Ajuste de borracha torna máscaras cirúrgicas 15 vezes mais eficazes

Crédito: Fast Company Brasil

Mark Wilson 3 minutos de leitura

Acreditávamos estar perto de aposentar as máscaras. Mas, com a chegada da variante ômicron, mesmo com vacinas disponíveis, a Covid-19 continuará sendo uma preocupação. Sendo assim, o uso de máscara, aparentemente, seguirá como parte de nossas vidas.

Ninguém ficou mais surpreso do que Jacob Robinson, professor associado de engenharia da Rice University, que imaginou que a invenção criada por sua equipe já estaria obsoleta quando a pesquisa fosse publicada: um suporte de borracha que ajusta e fixa a máscara no rosto e que pode ser lavado e reutilizado.

Embora já tenhamos visto abordagens similares a esta antes, o projeto foi testado e comprovado em laboratório. Consiste em uma estrutura de borracha que torna a máscara capaz de filtrar 15 vezes mais gotículas do ar. Em mais da metade dos testes, o acessório fez com que uma máscara cirúrgica comum se tornasse tão eficaz quanto uma N95. 

Crédito: Robinson Lab/Rice University

“É muito barato de produzir”, afirma Robinson sobre o suporte de borracha, que custou ao laboratório apenas US$ 10. Se produzido em grande escala, seu custo poderia ser ainda menor. “Disponibilizamos os designs gratuitamente. Qualquer um pode cortá-los em uma impressora a laser [ou lâmina] a partir de uma camada fina [de borracha].”

O projeto teve início quando o laboratório em que Robinson e seu colega Caleb Kemere atuam foi fechado devido à pandemia. Mas os laboratórios da Rice continuaram abertos para pesquisas relacionadas à Covid-19. No início de 2020, as N95 ainda eram raras e os profissionais de saúde na linha de frente utilizavam apenas máscaras cirúrgicas. Após uma conversa casual com um médico que teve a ideia de ajustar a máscara com elásticos para fixá-la melhor, Kemere começou a desenvolver sua própria estrutura ergonômica de borracha.

Para criar os suportes, os pesquisadores entraram em contato com o NIOSH, o conselho de certificação por trás dos padrões de segurança industrial. O conselho conta com um banco de dados com mais de mil formatos de rosto, categorizados em cinco diferentes formatos de cabeça. Os pesquisadores então imprimiram em 3D esses modelos, equiparam-nos com N95s e com seus suportes para máscaras cirúrgicas e os colocaram em uma máquina de medição de partículas.

O que eles descobriram foi o que notamos no nosso dia a dia: grande parte do ar que não é filtrado entra através de frestas ao redor do nariz. Assim, os pesquisadores ajustaram o design do suporte.

Após redesenhar o equipamento, a equipe realizou testes com 18 profissionais de saúde para medir as partículas tanto dentro da máscara quando no ambiente. Foi comprovado que a estrutura de borracha é ideal para 78% das pessoas e fornece o mesmo nível de proteção de uma N95. Embora o teste não tenha sido realizado com o vírus ativo, a equipe concluiu que o suporte é capaz de melhorar muito o desempenho de uma máscara cirúrgica. E isso pode ser bastante útil, pois, embora sejam itens descartáveis, elas estão amplamente disponíveis e o suporte as torna ainda mais eficazes.

“A maioria dos [estudos sobre máscaras] em que nos baseamos foram realizados durante a epidemia de SARS. Então, concluímos que, mesmo que este não faça a diferença agora, as pessoas [no futuro] vão consultar toda a literatura sobre Covid-19. Essa será a fonte de informação que ajudará da próxima vez que uma crise sanitária acontecer”, aponta Robinson. “Acreditávamos que a pandemia já teria acabado quando este artigo fosse publicado. Não fazíamos ideia de que ainda seria uma pesquisa relevante para o momento atual.”


SOBRE O AUTOR

Mark Wilson é redator sênior da Fast Company. Escreve sobre design, tecnologia e cultura há quase 15 anos. saiba mais