Empreendedor quer mudar um ícone da civilização: o rolo de papel higiênico

A ideia é corrigir a ineficiência dos rolos tradicionais com uma geometria totalmente nova

Crédito: Bambox

Nate Berg 3 minutos de leitura

Os rolos de papel higiênico convencionais são embalados junto com muito ar. Essa é uma falha de design que incomoda Roy Shihor, fundador da empresa de papel higiênico de bambu Bambox, que acaba de lançar, nos EUA, uma versão radicalmente redesenhada do produto que conhecemos. Ele vem em uma caixinha. 

Crédito: Bambox

A história do papel higiênico tem mais de 130 anos e seu desenho mudou pouquíssimo ao longo das décadas. As embalagens vêm cheias de ar, pois para manter o papel fofo e macio, precisa haver ar entre cada folhinha. Além disso, há ar no cilíndrico no centro do rolo. Por fim, há todo o ar ao redor das curvas de cada rolo, que geralmente são lacrados em pacotes retangulares e enviados para distribuição.

Com sede em Tel Aviv, a Bambox conseguiu resolver essa questão transformando o rolo convencional em uma dobra sanfonada. Ele é armazenado em uma embalagem quadrada e o papel, também quadrado, é compactado ao máximo.

Cada caixa de Bambox pode acomodar o equivalente a quatro ou cinco rolos de papel higiênico macio. O peso total que pode caber em um pack com esse tipo de embalagem é mais que o dobro dos rolos convencionais.

Mas isso não significa que o papel em si seja menos macio. Em uma videochamada, Shihor mostrou que o papel se descomprime quando a caixa é aberta, afofando com o ar do ambiente – o que é crucial para a maciez, que, por sua vez, é uma qualidade crucial para a venda de papel higiênico.

Crédito: Bambox

A intenção original de Shihor não era reinventar o produto, mas sim incentivar a transição do papel higiênico e de toalhas de papel à base de celulose para o bambu. Afinal, este é um material mais sustentável, que já vem sendo usado por várias marcas.

Não demorou muito para ele descobrir que importar papel higiênico de bambu da Ásia sairia extremamente caro para a quantidade que conseguiria trazer. “Metade de tudo o que eu pagaria na importação seria apenas para cobrir os custos do contêiner”, conta Shihor, que tem experiência em análise de dados.

o conceito surgiu com a ideia de encontrar uma maneira de usar menos árvores para produzir um produto de uso único.

“Como um cara fanático por cálculos, comecei a pesquisar e a procurar soluções mais eficientes em termos de espaço.” Ele revisou cerca de quatro mil patentes e percebeu que redesenhar as embalagens poderia aumentar muito a eficiência de ocupação do espaço. “Resolvi simplesmente mudar toda a geometria da coisa”, diz ele.

Mas mudar a forma fundamental de um dos produtos mais conhecidos e mais amplamente utilizados do mundo se mostrou uma ideia controversa. “Abordei mais de 10 estúdios de design de produto e industrial. Todos me disseram: 'Roy, o papel higiênico é como a roda. Ninguém reinventa a roda'”, ele relembra.

Assim, Shihor decidiu fazer tudo sozinho. O que ele inventou é um papel dobrado em zigue-zague que vem dentro de uma caixa de papel de seda com aberturas semelhantes às das caixas de cereais. Uma dobra para fora, para criar um lugar onde a caixa pode ser pendurada em um porta-rolo de papel higiênico comum. A outra abre, para permitir que o papel seja puxado por cima.

Crédito: Bambox

Já existem alternativas mais eficientes para o produto convencional, incluindo rolos sem cilindro vazio no meio ou aquelas folhas dobradas em Z. A desvantagem é que elas normalmente exigem a instalação de um novo tipo de suporte. O design da caixa do Bambox se adapta no suporte ^que já existe na maioria dos banheiros (públicos ou particulares).

Atualmente, o Bambox está disponível apenas em Israel, em algumas lojas onde Shihor diz que o conceito está em uma espécie de estágio piloto. Segundo ele, se a produção alcançasse uma escala maior, poderia proporcionar vários benefícios ambientais – desde remessas mais eficientes e menos desperdício de combustível até materiais de base agrícolas mais sustentáveis.

Foi assim que o conceito surgiu, com a ideia de encontrar uma maneira de usar menos árvores para produzir um produto de uso único, que vai literalmente esgoto abaixo. “Se conseguirmos produzir e vender em grande escala, podemos salvar milhões de árvores por ano”, diz ele.


SOBRE O AUTOR

Nate Berg é jornalista e cobre cidades, planejamento urbano e arquitetura. saiba mais