Alugar espaço no metaverso: um negócio que pode render mais de US$ 60 mil por mês

Crédito: Mo/ Unsplash/ kmg design

Nate Berg 4 minutos de leitura

Na corrida pela construção do metaverso, Sam Huber levou vantagem.

“Venho adquirindo terrenos virtuais desde 2017”, diz Huber. Sua empresa com sede em Londres, a Admix, descobriu que transformar imóveis virtuais em dinheiro real poderia ser um negócio surpreendentemente lucrativo. Trabalhando com marcas que vão do McDonald’s à Pepsi e às corridas de Fórmula 1, a Admix vem comprando espaços em várias plataformas do metaverso, como a Decentraland e a Sandbox, e alugando-as para empresas interessadas em entrar nesses novos espaços virtuais.

Huber afirma que, dependendo do tamanho do espaço e da plataforma onde está localizado, sua empresa comprou imóveis virtuais pelo equivalente a algo entre US$ 20 mil e US$ 1 milhão, na forma de criptomoeda. Construir uma experiência de metaverso em um desses terrenos e alugá-lo para uma empresa pode gerar aluguéis mensais de mais de US$ 60 mil. Huber conta que, em alguns projetos, a Admix obteve lucros acima de 70%. “É altamente lucrativo”, confirma.

Huber é, provavelmente, um dos proprietários mais antigos do metaverso. Sua empresa é como um conglomerado imobiliário, que desenvolve prédios e os aluga para clientes – um modelo de negócios que existe há milhares de anos no mundo real.

E, assim como no mundo real, um negócio imobiliário no metaverso é mais bem-sucedido quando se pode comprar na baixa e vender (ou alugar) na alta dos preços. Huber diz que o custo de um terreno virtual cresceu cinco vezes a cada ano desde que ele começou a investir. “À medida que isso continuar, a maioria das marcas não conseguirá adquirir terrenos. Se você possui terras hoje, terá muita flexibilidade e opções.”

DE CERVEJA A MODA E FUTEBOL

Como experiente proprietário de terras virtuais, Huber nota que as empresas ainda estão cautelosas sobre a compra de propriedades no metaverso. Segundo ele, a maioria das marcas ainda não quer apostar nesse espaço pois é muito cedo, elas não sabem em qual plataforma é melhor estar e não querem fazer uma compra cara. Por isso, pagar aluguel seria uma maneira de se iniciarem nesse universo por um custo menor.

Assim como no mundo real, um negócio imobiliário no metaverso é mais bem-sucedido quando se pode comprar na baixa e vender (ou alugar) na alta.

A Admix construiu uma ampla variedade de espaços virtuais para empresas, incluindo uma exibição de frascos de perfume de grandes dimensões em Decentraland, para a L’Oreal, uma área para uma das maiores empresas de cerveja do mundo e várias instalações temporárias, focadas em eventos como o Festival de Cinema de Cannes, a Semana de Moda de Nova York e a Copa do Mundo da FIFA.

Os espaços no metaverso variam de videogames em blocos de poucos bits a modelos arquitetônicos altamente estilizados. O escritório global de arquitetura Zaha Hadid Architects também se interessou por esse espaço, tendo desenvolvido todo um projeto urbano para a Liberland, micronação autodeclarada perto da Sérvia e da Croácia.

Apesar de envolverem tecnologia de ponta e de serem feitas em criptomoedas, as negociações nesses espaços funcionam de modo muito parecido com as transações no mundo real. A velha máxima do setor imobiliário de que “o mais importante é a localização” continua valendo no metaverso.

“As empresas estão dispostas a pagar mais para estar no espaço certo”, diz Huber, seja ao lado de uma marca importante ou perto da casa de uma celebridade. “Como é a vizinhança? Como o valor é aferido? Por que devo comprar em vez de alugar? São as mesmas perguntas que você faria para imóveis físicos.”

METAVERSO COMO INVETIMENTO IMOBILIÁRIO

Huber começou a comprar espaços virtuais muito antes de o metaverso ser uma palavra da moda. No início, se concentrava em outro tipo de propriedade lucrativa, bastante conhecida do mundo real: a publicidade em outdoors. Sua empresa foi criada para tentar integrar a publicidade no mundo real e dentro de videogames online, como outdoors ao longo da pista de um jogo de corrida de carros ou logotipos nas camisas dos jogadores em um jogo de futebol.

A velha máxima do setor imobiliário de que “o mais importante é a localização” continua valendo no metaverso.

Em contraste com outros esforços de monetização nesse espaço, que tendiam a ser vídeos disruptivos (que interrompem um jogo e esperam que o jogador prestasse atenção neles), o esforço publicitário de Huber já era muito mais parecido com o da publicidade física, que as pessoas estão acostumadas a ver no mundo real.

Quando o conceito de metaverso como um espaço virtual 3D ganhou força, o empresário viu uma oportunidade de criar mais do que apenas outdoors virtuais. Com US$ 37 milhões em financiamento de capital de risco e cerca de 100 funcionários, a Admix criou um nicho, fornecendo uma variedade de serviços imobiliários virtuais para os interessados ​​em testar a temperatura dessas águas.

“Estamos construindo produtos financeiros em cima de terrenos que se pode alugar, comprar antecipadamente ou comprar para alugar”, diz Huber. Apesar de ainda estarmos assistindo aos primeiros passos do  metaverso para atrair usuários, as empresas estão recorrendo à Admix para ajudar a plantar sua própria bandeira virtual.

Mesmo com tantos investimentos em terras no ambiente virtual, Huber não tem a pretensão ou a ilusão de dominar o mundo. “Vemos isso como um novo canal de mídia social, nada mais”, resume. “Para algumas marcas, faz sentido estar no Instagram; para outras, faz sentido estar no TikTok. O metaverso é uma alternativa para as marcas contarem sua história de uma maneira diferente.”

“São apenas novas maneiras de alcançar clientes”, acrescenta Huber. Enquanto as marcas estiverem interessadas, sua empresa vai alugar espaços virtuais para elas experimentarem.


SOBRE O AUTOR

Nate Berg é jornalista e cobre cidades, planejamento urbano e arquitetura. saiba mais