Vine pode ser a melhor opção para o Twitter garantir a lucratividade

O interesse de Elon Musk na extinta plataforma de vídeo está relacionado aos crescentes esforços de autoridades dos EUA para banir o TikTok

Créditos: Brett Jordan/ Unsplash

Redação Fast Company 4 minutos de leitura

Desde que chegou à sede do Twitter, Elon Musk parece estar atirando para todos os lados.

Enquanto tenta convencer a empresa a adotar estratégias para obter lucro consistente, ele pressiona os funcionários e exige mudanças imediatas.

Embora as atenções ultimamente tenham se voltado para a proposta de um modelo de assinatura para o Twitter Blue, para o selo de verificação e para um possível plano de permitir que criadores de conteúdo em vídeo cobrem pelo acesso, uma de suas decisões anteriores poderia realmente ser a salvação da rede social – se tudo ocorrer da forma esperada.

Alguns dias atrás, Musk postou uma enquete no Twitter perguntando aos usuários se deveria trazer de volta o aplicativo de vídeos curtos Vine, desativado em 2016. Das quase cinco milhões de respostas, 70% disseram que sim. Em um dia, surgiram relatos de que ele havia ordenado que os desenvolvedores começassem a trabalhar na atualização, com prazo para incorporar o aplicativo à plataforma até o final do ano.

Em uma enquete feita por Musk, 70% dos respondentes disseram que ele devia trazer de volta o Vine.

Isso poderia ter sido apenas mais uma em meio a tantas tentativas de gerar receita consistente para a empresa. Mas, dois dias depois, as coisas ficaram interessantes.

Em entrevista ao site Axios, Brendan Carr, membro da Comissão Federal de Comunicações (FCC), disse que o governo dos EUA deveria banir o TikTok, a plataforma de vídeos curtos da ByteDance – uma empresa chinesa. “Não acredito que haja um caminho a seguir além da proibição”, disse Carr.

A fala ocorre em um momento em que o governo Biden busca lidar com os temores sobre segurança e governança de dados. O TikTok é muito popular, sobretudo entre usuários jovens, mas o governo dos EUA há muito se preocupa com o fato de a empresa não proteger adequadamente das autoridades chinesas os dados de usuários norte-americanos. Também há preocupação em relação à distribuição (e destaque) de desinformação e propaganda chinesa.

QUESTÃO POLÍTICA

Donald Trump ameaçou banir definitivamente o aplicativo em 2020 e tentou forçar a ByteDance a vender o TikTok, mas falhou em ambos os esforços. Para Biden, essa é uma questão que força o governo a buscar formas de conciliar um recurso tecnológico extremamente popular com a segurança nacional. É, em muitos aspectos, um impasse político dificilmente contornável.

Os comentários de Carr não significam que qualquer ação seja iminente, é claro. Mas ele é republicano, e a FCC é controlada pelos democratas. Os temores de prejuízo à segurança nacional devido ao TikTok são bipartidários e não desaparecerão tão cedo.

o governo dos EUA enfrenta o desafio de conciliar um recurso tecnológico extremamente popular com a segurança nacional.

O TikTok é, obviamente, uma plataforma poderosa. Globalmente, conta com mais de um bilhão de usuários. Nos EUA, foi baixado mais de 200 milhões de vezes e tem mais de 138 milhões de usuários ativos, de acordo com a agência de publicidade em mídia social Wallaroo Media. 

Caso a empresa seja banida do país, esse grande público irá em busca de um substituto.

Já existem vários no mercado, mas o Facebook não consegue atrair o público jovem e o recente foco do Instagram em vídeos de formato curto encontrou forte resistência dos usuários. O Snapchat teve algum sucesso com o Spotlight, mas enfrenta problemas para monetizar o recurso.

Musk, por outro lado, é popular entre a geração Z, em grande parte, graças a sua criptomoeda de estimação, Dogecoin, ao uso de memes e humor, e ao hype de suas empresas, como Tesla e SpaceX. Talvez uma plataforma de vídeo de formato curto que leve seu selo de aprovação possa atrair o público do TikTok.

No entanto, caso o Vine seja trazido de volta, precisará passar por uma revisão considerável. O limite máximo de seis segundos para vídeos se tornou obsoleto com o passar do tempo. E o foco do aplicativo na comédia, em vez de uma ampla gama de tópicos, não agradaria mais aos usuários.

Para voltar, o Vine precisará passar por uma revisão considerável.

Além disso, seu código, provavelmente, está desatualizado. O público também mudou, mas isso não é necessariamente um problema. Há sempre novas pessoas na internet para substituí-lo.

Para que o Vine se torne a salvação financeira do Twitter, tudo precisa estar perfeitamente alinhado. A nova versão precisará estar pronta em um prazo bastante curto. Terá que capturar a leveza e a natureza viciante do TikTok. E Musk terá que torcer para que seus seguidores continuem engajados com a rede até lá.

Se tudo der certo, poderá ser um grande impulsionador financeiro. O TikTok obteve receita de US$ 18,3 bilhões apenas no primeiro trimestre de 2022. Se estimarmos que a audiência dos EUA é de 13% desse total, o Twitter poderá disputar US$ 9,5 bilhões em receita por ano.

Se Musk conseguir atrair um número considerável desses usuários para o Vine, a receita do Twitter Blue será mero trocado.

Com base em reportagem de Chris Morris.


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