Metaversos e marcas: oportunidade ou necessidade?


Adriana Knackfuss 4 minutos de leitura

O metaverso é comumente descrito como a convergência das nossas vidas física e digital. Os avanços tecnológicos especialmente aplicados a AR / VR e blockchain estão fazendo esse conceito invadir o mainstream e pautar 9 entre 10 conversas sobre o futuro do entretenimento e dos negócios. Recentemente escutamos o CEO de Microsoft, Satya Nadella, dizer que quer construir um “metaverso corporativo”, e Mark Zuckerberg que o Facebook se tornará uma empresa metaversa. 

Mas qual é a implicação desse fenômeno para as marcas?

A ORIGEM DO TERMO 

O termo surgiu no romance de ficção científica de Neal Stephenson, Snow Crash, de 1992, onde humanos (como avatares), interagem uns com os outros em um espaço virtual simulando o mundo real. Stephenson usou o termo para descrever um sucessor da Internet baseado em realidade virtual.

O conceito e a aplicação prática do metaverso também não são novos: quem já está há mais tempo por aqui se lembra do Second Life, que criou um mundo virtual onde você podia, entre outras coisas, criar espaços para morar e criar uma vida virtual paralela. A versão atual, porém, traz evoluções significativas em relação ao Second Life. Nela pessoas podem se encontrar como seus avatares online para assistir simultaneamente a um filme, jogarem juntas, trabalharem em um mesmo ambiente virtual ou mesmo assistirem a shows e eventos no meta verso.

Não há como falar de metaverso sem citar o impacto que a pandemia teve na sua aceleração. Um bom exemplo desse fenômeno é o que aconteceu com a Epic Games. A empresa dona de jogos como Fortnite, demonstrou que eventos como shows virtuais no game podem atrair grandes públicos em busca de entretenimento em novos formatos e também servir como um canal para marcas, anunciantes e celebridades se engajarem com seus clientes e fãs em tempo real. 

A Epic levantou US $ 1 bilhão em abril de 2021, e não está sozinha nesta jornada. Outras plataformas de jogos como Roblox vem crescendo de forma acelerada para recrutar cada vez mais usuários.

O metaverso tem tudo a ver com comunidades e os jogos são um ponto de partida ideal para esse conceito. Mas, além dos jogos, muitas marcas começam literalmente a entrar neste mundo e experimentar dentro de seus ambientes.

MAIS DO QUE UMA TENDÊNCIA: ENTRAR NO METAVERSO SE TORNARÁ UMA NECESSIDADE PARA AS MARCAS 

Para as marcas, o metaverso oferece uma excelente oportunidade para se conectar com fãs, testar produtos, lançar campanhas ao mesmo tempo em que expande os limites da criatividade com ideias que muitas vezes não podem ser possíveis no mundo real. 

Um bom exemplo recente é a colaboração  entre Gucci e Roblox. A empresa de moda está expandindo sua presença no Roblox através de uma instalação artística virtual e com isso construindo brand engagement e brand awareness entre clientes mais jovens.

A Louis Vuitton lançou uma coleção cápsula exclusiva que apresentava o universo de League of Legends, incluindo skins especiais para a plataforma.

Já a Vans lançou o Vans World, um universo de skate dentro do Roblox que vai ajudar os visitantes a aperfeiçoar suas manobras e criar seus próprios tênis.

Esses são exemplos de marcas que já entenderam a necessidade de fazer parte destes universos por identificar que:

  1. Seu alcance já é expressivo, e tende a crescer cada vez mais (especialistas em realidade virtual prevêem que 58,9 milhões e 93,3 milhões de pessoas nos Estados Unidos usarão VR e AR, respectivamente, pelo menos uma vez por mês este ano)
  2. Metaversos oferecem uma possibilidade cada vez mais rara de conexão profunda com audiências mais jovens (o Roblox sozinho é acessado por 46 milhões de crianças por dia) 
  3. Esses são ambientes que vão além da experiência de marca, e podem sim ser ambientes extremamente férteis para geração de novos negócios (mais de 400 milhões de dólares já foram utilizados através da moeda escolhida pelo metaverso, o NFT. Quarenta milhões de dólares estão sendo movimentados todos os meses, e as transações NFT mais caras da história ocorreram apenas nos últimos dois meses)

ESTAMOS APENAS COMEÇANDO ESSA JORNADA DE DESCOBERTA, E O FUTURO É EXTREMAMENTE PROMISSOR 

Estamos em uma nova era, onde marcas precisarão investir em estratégias que as ajudem a pertencer de forma relevante nos metaversos. Há que se pensar nas novas lógicas de geração de valor para os consumidores considerando as características específicas destas plataformas e de suas comunidades. Não é sobre pensar em metaversos apenas como mais um ponto de contato com seus consumidores, mas sim em como fazer parte dele de forma genuína, e isso requer um novo olhar para parcerias, para relacionamento com creators e para engajamento com consumidores, por exemplo. Não basta “estar” lá, é preciso “ser” uma marca do metaverso.

A convergência de 5G, inteligência artificial e processamento em nuvem possibilitarão experiências de AR e VR cada vez mais  interessantes, ampliando significativamente as caminhos de entrada das marcas nestes universos. 

A economia virtual se tornará tão importante quanto a economia física, fazendo com que  metaverso se tornem uma necessidade para todas as marcas. Agora é se preparar mas principalmente experimentar. Estamos diante não só do nascimento de um “universo paralelo”, mas principalmente de um universo que vai expandir, e muito, os limites da criatividade e possibilidades para as marcas.


SOBRE A AUTORA

Head de integrated marketing experiences (IMX) da Coca-Cola para a América Latina e eleita Women to Watch. Designer de formação, ingre... saiba mais