Silenciosamente, empresas de videogames descartam seus planos de NFT

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A indústria de videogames nunca teve problemas para embarcar em novas ondas tecnológicas, mas a velocidade com que publishers e desenvolvedores entraram no hype dos NFTs foi vertiginosa. Aparentemente, da noite para o dia, os fabricantes de jogos anunciaram maneiras de incorporar os NFTs em seus produtos. Basicamente, um olho no metaverso e o outro em uma possível fonte de receita maior ainda. Os jogadores, no entanto, não estão acompanhando este movimento. E esta demora em corresponder pode estar impactando as decisões.

O movimento das empresas de jogos se afastando das NFts — o que começou em janeiro — está ganhando força. A Electronic Arts é a mais recente a pisar no freio. Em novembro de 2021, o CEO da empresa, Andrew Wilson, declarou que os NFTs seriam “uma parte importante do futuro” da indústria. Agora, em uma teleconferência de resultados com analistas, ele reviu seu ponto de vista. 

“A colecionabilidade continuará sendo uma parte importante de nossa indústria, dos jogos e das experiências que oferecemos“, declarou Andew Wilson, CEO da Electronic Arts. “Se isso inclui NFT e blockchain, bem, isso ainda será visto“. 

No mesmo dia da declaração do CEO da Electronic Arts, a “Team17”, uma publisher independente, abandonou seus planos de criar colecionáveis ​​NFT para sua franquia Worms. A desistência ocorreu após uma intensa rodada de feedbacks negativos do setor.

Um dia antes do declínio, a própria empresa havia anunciado uma parceria para criar NFTs e dar aos fãs a possibilidade de possuir uma peça única do videogame. Os fãs odiaram – e os parceiros de negócios também. Algumas empresas que já usaram a Team17 como editora de seus jogos anunciaram que não trabalhariam mais com a Team17 por causa disso.

Não são apenas os estúdios que recuam. O dublador de games Troy Baker planejava lançar uma linha NFT com uma empresa chamada VoiceverseNFT, que usa softwares para produzir e vender dublagens de inteligência artificial (IA). No fim de janeiro, ele também recuou. 

Outras gigantes também estão abandonando o campo de batalha. Microsoft, Epic Games e Valve disseram que não adotarão NFTs nos jogos.

No entanto, apesar dessas desistências de alto calibre, a indústria ainda não recuou totalmente das NFTs. Como a Ubisoft, por exemplo. A empresa, aliás, ganhou uma fama de ser a editora que mais persegue qualquer tipo de nova tecnologia na esperança de se tornar líder nessa área. E a GameStop ainda tem planos de lançar seu próprio mercado NFT e criar um fundo para desenvolvedores de jogos no valor de “até US$ 100 milhões”.

As objeções dos jogadores aos NFTs passam pelo impacto ambiental que os tokens causam, mas a maioria deles aponta que essa história de NFT é mais uma maneira dos desenvolvedores de jogos fazerem eles desembolsarem dinheiro – uma espécie de extensão de práticas de monetização já existentes nos jogos. 

O problema é que, atualmente, os protestos mais altos contra os NFTs estão vindo dos jogadores mais hardcore, não do mainstream. Isso é o que tem feito os publishers tirarem o pé do acelerador. O público mainstream aceita com mais facilidade algumas práticas. 

Esses primeiros experimentos com jogos e NFTs podem ser uma oportunidade para os publisher medirem os limites dos jogadores e, com essa informação, relançar os NFTS com uma nova roupagem. (Cético eu? A publicidade em jogos, quando lançada, foi recebida com indignação semelhante. E agora é comum.)

No entanto, há um detalhe que pode impedir que isso aconteça: a Microsoft está liderando um movimento de mercado em prol de uma mudança na maneira como os jogadores têm acesso aos jogos. No lugar de adquirir os títulos individualmente, a grande massa de jogadores pagaria uma assinatura mensal para ter acesso a eles. Esse movimento pode resultar em uma maior receita, que seria dividida entre publishers e empresas editoras de games. Talvez essa seja uma maneira de demover os criadores de games da busca pela riqueza instantânea dos NFTs. 


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