Esta edtech quer formar o mercado de finanças e direito do futuro

Crédito: Fast Company Brasil

Isabella Lessa 3 minutos de leitura

Já ouviu falar em visual law? E em legal design? Como é feito o valuation de uma startup de tecnologia?

Assim como muitas outras indústrias, áreas de finanças e direito mais mergulham cada vez mais no uso da tecnologia e, como consequência, precisam de equipes multidisciplinares para lidar com questões que não existiam há cinco anos.

Atentos às transformações – e também às intersecções – nestas duas áreas nos últimos anos, sob a ótica ferramental e principalmente como impacto nos negócios, três professores decidiram criar uma edtech que propõe a aproximação entre os três universos.

Batizada de Finted (finanças, tecnologia e direito), a startup fundada em julho de 2020 oferece cursos cujas premissas são captar temas em plena ebulição no mercado, como venture finance, criptomoeda e gestão jurídica de dados. O dinamismo da grade está não somente na curta duração das aulas de livestreaming e nos assuntos tratados, mas também na participação de dois a três professores por aula, além da troca constante com os alunos, que são profissionais de grandes empresas e de escritórios de advocacia.

CURSOS COMO LIVROS-VIVOS

Durante os últimos cinco anos, o professor de MBA de Finanças do Insper, Flávio Málaga, começou a acompanhar processos de compra de empresas de tecnologia por fundos ou grandes empresas. Conhecedor das dinâmicas de fusões e aquisições, ele começou a perceber e se interessar, cada vez mais, pelas mudanças nos componentes de valor dessas startups.

Dessa experiência na prática, veio a vontade de criar uma startup voltada para esse ecossistema. Juntaram-se a ele Ricardo Humberto Rocha, que também é professor de Finanças no Insper, e Alexandre Zavaglia, presidente da Comissão de Direito e Tecnologia do Instituto dos Advogados de São Paulo (IASP), e um dos coordenadores do Grupo de Pesquisa de Governança de Dados e Regulação de IA da FGV.

Flávio Málaga, Ricardo Humberto Rocha e Alexandre Zavaglia, fundadores da Finted (Crédito: Divulgação) 

Do lado do Direito, questões como o Marco Civil da Internet e a Inteligência Artificial como ferramenta que ajuda a ler documentos, colocam o aspecto tecnológico como peça cada vez mais central para o ofício, explica Zavaglia. “A IA organiza a informação, faz uma espécie de tomografia computadorizada. Quando se automatiza um contrato, é preciso estudar quais cláusulas são ideais para cada tipo de situação. Existem outras camadas também, como a influência do design no direito e o visual law”, exemplifica Zavaglia.

Inicialmente, a Finted foi pensada para ser uma escola com cursos presenciais. Mas a experiência prévia com metodologias e ferramentas fez com que os fundadores pudessem adaptar rapidamente os cursos para o online. Eles também trabalham com uma consultoria online que os ajuda a pensar em possíveis formatos para que as aulas pelas telas não sejam cansativas. Cada curso tem duração de dez a 16 horas, divididas em duas a três horas por sessão. “Em breve, o cardápio vai aumentar e a ideia é que seja híbrido, misturando ao vivo e conteúdo gravado. Queremos conquistar novos públicos”, afirma Málaga.

Segundo eles, os trunfos da Finted estão justamente no fato de que, antes de serem empreendedores, todos eles são professores e, portanto, possuem vasto conhecimento sobre a academia. Numa edtech, conseguem ganham a agilidade necessária para trazer conceitos, pesquisas e tendências, criando uma sinergia cada vez maior entre profissionais de tecnologia, finanças e direito.

Para isso, eles trazem para a sala de aula gente que adquiriu o conhecimento na prática, como fundadores de empresas de blockchain e bitcoin. “Não existe uma análise de empresas como Facebook, Google, Nubank, Creditas, estamos construindo isso junto com as empresas e os alunos”, comenta Málaga. “O bacana é que não há livro escrito sobre isso, por isso a gente brinca que nossos cursos são livros vivos”, comenta Zavaglia.

Em quase um ano de operação, a Finted formou mais de mil alunos, elaborou nove cursos e construiu uma rede de 45 professores.


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