dos criadores, o marketing de influência é uma renda extra”, diz a executiva da Squid.

Quando o criador é remunerado por um trabalho, passa a ter a possibilidade de contratar pessoas para auxiliá-lo, tanto na área criativa quanto na de produção. A consequência disso são materiais mais robustos, de maior qualidade e a formação de uma cadeia empregatícia.

“Quando falamos da creators economy, são essas movimentações socioeconômicas que esse novo formato de mercado consegue gerar", afirma Duda.

Fonte: Censo dos Criadores de Conteúdo do Brasil/ Squid

A falta de profissionalização do mercado ainda é o maior desafio, já que, por mais que as marcas aleguem buscar qualidade de conteúdo em detrimento da quantidade de seguidores, este ainda é um movimento embrionário. Assim, o número-base de seguidores ainda é um critério buscado para monetizar criadores, enquanto para os menores, o modelo majoritário é permuta e afins.

DIFERENÇAS GERACIONAIS E REDES MAIS USADAS

O Instagram é a rede favorita dos influenciadores: 99% têm perfis ativos e 76% a utilizam como canal principal e de maior audiência. O TikTok vem ganhando espaço no Brasil, com 73% dos criadores usando a rede, mas com algumas diferenças por geração.

Fonte: Censo dos Criadores de Conteúdo do Brasil/ Squid

No caso dos criadores da geração Z, 80% usam o TikTok e 60% dizem que sequer têm cadastro no Facebook – com presença de 67% dos creators millennials e 76% dos representantes da geração X.

Ainda assim, a Squid vê mais semelhanças do que diferenças entre as gerações, com grande presença de criadores micro e nano e a vontade de trabalhar exclusivamente com criação de conteúdo.

"Percebemos que, quanto mais jovem, maior a presença e importância do TikTok como rede principal. Há um distanciamento de fotos e a preferência por vídeos curtos, independentemente da rede. Além disso, os mais jovens têm uma noção muito mais clara da importância do marketing de influência quanto à profissão, e da sua importância para marcas", complementa Duda.


SOBRE O AUTOR

Rafael Teixeira Farias tem mais de 14 anos de carreira em jornalismo e marketing digital, além de sete livros de ficção já publicados. saiba mais