Novos recursos de IA podem deixar os personagens “fixos” mais interessantes

Diga adeus aos diálogos limitados nos games. Empresa utiliza IA generativa para criar interações dinâmicas com NPCs

Crédito: Convai

Chris Morris 2 minutos de leitura

Personagens não-jogáveis (NPCs, na sigla em inglês) possuem um repertório e função bastante limitados. Eles têm algumas respostas pré-programadas para perguntas e, geralmente, estão lá para servir de alvos fáceis ou para avançar a história.

Mas a Convai acredita que eles têm muito mais potencial.

A empresa chamou a atenção na CES, a maior feira de tecnologia do mundo, no início de janeiro, durante a conferência da Nvidia, apresentando uma tecnologia que combina IA generativa e NPCs, permitindo aos jogadores conversar com personagens de forma não roteirizada e com possibilidades ilimitadas.

“Estamos dando aos NPCs uma mente própria”, disse Purnendu Mukherjee, fundador e CEO da Convai. “Tanto que eles podem ter uma conversa natural com o jogador. Você pode falar com eles sobre qualquer coisa. Não apenas por voz, eles também expressam emoções. E, em um ambiente 3D, o próximo nível de cognição é poder perceber o ambiente e interagir com ele.”

As conversas não são exatamente idênticas às humanas. Há um pequeno delay nas respostas e as animações faciais têm um longo caminho a percorrer, mas é um grande avanço em relação ao olhar vazio e interações limitadas em títulos como Skyrim.

A IA roda na nuvem e os NPCs “veem” e “ouvem” o personagem do jogador – assim como sua voz (você realmente fala com eles, em vez de escolher entre um conjunto limitado de perguntas na tela). As respostas são enviadas de volta ao dispositivo e renderizadas no próprio jogo.

Os NPCs podem variar de moradores genéricos de uma vila até companheiros de missões. É bem provável que alguns jogadores tentem fazer com que habitantes de uma cidade em um game de época (como Assassin’s Creed) discutam eventos dos dias de hoje. Mas Mukherjee assegura que existem medidas para evitar interações fora do contexto do jogo.

“Eles permanecerão no personagem. Se o jogador estiver interagindo com um professor ou comerciante medieval e começar a falar sobre algo fora deste mundo, eles dirão: ‘do que você está falando? Eu não faço ideia do que é isso'. Os desenvolvedores têm total liberdade para determinar até onde [os NPCs] podem desviar de sua história e o quão restritos desejam mantê-los.”

Estes NPCs prometem uma liberdade muito maior nos jogos do que os atuais. Um exemplo dado por Mukherjee é pedir a um deles para se sacrificar para que o jogador possa avançar no game, o que poderia gerar questões de ordem moral muito interessantes.

E, obviamente, existem muitos casos de uso para a tecnologia da Convai além do mundo dos jogos. Mukherjee destaca que personagens gerados por IA podem atuar como concierges virtuais em hotéis ou aeroportos, fornecendo informações com base na localização, ou atuar como agentes para marcas.

Embora os detalhes sobre as parcerias não possam ser revelados, Mukherjee afirma que a tecnologia estará disponível em breve no mundo real. Inicialmente para desenvolvedores de pequeno e médio porte, já que eles tendem a lançar games em um ritmo mais rápido. Mas a Convai diz que está trabalhando com estúdios maiores para incorporar a tecnologia aos seus jogos.

“Eles estão sendo mais conservadores em relação a qualquer anúncio”, diz Mukherjee. “Provavelmente levará mais dois ou três anos... Temos vários parceiros, mas não podemos compartilhar esse tipo de informação.”


SOBRE O AUTOR

Chris Morris é um jornalista com mais de 30 anos de experiência. Saiba mais em chrismorrisjournalist.com. saiba mais