O jogo criado por ucranianos para derrubar sites russos

Crédito: Fast Company Brasil

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Uma equipe de engenheiros de software ucranianos sediada em Lviv desenvolveu um jogo online chamado Play for Ukraine. O jogo gamifica a participação de indivíduos em ataques contra sites do governo e da mídia russos. A proposta é causar os chamados DDoS (sigla em inglês para Dedicated Denial of Service), ataques nos quais várias máquinas trabalham em conjunto para derrubar um ou mais servidores e tirar páginas do ar.

O game, que é baseado na dinâmica de quebra-cabeça numérico do jogo “2048”, foi projetado de forma que cada movimento de um jogador se converte em um ataque a um servidor da web. O jogo foi lançado em 28 de fevereiro, de acordo com a conta do Twitter dos desenvolvedores. Em 15 de março, segundos os desenvolvedores, 2.048 pessoas já haviam ajudado a atacar mais de 200 sites russos.

Em um ataque DDoS tradicional, um hacker usa um malware para sequestrar vários computadores, que passam a enviar solicitações sem parar a um determinado servidor, até que ele fique sobrecarregado e caia. Em vez de sequestrar computadores, o jogo Play for Ukraine atua sozinho, enviando ele próprio as solicitações à medida que os usuários disparam os movimentos para solucionar o quebra-cabeça. Os desenvolvedores dizem que um usuário pode enviar 20 mil solicitações em uma hora de jogo. 

Para fins estratégicos e de segurança, os desenvolvedores de jogos não divulgam os nomes dos sites russos que estão mirando. Mas relataram vários sucessos – ou seja, desativação de sites – por meio da conta do Twitter do Play for Ukraine.

Play for Ukraine é apenas uma das armas cibernéticas desenvolvidas por engenheiros de software ucranianos para travar uma guerra silenciosa por trás da violência que está lentamente envolvendo o país do leste europeu. Eles criaram aplicativos de segurança pública, de ajuda humanitária e  de defesa cibernética.

Outros desenvolvedores usaram seus apps e infraestrutura já existentes e consolidados para se envolver na guerra de informações em torno do conflito. O popular aplicativo de troca de rosto social Reface, que tem uma grande base de usuários na Rússia, disparou mais de 13 milhões de notificações push para os dispositivos de seus usuários russos, mostrando os danos reais causados ​​na Ucrânia pelos militares de Putin. O objetivo era mostrar aos cidadãos daquele país que a realidade é bem diferente – e mais cruel – do que relata a mídia russa.

Os aplicativos MacPaw (produtividade do Mac) e BetterMe (treinamento de saúde) também enviaram notificações push informativas sobre a guerra para os dispositivos de seus usuários russos.

O vice-primeiro-ministro ucraniano, Mykhailo Fedorovwill, no final de fevereiro, convocou os desenvolvedores de software de seu país (as estimativas dizem que há 200 mil deles) para criar um “exército de TI” para conduzir operações cibernéticas defensivas e ofensivas contra a Rússia. 

O sucesso dos ucranianos na guerra cibernética e de informação pode, eventualmente, enfraquecer tanto a capacidade de combate dos militares russos quanto o apoio do público local, que é vital para a continuação do conflito.


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