Unity planeja integrar IA à sua plataforma de desenvolvimento de jogos

Segundo a empresa, será possível acessar sua loja para usar os recursos de IA, assim como se faz com qualquer coisa que se queira adicionar aos jogos

Crédito: Unity

Chris Stokel-Walker 2 minutos de leitura

A Unity, que oferece uma variedade de ferramentas e serviços para criadores produzirem jogos, planeja integrar IA generativa em seu motor.

O vice-presidente sênior de inteligência artificial da empresa, Marc Whitten, disse à Fast Company que a plataforma está adotando a tecnologia para ajudar desenvolvedores que utilizam o motor da Unity a produzir conteúdo de alta qualidade mais rapidamente.

“Vemos a inteligência artificial como uma ferramenta incrível para que criadores profissionais sejam ainda mais produtivos”, diz Whitten.

Há muito tempo o desenvolvimento de games é conhecido como um setor de muito estresse e esforço (o que explica, em parte, as recentes iniciativas de sindicalização em toda a indústria). Mas a IA oferece novas ferramentas para ampliar o acesso daqueles que desejam criar seus próprios games. “[Ela permite que] mais pessoas tenham acesso a tecnologias que ajudam a colocar suas ideias em prática”, afirma Whitten.

A IA já faz parte do kit de ferramentas da Unity há um tempo: a empresa trabalha com a Ziva Dynamics no Face Trainer, um serviço que usa inteligência artificial para produzir animações faciais de alta qualidade. Com ele, algo que antes levava de três a quatro meses para ser concluído agora pode ser feito em questão de minutos.

Espera-se que a IA a IA possa ser utilizada também nos dispositivos dos jogadores, para não sobrecarregar os sistemas em nuvem.

Também opera o Barracuda, uma ferramenta de inferência de redes neurais capaz de identificar pessoas e objetos em imagens, bem como agentes de inteligência artificial que testam jogos desenvolvidos com o motor da empresa para verificar problemas – uma versão automatizada de controle de qualidade.

Whitten não quis compartilhar quanto a Unity investiu em IA, mas afirmou que foi uma quantia “razoável”. “Temos um número considerável de engenheiros, gerentes de produto e designers trabalhando em ferramentas de IA”, disse o executivo.

PRODUÇÃO MAIS EFICIENTE

Para capitalizar esse movimento, a empresa vai garantir que os novos recursos possam ser integrados ao Unity Editor, um aplicativo que permite que os usuários editem itens. “Você poderá acessar a Asset Store [loja de ativos] para usar recursos de IA, assim como faz com qualquer outra coisa que queira adicionar aos jogos”, explica Whitten.

O objetivo é acelerar o processo de criação de jogos de alta qualidade. Desenvolvê-los leva tempo e “grande parte é gasto criando o conteúdo”, diz o executivo. Com a possibilidade de automatizar ou terceirizar pelo menos parte desse trabalho para a IA, a produção de jogos será mais eficiente.

Espera-se ainda que, a longo prazo, a IA possa ser utilizada não apenas durante o desenvolvimento, mas também nos dispositivos dos jogadores, para não sobrecarregar os sistemas em nuvem. Em vez de os jogos serem rodados em servidores centralizados, poderiam ser executados no próprio dispositivo.

Isso significa que as decisões dos personagens não jogáveis (NPCs), ou os ambientes do jogo, mudariam dinamicamente com base na IA generativa na máquina do jogador. “Estamos tentando criar uma tecnologia em que os desenvolvedores possam realmente pensar em variação e IA como parte do próprio ciclo de jogo e tornar o processo barato e divertido.”

Whitten acredita que a Unity não será a única a integrar IA aos seus produtos. “Acho que praticamente todas as ferramentas de criação terão uma base de IA em algum momento.”


SOBRE O AUTOR

Chris Stokel-Walker é um jornalista britânico com trabalhos publicados regularmente em veículos, como Wired, The Economist e Insider saiba mais