Scott Galloway: CEOs das empresas de tecnologia estão jogando um “dominó de covardia”

Em sua apresentação no SXSW 2025, Prof G falou sobre as próximas tendências e criticou a concentração do poder das big techs

Scott Galloway na SXSP 2025
Créditos: Vladimir Kazakov via Getty images

Rafael Farias Teixeira 4 minutos de leitura

“Fazer previsões é um negócio terrível. Se você as acerta, parecem menos provocantes e mais óbvias. Se você erra, você escutará isso milhares de vezes nas redes sociais", disse o professor de Marketing da NYU’s Stern School of Business, Scott Galloway, no começo da sua palestra durante o festival South by Southwest 2025.

Em Austin, ele destacou o que acredita serem as verdadeiras consequências da IA e o acúmulo de poder pelas empresas de tecnologia.

IA e solidão

Para Galloway, o maior impacto da IA é a solidão, muito além das previsões catastróficas de uma rebelião das máquinas ou mesmo do extermínio de trabalhos humanos. Essa área é a que receberá mais investimentos, de acordo com ele.

“Empresas estão tentando convencer os jovens, principalmente os homens, de que eles podem ter um fac-símile razoável de uma pessoa em uma tela com um algoritmo", diz. “As buscas por uma namorada IA ​​explodiram completamente.”

Para eles, os homens jovens estão se isolando da sociedade, não estão se apegando ao trabalho, à escola ou aos relacionamentos. “Eles se tornam excepcionalmente propensos à teoria da conspiração, a conteúdo misógino.”

Concentração de poder nas empresas

Galloway percebe um perigo na economia global com a concentração de poder nas sbig techs, Apple, Microsoft, Amazon, Alphabet, Meta, Nvidia e Tesla. “Essas empresas agora têm orçamentos maiores do que as nações", afirmou.

Segundo ele, essas companhias estão confiantes no retorno sobre esse investimento. Com isso, muitas delas têm uma grande influência sobre a sociedade, o que significa que a ética com a qual conduzem os negócios importa. 

Galloway acredita que os líderes das big tech estão jogando um dominó de covardia, no qual elas influenciam outras empresas a tomarem decisões conservadoras, extremistas - ou mesmo que se abstenham por medo de retaliação ou para atender a interesses de seus acionistas. 

“É realmente um dominó de covardia o que está ocorrendo no setor privado, especialmente em tecnologia. Agora, para ser justo, há algumas pessoas extraordinárias nos negócios americanos, então eu quero dar um alô para todos os CEOs que dizem que não vão participar da estrada lenta para o fascismo", disse. 

Quem vence no mundo da AI

Para Prof G, a nova realidade de AI terá apenas poucas empresas no controle, em uma era de ouro para stakeholders - não necessariamente para os acionistas. 

Ele acredita que provavelmente a empresa de IA que fará mais progresso nos próximos 12 meses é a Meta. “Eles têm uma quantidade incomparável de carvão para enfiar na fornalha de um LLM na forma de dados gerados pelo usuário. Nove em cada dez pessoas fora da China estão em uma plataforma Meta", explica. 

E isso não é um cenário positivo. “Poucas pessoas causaram mais danos à América enquanto ganhavam dinheiro do que Mark Zuckerberg e Shell Sandberg. Mas acho que Mark Zuckerberg é brilhante e que ele está fazendo uma grande aposta na IA.”

AI e escolha

Galloway gosta de explicar IA como uma salvadora para um grande problema do ser humano: a escolha. “Os consumidores não querem mais escolhas. Eles querem ter mais confiança nas escolhas apresentadas", ele diz. 

Ele usa como exemplo o TikTok, que ele considera uma Netflix com uma camada de IA que elimina a escolha. “Vamos dar a você um canal. E com liquidez de sinal, porque você pode obter 180 peças de conteúdo e dar a ele uma tonelada de sinais incríveis, que eles então usam seu algoritmo inacreditável para então calibrar em apenas um canal que sabemos que você vai amar tanto”, explica. 

Plataforma de 2025

Galloway elegeu o YouTube como a plataforma do ano, lembrando que ele continua sendo o streaming mais visto – e escutado, graças aos podcasts. “Além disso, acho que tem muito espaço para crescer. Ainda não está monetizando na mesma taxa que algumas das outras grandes plataformas suportadas por anúncios", diz.

“O trabalho mais ambicioso para os nossos jovens agora é ser um blogueiro, um influenciador ou um YouTuber, tanto no Reino Unido quanto nos EUA.”

A mídia de 2025

Galloway mostra que essencialmente os podcasts estão crescendo mais rápido do que a Meta ou o Google em receitas de anúncios. Mas esse ambiente também está crescendo em concentração. De acordo com ele, há cerca de 3,2 milhões de podcasts, 600.000 publicando conteúdo toda semana e 10 deles respondem por mais de um terço de toda a audiência. “Mas dos 600 mil talvez 600 sejam autossustentáveis.”

Ele ressalta também como é mais fácil ser produtivo nessa mídia, mais eficiente na hora de atingir um público específico e que haverá uma migração das marcas de noticiários e canais de massa para os podcasts. 

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SOBRE O AUTOR

Rafael Teixeira Farias tem mais de 14 anos de carreira em jornalismo e marketing digital, além de sete livros de ficção já publicados. saiba mais