Simplicidade e objetividade: fundador da Axios ensina a ir direto ao ponto

Jim VandeHei partilha suas dicas de produtividade, incluindo fazer um inventário frequente da sua empresa e do seu próprio trabalho

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Joe Berkowitz 4 minutos de leitura

Quando uma pessoa consegue completar as frases da outra, é sinal de que elas têm intimidade. É isso que amigos, parceiros ou colegas costumam fazer quando já passaram muito tempo juntos: eles conseguem prever os discursos uns dos outros.

Na verdade, contudo, esse comportamento pode não ser um sinal de intimidade, mas sim de impaciência. As pessoas geralmente terminam as frases umas das outras porque já entenderam qual é o argumento e não aguentam esperar nem mais um segundo para o interlocutor concluir.

Jim VandeHei, cofundador e CEO da Axios, é um grande defensor de irmos direto ao ponto. Mais do que isso: a popularidade e a rara lucratividade da Axios – o império de notícias com fonte em negrito e marcações que ele lançou em 2017 – provaram que tem muita gente que pensa da mesma forma.

Antes, VandeHei havia inaugurado o estilo ágil da Axios com o livro de 2022, "Smart Brevity" (Brevidade Inteligente, em tradução livre), escrito com os cofundadores Mike Allen e Roy Schwartz. Agora, em seu novo livro, "Just the Good Stuff" (Só Coisas Boas), VandeHei explica como aplicar a brevidade inteligente a todos os aspectos do trabalho – e também em qualquer outro contexto.

"Fiquei obcecado com o conceito de simplicidade", diz VandeHei, "principalmente no ambiente de trabalho, mas em todos os âmbitos da minha vida".  

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Embora algumas partes do livro funcionem como memórias de uma vida passada em círculos poderosos da capital norte-americana, a maior parte consiste em conselhos curtos sobre como trabalhar de forma inteligente.

Trata-se de eliminar o que é ruim e desnecessário e enfatizar o que é bom e indispensável. Se isso parece um conselho de dieta, não é por acaso que um capítulo final sobre condicionamento físico pareça uma nova aplicação de princípios conhecidos.

"É mais difícil ser simples e inteligente do que ser complexo e confuso", diz o autor. "As pessoas são, por natureza, prolixas e processuais. A única maneira de realmente obter simplicidade na escrita, na cultura de trabalho ou nas atividades é tendo uma ideia clara do que estamos fazendo, do porquê de estarmos fazendo e de quando estamos fazendo."

VandeHei incentiva os leitores a sair do piloto automático, examinar cada rotina e procurar soluções de otimização que estejam escondidas bem na cara de todo mundo.  

FAÇA INVENTÁRIOS DE TRABALHO

Como muitas startups, a Axios cresceu rápido depois do seu lançamento. Em algum momento da passagem de uma equipe de 30 para uma equipe de 300 pessoas, a empresa adquiriu muitos hábitos institucionais e se tornou menos ágil e eficiente.

VandeHei e seus cofundadores começaram a realizar inventários regulares de trabalho. Eles procuraram reuniões, produtos e processos que pudessem ser reduzidos ou totalmente descartados.

"Estou sempre tentando descobrir como fazer com que as pessoas pensem mais rápido, façam mais e, por fim, façam mais em menos tempo", diz VandeHei. "Acredito que todos podemos fazer 50% mais com 50% menos, se fizermos constantemente esse inventário do nosso trabalho e da nossa agenda."

FAÇA INVENTÁRIOS DE SI MESMO

É claro que a autoavaliação não é apenas algo que o CEO recomenda no nível coorporativo. Ele também é um grande defensor de olhares frios e severos diante do espelho. Prestar muita atenção à sua própria abordagem ao trabalho e como ela se comporta ao longo do tempo é uma boa forma de identificar os principais pontos fortes e fracos e determinar onde você pode agregar mais valor.   

"Não tem problema não ser bom em alguma coisa", diz VandeHei. "Algumas pessoas não são muito criativas. E você não precisa ser criativo, desde que seja um excelente executor."

Em sua própria autoavaliação, por exemplo, o repórter de longa data percebeu, gradualmente, que é melhor em redação, estratégia e comunicação, e que não é tão bom assim em dominar a cadeia tecnológica da empresa. Adivinhe qual dessas tarefas ele delegou desde então.

LIDERAR DE BAIXO PARA CIMA

Depois de um período de análise cuidadosa, pode ser que certas reuniões de rotina, parâmetros ou tarefas que causam cansaço não acrescentem nada que valha a pena manter no fluxo de trabalho. É provável que algumas pessoas saibam disso intuitivamente, antes de ter feito qualquer tipo de reflexão.

As pessoas são, por natureza, prolixas e processuais. É mais difícil ser simples e inteligente do que ser complexo e confuso.

O problema, porém, na visão de VandeHei, é que muita gente nunca faz nada com essas informações. Elas têm tanto medo de que o pedido para deixar de fazer uma tarefa seja visto como preguiça, e não como uma aversão à ineficiência tediosa, que simplesmente continuam com processos desnecessários indefinidamente.

De acordo com VandeHei, ao sugerir a retirada de obrigações da sua mesa, a aceitação da solicitação pode variar de acordo com a forma como você defende seu ponto de vista.

"Todo mundo tem seus interesses próprios", diz ele. "O líder almeja um produto melhor e quer obter melhores resultados. Portanto, é assim que você pode apresentar a questão: 'se eu tivesse 20% a mais de tempo para fazer as coisas que realmente fazem a maior diferença para a minha equipe e para a empresa, imagina só os resultados que isso vai ter para você'."


SOBRE O AUTOR

Joe Berkowitz é colunista de opinião da Fast Company. saiba mais