Quatro tendências que estão redefinindo a longevidade
Da intergeracionalidade ao impacto das mudanças climáticas, o que empresas e marcas podem fazer para se conectar a consumidores que viverão mais e melhor

Vivemos mais do que nunca – e isso transforma radicalmente a forma como consumimos, trabalhamos e nos relacionamos. Durante o festival South by Southwest em Austin, a CMO do Grupo Boticário, Renata Gomide, e a CEO da WGSN, Carla Buzasi, conversaram sobre 4 tendências que vão moldar o futuro da longevidade.
O espectro etário e a intergeracionalidade
O conceito tradicional de idade está se dissolvendo. Hoje, uma mesma geração pode ter comportamentos completamente diferentes Além disso, como estamos vivendo mais, diversas gerações estão convivendo. Como nossas perspectivas mudam a partir disso?
“Os estereótipos sobre envelhecimento estão sendo quebrados. Não estamos envelhecendo da mesma forma que as gerações anteriores, e isso muda a maneira como vivemos e consumimos", afirmou Carla Buzasi.
Diante desse cenário, marcas precisam focar em necessidades e estilos de vida em vez de focar apenas em números. “O importante será criar para atender às necessidades, e não criar para a idade”, reforçou.
Segundo Renata Gomide, a empresa já opera a partir dessa lógica: “Criamos um banco de imagens aberto e diversificado, disponível gratuitamente para qualquer marca ou empresa, justamente para incentivar uma representação real de mulheres, independentemente da idade”.

Sobreviver e prosperar em um mundo mais quente
As mudanças climáticas também impactam a longevidade. “Estamos vendo novas funções surgirem, como a de ‘diretor de aquecimento’ em cidades que já enfrentam temperaturas extremas”, explicou Carla. “Isso significa que precisamos adaptar produtos e serviços para essa nova realidade.”
No setor de beleza, uma das tendências é o desenvolvimento de fórmulas que protejam e refresquem a pele ao mesmo tempo. “Na China, cientistas criaram um protetor solar que resfria a pele. O consumidor quer soluções multifuncionais que respondam às novas condições climáticas”, disse Carla.
Atendendo às demandas de sustentabilidade, entre as iniciativas apontadas por Renata, está a parceria da empresa com o Google para mapear 10 mil pontos de reciclagem, por meio do Google Maps. “Queremos incentivar uma verdadeira mudança de hábitos.”
Design inclusivo e acessível
Com o aumento da expectativa de vida, também cresce a demanda por produtos acessíveis para diferentes perfis de consumidores. O design de produtos deve considerar a longevidade e a diversidade. Carla citou o exemplo de um grande fabricante de tênis que criou um modelo sem cadarço para idosos, mas a demanda veio também de crianças e pessoas com deficiência.
Renata destacou o desenvolvimento de um pincel de maquiagem ergonômico, pensado para consumidores com diferentes níveis de problemas relacionados à mobilidade. “O objetivo era criar um produto que atendesse às necessidades de 13 milhões de brasileiros que vivem com alguma deficiência”, disse. “Essa agenda não é individual, é colaborativa.”
“Lifestage beauty”
O bem-estar está cada vez mais conectado à ciência e à personalização. No entanto, apesar de haver mais consciência sobre saúde e bem-estar em toda sua diversidade, há um longo caminho a ser percorrido no que diz respeito à inclusão e à saúde da mulher. Um dos avanços tecnológicos promissores é o monitoramento hormonal, que pode se tornar tão comum quanto contar passos ou monitorar o sono.
No setor de beleza, a menopausa deixou de ser tabu e virou assunto do momento Além disso, passou a ser uma grande oportunidade de inovação. “Literalmente bilhões de mulheres passam por essa fase, mas muitas marcas ainda ignoram suas necessidades”, disse Carla.
Ela citou exemplos como o Eli Heath, um medidor de hormônio em tempo real, e a economia do pós-parto, em que empresas como a Sabi oferecem diversos produtos, de cremes a chás, para mulheres que estão nessa fase da vida.

Novas narrativas para longevidade
A longevidade não significa apenas viver mais, mas viver melhor. Não se trata apenas de aparência, mas de saúde, disposição e qualidade de vida. E respeitar que envelhecer é um processo diferente e particular de cada indivíduo
Além dos avanços científicos, há uma mudança cultural acontecendo. “As mulheres querem se ver representadas em todas as idades. No Reino Unido, apenas 1% das mulheres em anúncios publicitários têm mais de 51 anos, mas 74% do público gostaria de ver mais mulheres maduras na publicidade. Há uma desconexão clara entre a realidade e a forma como o mercado se comunica”, disse Carla.
No Grupo Boticário, essa representatividade faz parte da estratégia. “Nosso compromisso com diversidade e inclusão nos levou a criar campanhas e produtos que atendam a todas as fases da vida, do período fértil à menopausa”, ressaltou Renata.
E essa jornada agora ganha um novo capítulo: o lançamento do Centro de Pesquisa da Mulher, em parceria com o Hospital Albert Einstein. “Queremos aprofundar nosso conhecimento sobre as necessidades femininas em todas as fases da vida e usar a ciência para desenvolver soluções inovadoras”, anunciou Renata.
O centro de pesquisa nasce como um pilar estratégico da marca, reforçando o compromisso do Grupo Boticário com a longevidade e o bem-estar das mulheres em todas as idades.
“Estamos muito orgulhosos deste projeto. Ele reflete nosso propósito de entender profundamente o que as mulheres precisam”, concluiu Renata.