5 modelos de escritório  que vão fazer você trabalhar mais feliz

A ciência do cérebro e o design se unem para criar escritórios melhores e mais produtivos

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Nate Berg 4 minutos de leitura

O designer Dan Sullivan quer mudar seu cérebro. Como vice-presidente de P&D da Kova, fabricante de materiais de construção, fachadas e janelas, ele explora as implicações práticas do que vem sendo chamado de neuroestética, ou as maneiras pelas quais o design físico pode levar a mudanças mensuráveis na química cerebral.

Um crescente corpo de evidências sugere que projetar espaços de maneiras específicas – luzes com temperaturas de cor precisas na escala Kelvin, salas com layouts específicos – pode desencadear a liberação de dopamina pelo cérebro, uma substância química associada ao prazer, e ajudar as pessoas a ficarem mais focadas, mais produtivas e mais felizes. 

Sullivan, ex-chefe de design do laboratório de pesquisa e desenvolvimento do Google Architecture,  aposta que a neuroestética é uma abordagem de design que tende a melhorar muito a experiência humana em nosso ambiente construído. E o lugar onde provavelmente ela se faz mais necessária é o escritório.

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“Nos piores contextos históricos, foram sendo naturalizados locais de trabalho em espaços mal projetados e cheios de distrações”, diz ele. Não é de admirar que muita gente se sinta mais eficiente e confortável quando trabalha em casa.

Durante a pandemia, quando muitos trabalhadores de terno e gravata perceberam que seu trabalho poderia ser feito tão bem em casa quanto no escritório, as razões para frequentar um local de trabalho mal projetado ficaram ainda mais fracas.

Mas o escritório ainda pode ser um espaço poderoso para trabalho e colaboração. “Se a ideia é que o local de trabalho volte a ser importante, então ele precisa ser atraente para os funcionários”, diz Sullivan.

A seguir, o designer oferece cinco ideias sustentadas pela ciência para tornar os locais de trabalho menos incômodos, mais produtivos e mais agradáveis.

1 . Repagine a disposição do escritório para reduzir as distrações

Muitos escritórios não oferecem espaços variados, onde diferentes tipos de tarefas poderiam ser realizados de forma mais eficaz. Eles deveriam ser projetados com separação entre áreas de trabalho focado – onde as pessoas podem se concentrar melhor – e áreas onde as elas podem colaborar ou ter reuniões mais espontâneas.

Para esse fim, a Kova desenvolveu um sistema de partição reconfigurável que pode ser usado para dividir espaços em escritórios de plano aberto, temporária ou permanentemente, e paredes e móveis fáceis de mover. Eles estão sendo usados para adaptar de forma mais econômica espaços desde escolas secundárias a sedes corporativas.

O investimento necessário para fazer alterações na planta pode ser alto, o que explica em parte a invenção de um dos produtos de design de escritórios mais conhecidos: a baia (ou cubículo).

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2 . Crie transições físicas entre espaços

Quando diferentes partes de um escritório são usadas para finalidades diferentes, o design de interiores pode, sutilmente, mostrar às pessoas o que é apropriado fazer – e onde.

Sullivan explica que os designers podem usar estruturas físicas e formas para ajudar as pessoas a entender como o escritório muda sua atmosfera de um lugar para outro – como em um corredor de uma área aberta que gradualmente se transforma em um espaço de reunião mais privado ou em áreas silenciosas.

O simples fato de caminhar por espaços com formatos diferentes desencadeia a atividade cerebral, especialmente espaços curvos. Isso pode aumentar a energia e a cognição.

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3 . Conecte-se com a natureza, mesmo sem vista

“Um grande aspecto da repaginação dos escritórios é uma conexão maior com a natureza. As pessoas costumam associar isso a uma janela com vista para fora, mas na verdade isso pode ser uma distração”, diz Sullivan.

A pesquisa mostra que o poder mentalmente restaurador da natureza tem muito a ver com as sombras e formas das folhas verdes e com a complexidade visual de plantas e árvores.

“Você pode trazer esses elementos para dentro, para ter esse efeito restaurador”, sugere Sullivan. Muitas plantas de escritório podem proporcionar os benefícios da natureza sem as distrações do que quer que esteja acontecendo do lado de fora da janela.

Esse design biofpilico demonstrou afetar o humor e a saúde das pessoas. Também há evidências de que apenas olhar para uma planta pode diminuir os níveis de estresse.

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4 . Suavize as quinas e cantos

Isso vale para tudo, desde as formas das salas até os tipos de móveis e as estampas decorativas em pisos e paredes. “Padrões com ângulos agudos podem desencadear cortisol [o hormônio do estresse] e o cérebro, reconhecidamente, os enxerga como ameaçadores”, explica Sullivan.

Quando se trata de nossas preferências estéticas, descobriu-se que as pessoas realmente gostam mais de uma arquitetura curvilínea do que arestas e ângulos retos.

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5 . Não exagere nas imagens das paredes

É preciso ter cuidado com o tipo de arte que se coloca nas paredes. Imagens excessivamente chocantes ou detalhadas podem desencadear episódios de ansiedade e estresse ou mesmo funcionar como uma fonte de distração.

“Algumas pessoas se perdem na história da obra de arte. Para aqueles que têm diferentes níveis de neurodiversidade, como autismo ou TDAH, as pinturas podem realmente perturbar muito a tentativa de se concentrar.”

Estar atento ao impacto das decisões de design pode ajudar as empresas a tornar seus escritórios espaços mais produtivos, mas não há um método ou linguagem padrão a seguir.

As que consideram aplicar essas ideias ou trabalhar com designers para criar abordagens neuroestéticas específicas para suas necessidades precisam estar dispostas a testar os resultados e revisar as escolhas.


SOBRE O AUTOR

Nate Berg é jornalista e cobre cidades, planejamento urbano e arquitetura. saiba mais