Sem plano climático, não há plano de negócio

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No mês passado, o presidente Joe Biden anunciou uma ousada aceleração dos objetivos climáticos norte-americanos: o compromisso de cortar pela metade a emissão de gases de efeito estufa até 2030. Centenas de corporações encorajaram esse movimento por meio de uma carta que clamava o estabelecimento de um novo tom em relação ao clima pelo governo do país.

“Se você elevar a barra de nossa ambição nacional, elevaremos nossa própria ambição de levar os EUA adiante nesta jornada”, escreveu um grupo de mais de 400 negócios e investidores, entre os quais Apple, Verizon e Unilever.

“Chamamos isso de crise climática, mas também é uma crise para os negócios. (…) Me surpreende que tantas companhias ainda não tenham se planejado para um futuro que já está aqui”

Biden disse que fará a parte dele. Agora é hora de as corporações fazerem o mesmo.

Muitas empresas continuam em silêncio em face da crise climática. Na verdade, 70% das 500 companhias da Fortune Global ainda não têm um plano climático significativo para atingir (ou ao menos chegar perto) a meta de zero emissões em 2030, quando a mudança climática será irreversível, segundo cientistas.

Chamamos isso de crise climática, mas também é uma crise para os negócios. Como um CEO operando em um mundo que já enfrenta impactos climáticos desestabilizadores, me surpreende que tantas companhias ainda não tenham se planejado para um futuro que já está aqui. A inércia representa uma ameaça direta às empresas mais valiosas do mundo e seus acionistas – para não mencionar o resto de nós.
Afinal, se em 2021 você não tem um plano climático, você não tem um plano de negócios.

“Investir em ações climáticas agressivas no longo prazo é um dos melhores caminhos para empresas grandes criarem valor no longo prazo”

E isso não é um ponto com viés político. Embora muitas das maiores empresas do mundo ainda não tenham planos climáticos, 30% adotaram ações climáticas em seus negócios (um terço a mais do que no ano passado). As lideranças estão otimistas e atentas sobre as oportunidades de crescimento para aqueles que, de maneira sábia, escolherem participar da nova economia da energia limpa – impulsionada por produtos inovadores e mercados emergentes.

Investidores conhecem investimentos inteligentes quando os veem. Investir em ações climáticas agressivas no longo prazo é um dos melhores caminhos para empresas grandes criarem valor no longo prazo, recuperar poderio econômico ante rivais como a China e construir reputação pelo apoio a comunidades prósperas, saudáveis, baseadas em milhões de novos empregos no setor da energia limpa.

Mas a porta de entrada para o planejamento climático – e os ganhos econômicos que essa ação poderá gerar – está se fechando rapidamente. Como dizemos na indústria de cerveja, este é o “last call”. Então como os negócios podem pegar o bonde?

Primeiramente, investidores – assim como consumidores – precisam fazer da ação climática um critério crucial, com ênfase em reserva de capital para empresas que traçaram um plano forte para 2030. E começar a perguntar aos que não têm: “por que não?”. Vale pressionar.

“É o momento de os líderes de 70% das 500 empresas da Fortune Global abraçarem a incrível oportunidade trazida por esta nova economia”

Segundo: assim como planos são necessários, precisamos de apoio das empresas para que o trabalho seja feito para toda a nação. É animador ver o governo Biden desenhando metas ambiciosas. Mas isso não significa muita coisa a menos que o Congresso possa passar verbas para investir em infraestrutura e tecnologia limpa para transformar a economia e fomentar oportunidades de negócio.

Lideranças de negócios são influentes no Congresso. As grandes corporações podem encorajar membros dos dois partidos a fazer um pacote com soluções climáticas, empregos bem remunerados e medidas de equidade para os impactos climáticos negativos nas comunidades marginalizadas.

Terceiro: precisamos que as empresas acelerem o trajeto rumo à emissão zero com ação federal – e não esperar por isso. É o momento de os líderes de 70% das 500 empresas da Fortune Global abraçarem a incrível oportunidade trazida por esta nova economia. Os riscos de se mexer lentamente são potencialmente fatais. A hora é agora. Rápido. Antes que fiquem de fora.


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