Cuidado: contratar um diretor de inteligência artificial pode ser um grande erro
As empresas precisam focar na criação de uma estratégia de IA, não na contratação de um diretor
A inteligência artificial teve um impacto inegável na maioria das indústrias e organizações no último ano e acredito que ela vai transformar radicalmente a forma como os negócios são conduzidos nos próximos.
Mas a revolução da IA não é algo novo. Na verdade, diria que é comparável ao que vimos com o surgimento da internet e dos softwares em nuvem.
Conforme as empresas navegam por este novo cenário, vemos um aumento no número de diretores de IA, ou CAIOs (do inglês chief artificial intelligence officer), nas equipes executivas.
Dados recentes mostram que 21% das empresas de médio a grande porte estão em busca de alguém para preencher essa função. No entanto, acredito que contratar um é um sinal de que sua organização pode não ter sucesso na economia do futuro.
A IA está destinada a ter o mesmo impacto e onipresença que a internet e os softwares em nuvem. Mas, quando eles surgiram, a maioria das empresas não correu para contratar diretores para lidar com essas tecnologias. Então, devemos nos perguntar: a inteligência artificial realmente precisa de um diretor dedicado exclusivamente a ela?
Assim como qualquer nova tecnologia com potencial de transformar o trabalho, é fundamental incorporá-la na estratégia da empresa em todos os níveis, e não mantê-la isolada em um único indivíduo ou equipe.
Independentemente de sua empresa ter um forte foco em tecnologia ou não, seria um erro contratar uma única pessoa para ficar responsável pela adoção e implementação da IA na organização.
A inteligência artificial deve ser parte do pensamento holístico das equipes e cada membro da alta administração deve ser um especialista em sua própria área.
Quando o diretor de tecnologia estiver discutindo estratégias sobre os softwares que a empresa deve usar e desenvolver, a IA deve fazer parte da conversa. Quando o diretor de produtos estiver discutindo o desenvolvimento e a inovação dos produtos, ela deve estar na pauta.
Em vez de destinar recursos para o cargo de CAIO, seria melhor investir em uma estratégia mais ampla de IA para toda a organização.
O diretor de informações deve considerar a inteligência artificial em todas as discussões estratégicas sobre quais softwares utilizar e como melhor capacitar as equipes para aumentar a produtividade. O diretor financeiro deve considerar o uso da IA em todos os processos diários, especialmente aqueles que envolvem compilação e revisão de dados.
Ainda assim, acredito que existem algumas exceções a essa regra. Por exemplo, se sua empresa é mais “analógica” em termos de produtos e operações, ou se não tem uma equipe focada em tecnologia, um CAIO pode ser útil – por enquanto.
Para essas empresas, um diretor de IA poderia desempenhar um papel temporário, atuando como um catalisador para repensar a maneira como os negócios são conduzidos ou como as equipes realizam seu trabalho.
FOQUE NA SUA ESTRATÉGIA DE IA
Muitos especialistas acreditam que tornar a IA parte da estrutura da organização é um passo importante para alcançar o sucesso a longo prazo. Em vez de destinar recursos para o cargo de CAIO, acredito que os conselhos administrativos deveriam investir tempo e dinheiro no desenvolvimento e implementação de uma estratégia mais ampla de inteligência artificial em toda a organização.
Se sua equipe atual de executivos não entende muito sobre IA, o melhor lugar para começar é com a educação. Há muita informação disponível que eles podem usar para entender as implementações e determinar quais se encaixam melhor na empresa.
Além disso, experimentar é fundamental. Busque alocar algumas pessoas dentro da diretoria para testar ferramentas básicas de inteligência artificial e relatar suas experiências. Quais funcionaram melhor? Quais foram vantajosas e quais não se alinharam com os objetivos e resultados desejados?
A IA deve ser parte do pensamento holístico das equipes e cada membro da alta administração deve ser um especialista em sua própria área.
Com tantas ferramentas de IA disponíveis, não há por que se contentar com a primeira solução que encontrar. Experimente diferentes opções para definir a que melhor se adequa às suas necessidades.
Outra alternativa à contratação de um CAIO é criar um cargo temporário de consultor de IA. Essa pessoa poderia servir de ponte para a construção e o desenvolvimento de uma estratégia abrangente de inteligência artificial. Ela poderia se concentrar em educar os demais e em dar suporte aos executivos, além de ajudar na seleção e implementação de ferramentas.
Em última análise, acredito que a inteligência artificial se tornará parte da nossa vida profissional e a demanda por um CAIO diminuirá com o tempo. Educação, um foco especial na estratégia e a implementação em todos os níveis da organização serão mais importantes para garantir que sua empresa esteja preparada para o sucesso com a IA.
A única maneira de acompanhar o ritmo da inovação e das mudanças associadas à inteligência artificial é com a alta administração abraçando e entendendo a mudança – e não delegando essa responsabilidade a um cargo recém-criado.