Como o metaverso vai reinventar a arte da fotografia

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De filmes e portfólios digitais à rolagem infinita das redes sociais, a fotografia há muito alimenta nossa imaginação, evoluindo em sintonia com a tecnologia enquanto nos apresenta uma versão atemporal da realidade.

Basta pensar no que sentimos quando olhamos a galeria de fotos em nossos celulares, repletas de cores, rostos e paisagens. As imagens têm o poder de nos transportar para outro momento e lugar. No entanto, permanecem bidimensionais, não importa a quantidade de pixels ou quão magistral seja sua composição. A fotografia provoca um efeito que altera a realidade por um momento, despertando memórias que podemos sempre visitar e revisitar através delas.

Embora altamente especulativo em suas especificidades, o metaverso despertou uma nova compreensão do que pode vir a ser a mídia interativa, levantando uma questão existencial sobre a própria definição de fotografia. Passei minha carreira buscando novas maneiras de capturar e registrar esses momentos singulares e construindo ferramentas de software que ajudam outras pessoas a fazer o mesmo.

Mesmo quase 30 anos depois, nunca estive tão animado sobre como a tecnologia está reinventando o que somos capazes de fazer. A internet e a ascensão dos aplicativos de compartilhamento de fotos aceleraram a criação e o consumo de fotografia. O metaverso começa a mudar sua mecânica.

Livre das limitações das plataformas e dispositivos anteriores ou mesmo das leis da física, a fotografia no metaverso encontra uma liberdade antes inimaginável para explorar luz, cor e perspectiva. Diferentemente da cultura de criadores de conteúdo da Web 2.0, essa nova fronteira digital oferece uma oportunidade de nos perguntarmos como podemos recuperar a narrativa visual de uma maneira que promova a conexão. Que regras de ética artística precisaremos reescrever? Se pudéssemos fazer tudo de novo, o que faríamos de diferente?

NOVA CATEGORIA CRIATIVA

A fotografia se tornará mais do que as imagens estáticas hoje. Com camadas 3D, incorporando o som (ou até mesmo o cheiro), a fotografia do metaverso permitirá uma percepção além dos olhos, criando uma nova categoria de arte, um novo tipo de experiência sensorial.

Livre das limitações das plataformas e dispositivos anteriores, a fotografia no metaverso encontra uma liberdade antes inimaginável.

Essa tendência de imagens imersivas é aparente nas produções artísticas de criadores revolucionários, como o REO, que combinam habilidades em fotografia e arte digital para produzir obras não fungíveis e que desafiam gêneros.

No entanto, é difícil definir quais serão as possibilidades criativas em estágios tão iniciais. Uma experiência mais robusta e completa no metaverso pode levar décadas para ser vista. Ainda assim, ele já começou a expandir nossa compreensão da criação de imagens, abrindo espaço para novos tipos de criadores.

DERRUBANDO A BARREIRA

De ambientes digitais compartilhados que servem como uma extensão de nossa própria realidade (como um shopping center virtual, por exemplo) à expansão de universos multiplayer existentes, a fotografia desempenhará um papel crucial nas novas experiências virtuais e servirá como uma ponte conectando um mundo com o outro .

Mas isso também levanta questões inexploradas sobre a relação entre fotógrafo, fotografia e espectador. É possível tirar uma foto dentro de outra? Como chamar uma imagem que mistura o real e o virtual?

Os fotógrafos terão o poder de transportar os espectadores, e estes farão parte das fotos que consomem.

Embora a maneira como capturamos o que vemos possa mudar, nosso desejo de revisitar memórias, interpretar e reimaginar persistirá, inspirando experiências ainda mais personalizadas e imersivas. A fotografia no metaverso não apenas abre novas possibilidades de expressão criativa, como também oferece um novo meio de comunicação e conexão, seja você um artista ou colecionador de arte, um cliente ou uma marca. Os fotógrafos terão o poder de transportar os espectadores, e estes farão parte das fotos que consomem.

ARTE DESCENTRALIZADA

Uma das coisas mais impressionantes da fotografia no metaverso é que ela dará oportunidade para novos artistas e criadores reivindicarem seu espaço para alcançar novos públicos.

Conversei recentemente com um amigo e colega fotógrafo, Tobi Shinobi, que me apresentou a uma perspectiva muito interessante: “O Instagram democratizou a indústria criativa para pessoas como eu, que provavelmente nunca pensariam em entrar na fotografia. A Web 3.0 levará essa democratização para o próximo nível, democratizando as próprias plataformas.”

“Agora, você já pode construir sua própria comunidade”, acrescenta Shinobi, refletindo sobre a explosão de criadores de NFT em sua rede. O aumento do interesse em arte digital acelerou a exposição para os recém-chegados, que agora têm canais independentes para gerar royalties, livres de algoritmos ou termos e condições das plataformas sociais hegemônicas de hoje.

À medida que começamos a entender a complexidade das leis de direitos autorais de NFTs, cabe a nós perguntar como isso se dará no metaverso.

No entanto, certamente existirão consequências negativas com uma web descentralizada.

Este campo inexplorado da fotografia, que inclui a transferência de imagens do mundo real para dimensões virtuais, exige que revisemos os regulamentos fundamentais da arte. À medida que começamos a entender a complexidade das leis de direitos autorais de NFTs, cabe a nós perguntar como isso se dará no metaverso. Criadores e líderes de plataformas devem atualizar as regras de consentimento quando as câmeras se tornarem invisíveis e até mesmo cenários renderizados se tornarem uma questão de direitos autorais e de propriedade.

Precisaremos de um amplo debate sobre como definir o valor do token nas plataformas de blockchain, distinguir entre posse e propriedade de arte e refinar ferramentas de verificação de ativos, como o Photoshop Content Credentials, para qualquer criador que queira proteger suas obras.

Há 200 anos, a fotografia nos oferece uma janela para novas experiências e perspectivas. Agora, temos a chance de aplicar o que aprendemos na construção de uma nova plataforma. Apesar das muitas incógnitas, continuo esperançoso em relação ao futuro – imaginando como o metaverso revolucionará a fotografia e como ela ajudará a definir o que esse novo mundo digital se tornará.


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