Volta ao escritório? Só com vacinação, dizem brasileiros no LinkedIn

Crédito: Fast Company Brasil

Claudia Penteado 4 minutos de leitura

Uma pesquisa global do LinkedIn sobre o retorno aos escritórios ouviu mil usuários do Brasil. Deles, 90% afirmam que para voltar é importante que as companhias exijam a vacinação contra a covid-19. A base dos entrevistados brasileiros foi composta por 53,6% de homens e 46,4% de mulheres. E 56% se declararam não-brancos.

O país apresenta uma das maiores porcentagens neste quesito no estudo, que envolveu outras nações. O Brasil fica à frente do México (86%) e da Espanha (71%), por exemplo. 

A pesquisa entrevistou usuários do LinkedIn que trabalhavam em escritórios antes da pandemia e que tiveram de exercer suas funções de casa em algum momento devido às medidas sanitárias necessárias para evitar o contágio.

Para Milton Beck, diretor geral do LinkedIn para América Latina, o alto índice é um reflexo do momento que estamos vivendo. “As medidas de saúde e segurança são uma preocupação ao redor do mundo, mas é possível perceber que os brasileiros veem a vacina como um ponto essencial”, afirmou. 

Ele declarou ainda que o momento é muito mais de dúvidas do que de certezas. Por isso, o levantamento do LinkedIn buscou trazer a perspectiva dos profissionais que atuam em companhias no Brasil para ajudar as empresas a se prepararem. “Saber quais são os receios dos profissionais pode ajudar no planejamento. Fica evidente que estão dispostos a voltar para o ambiente físico de trabalho, mas precisam se sentir seguros para isso”, observou. 

A pesquisa também revelou que cerca de 84% dos respondentes acreditam que testes de covid-19 são relevantes para a volta aos escritórios. Dos entrevistados, 85% disseram que vão perguntar para seus gerentes, colegas e outras pessoas com as quais interagem diariamente se eles tomaram a vacina. 

DEIXAR A CASA TOTALMENTE? 

Outro objeto de investigação do estudo foi em relação aos modelos de trabalho. A pesquisa revelou que 43% dos profissionais ouvidos preferem o formato híbrido, em que uma parte do tempo é passada em casa e a outra em algum espaço físico da empresa. 

Para 27%, estar no escritório presencialmente durante 100% da jornada de trabalho seria a melhor opção. E 30% dizem que gostariam de fazer home office em tempo integral.

Aqueles que afirmaram que preferem trabalhar em casa – seja parcial ou integralmente – apontam motivos como evitar o transporte diário para chegar ao trabalho (45%) e ter uma vida profissional mais balanceada (45%) como os principais. Na conta estão ainda ser mais produtivo ou produtiva (33%), manter a saúde mental em dia (31%) e facilitar o cuidado com os filhos, já que não há a necessidade de estar 100% do tempo dentro da empresa (20%). 

Já os que gostariam de estar no escritório em algum momento da jornada afirmam que, entre as razões para o retorno, estão o fato de acreditarem ser mais produtivos no ambiente profissional (51%), a possibilidade de estarem perto de outras pessoas e colegas (46%) e as oportunidades de carreira ao se relacionarem presencialmente com os times (41%). 

EMPRESAS NO BRASIL VALORIZAM PRESENÇA 

Com tanto tempo trabalhando em casa, as pessoas já se acostumaram com a ideia do home office? Segundo a pesquisa do LinkedIn, mais de 56% dos brasileiros concordam que há um estigma negativo para aqueles que trabalham remotamente. 

Entre os motivos para essa percepção, os entrevistados afirmam que aqueles que optarem por trabalhar nos escritórios são mais propensos a serem favorecidos por gestores e colegas mais sêniores, o que impactaria o desenvolvimento de suas carreiras. 

“No Brasil, as empresas colocam muito peso na presença física dos funcionários”, disse Beck. Na percepção de muitas companhias, o fato de os profissionais estarem no escritório, cumprindo uma jornada de oito horas, pode valer mais do que ele ou ela estar produzindo mais a partir de sua casa, em horários alternativos. “Este é um pensamento que não corresponde à realidade. Estamos vendo novos modelos que exigem confiança entre os trabalhadores e as empresas e que mostram que é possível avaliar pelas entregas e não pelas horas na frente do computador. Não há uma fórmula mágica e, daqui para frente, teremos de testar para entender o que é melhor”, completa o executivo. Trata-se, portanto, de um processo de aprendizado contínuo que vai exigir ajustes ao longo do caminho. 

HABILIDADES MAIS DEMANDADAS

Com a expectativa da volta aos escritórios, o LinkedIn perguntou aos usuários da rede sobre as habilidades que eles consideram mais importantes para o momento. 

São elas:

  • Comunicação (57%)
  • Inteligência emocional (45%)
  • Aprendizado contínuo (36%)
  • Adaptabilidade (33%)
  • Criatividade (33%)

De acordo com Milton Beck, as competências comportamentais já eram importantes antes da pandemia, mas agora elas são indispensáveis. “Os profissionais precisam estar preparados e dispostos a reaprender as dinâmicas do ambiente de trabalho. Por outro lado, as empresas devem repensar seus escritórios para além de simplesmente um espaço físico. Eles serão lugares de troca, onde as pessoas conhecerão a cultura organizacional e terão a possibilidade de aprender por ‘osmose’, ou seja, vendo outros exercerem suas funções”. 

A pausa do cafezinho, por exemplo, é mais do que um descanso no dia. “É um momento em que podemos conversar, conhecer uns aos outros e trocar experiências”, explicou Beck. 


SOBRE A AUTORA

Claudia Penteado é editora chefe da Fast Company Brasil. saiba mais