4 tendências de interface do usuário segundo a Apple

Crédito: Fast Company Brasil

Mark Wilson 5 minutos de leitura

Esta semana está acontecendo o maior evento do ano para a Apple. É na WWDC (Worldwide Developers Conference) que a big tech anuncia dezenas de novos recursos para iOS, iPadOS, WatchOS, tvOS e macOS.

A maioria das atualizações são melhorias interativas para aplicativos como o iMessages ou plataformas como a AppleTV. O futuro do software da Apple já não é mais segredo, e está claro que a interface foi desenvolvida estrategicamente para seguir quatro novas tendências de consumo.

Na era da conectividade, o usuário pode personalizar ainda mais o iPhone: alternar modos de funcionamento, ampliar a experiência virtual ou realizar o sonho de se desconectar.

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IA POR TODA PARTE

A competição entre Google e Facebook nas pesquisas sobre Inteligência Artificial parece ter ficado ainda mais acirrada. Na WWDC, a Apple mostrou que está determinada a moldar novas experiências, e para isso, fez silenciosos e massivos investimentos em IA.

O usuário poderá ligar para um número de telefone que fotografou: o novo sistema consegue escanear fotos e localizar palavras e números dentro delas, além de traduzir falas em tempo real.  

A Siri, assistente de IA da Apple, está mais próxima do que nunca e agora funciona completamente pelo iPhone — e não mais na nuvem, sem correr o risco de perder a conexão.

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Nas chamadas pelo FaceTime, o plano de fundo da imagem pode ser borrado e isola quem está falando e a sua voz do ruído do fundo. 

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Talvez o mais interessante seja que a IA é programada para auxiliar no bem-estar físico e mental dos usuários. A Apple está colocando a IA para agrupar notificações em pequenos resumos, parecidos com jornais, que chegam juntos em uma única mensagem. 

À medida que o iPhone rastreia os passos e o seu ritmo ao longo dos meses, ele agora pode analisar esses dados em comparação com pesquisas clínicas e envia uma notificação caso perceba alguma indisposição — algo que pode ser útil para pessoas idosas. 

Embora essas ideias não sejam novas, a Apple evidencia que o software não pode mais ser projetado para ter simplesmente belos gráficos e providenciar um fluxo de trabalho funcional. O futuro da interface é inspirado em IA. 

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NOVAS FUNCIONALIDADES PARA O CELULAR

Levamos nossos smartphones para todos os lugares: trabalho, sofá e banheiro. O problema é que, conforme os contextos mudam, o telefone permanece o mesmo.

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Até agora, a Apple tentou construir uma interface de tamanho único para que o iPhone pudesse viver em qualquer situação. Mas na WWDC, a empresa anunciou um modo chamado Focus, que permite 

mudar os apps e widgets da tela inicial e controlar quem e quais aplicativos podem enviar mensagens. Isso é muito útil quando você está tentando trabalhar, dormir ou apenas relaxar.

A empresa apresentou o Focus como uma ferramenta de produtividade — uma maneira de gerenciar o telefone para desligar o que você não quer. Isso faz sentido para um público amplo, à medida que o iPhone conquistou o mundo e a sua interface única não cabe em todos os contextos.

Vemos um trabalho semelhante no Google. O vice-presidente de design, Matias Duarte, estreou na semana passada a linguagem de design Material You. “Usamos nossos dispositivos e aplicativos ao longo do dia. Eles estão conosco mais intimamente e em mais lugares do que nossos sapatos, roupas e óculos. Então, por que todos eles estão presos no passado? Podemos ter um design próprio para cada indivíduo. ”

Quer seja Apple ou Google, o resultado final é que nossos telefones estão adquirindo modos. Eles terão algo como seu próprio metabolismo UX ao longo do dia que, felizmente, estará em sincronia com o nosso.

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PRESENÇA VIRTUAL SEM PRESENÇA FÍSICA

Durante anos, o FaceTime e o iMessages permitiram que as pessoas se comunicassem facilmente por voz e imagem. Esta semana, a Apple revelou que não está contente com o desempenho dessas plataformas. Para videochamadas muito mais dinâmicas, o usuário poderá sentir a presença de outra pessoa, com todos os detalhes que se perdem em plataformas como o Zoom.

Agora, quando o FaceTime exibir uma conversa entre várias pessoas, o áudio de cada membro da chamada ficará localizado onde o vídeo aparece na tela do celular. Em vez de painéis estáticos, a Apple pretende fazer uma representação virtual de uma sala em que é possível ficar “mais próximo” com quem se está falando, enquanto recua-se os demais participantes. O objetivo é diminuir a carga cognitiva do processo.

O FaceTime também terá um recurso chamado SharePlay, que permite compartilhar vídeos, músicas ou até mesmo aplicativos para outros usuários, assim todos acessam o conteúdo juntos, virtualmente. 

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ENFIM, A PROCRASTINAÇÃO

O custo de ter um smartphone o tempo todo é estar (tecnicamente) sempre acessível, embora não seja possível estar online o tempo todo. 

No iOS 15 (atualmente em desenvolvimento, e previsto para lançamento no final do ano), o usuário poderá definir a si mesmo como ausente, assim os remetentes sabem que suas mensagens não foram visualizadas naquele momento. 

Em caso de emergência, ainda haverá a opção de entrar em contato, no entanto, para aqueles com problemas para desconectar, um grande obstáculo mental é tirado da frente.

Agora, o iOS salvará os links compartilhados em grupos para que você possa lê-los depois. As histórias e músicas compartilhadas ganham uma guia específica no Apple News e Apple Music, respectivamente. Tudo isso é automático, o que significa que você não precisa salvar um link manualmente ou manter uma guia aberta durante semanas a fio.

Com essas mudanças, a Apple está aproveitando a IU para reconhecer seu tempo como algo maior do que seu telefone. Essas atualizações são importantes para ajudar a reequilibrar a vida na era conectada, limitando a nossa disponibilidade involuntária. E, ao oferecê-las, a Apple, sem dúvida, nos manterá usando nossos telefones como resultado.


SOBRE O AUTOR

Mark Wilson é redator sênior da Fast Company. Escreve sobre design, tecnologia e cultura há quase 15 anos. saiba mais