Com Gen Z e Millennials, mulheres estão mais ricas, mas ainda distantes dos homens
Pesquisa mostra avanço feminino nas finanças, apesar de acumularem 74% da riqueza masculina ao longo da vida e de receberem 20% da renda deles, segundo estudo

Sim, a notícia é boa. As mulheres estão avançando no acúmulo patrimonial. A má notícia é que elas detêm 74% da riqueza dos homens ao longo da vida. E não é só.
As profissionais, ao longo da vida, recebem, na média, 20% da renda masculina. O UBS fez a análise com base em dados da Nielsen.
Um exemplo vem de pesquisa realizada pelo Research Center da Afya, entre novembro de 2024 e janeiro de 2025, com 2.637 médicos de diversas regiões do Brasil, divulgada na sexta-feira (7). Os dados mostram que, em média, as médicas ganham 22,6% a menos que os médicos.
Em 2024, os médicos recebiam, em média, R$ 22.669,86. Já as mulheres chegaram ao total de R$ 17.535,32 – uma diferença de 22,6%. O valor da hora semanal de trabalho entre os médicos é R$ 417. Já entre as profissionais a cifra é de R$ 370, diferença de R$ 48 na hora semanal de trabalho, equivalente a 11,4%.
MULHERES MAIS BILIONÁRIAS
Apesar das diferenças de oportunidades, parte do universo feminino tem conseguido avançar.
De 2015 a 2024, o número de mulheres bilionárias cresceu de 190 para 344, um aumento de 81%, impulsionado principalmente por empresárias. O grupo feminino detém US$ 1,7 trilhão.
Na população masculina, a alta foi menor, de 49%, mas segue na dianteira, chegando a 2.338 bilionários em 2024.
PERSPECTIVAS DE AVANÇO
Os números mostram que, na média, as mulheres nunca foram tão ricas como hoje – a estimativa é que 32% da riqueza privada global já estava nas mãos de mulheres em 2020.
A expectativa de vida maior e os avanços na inclusão financeira significam que a riqueza feminina em geral provavelmente continuará a crescer, avaliam as estrategistas do UBS, Antonia Sariyska e Amantia Muhedini.
Somente nos EUA, espera-se que as mulheres controlem US$ 34 trilhões (ou 38% da riqueza do país) até o final da década, bem acima dos pouco mais de US$ 10 trilhões em 2020. A projeção é que US$ 9 trilhões serão transferidos entre cônjuges nos próximos 20 a 25 anos.
Uma quantia semelhante será movida pelas mulheres para a próxima geração de suas famílias, muitas das quais provavelmente serão filhas e netas.
GEN Z E MILLENNIALS
Uma das análises apontadas no estudo do UBS se refere à questão etária. Diz o texto que enquanto no passado o papel das mulheres era com frequência o de fornecer acesso à riqueza (por exemplo, se casando com uma família rica), as gerações de mulheres da Geração Z e Millennial agora estão recebendo uma parcela maior da grande transferência de riqueza (intergeracional).
Por isso, segue o relatório, seu papel nas finanças provavelmente aumentará com as mulheres relatando maior preocupação com as implicações financeiras dos eventos da vida do que os homens.
DINHEIRO EM OUTROS ATIVOS
À medida que as mulheres alcancem maior paridade com os homens, poderão alocar seus recursos em ativos mais significativas. Segundo pesquisas anteriores do UBS, sabe-se que as investidoras:
- Passam mais tempo pesquisando, são mais propensas a seguir um plano e menos propensas a tentar cronometrar o mercado ou mudar seu perfil de risco em meio à volatilidade.
- Estão mais confiantes com suas decisões quando seus investimentos têm um impacto positivo na sociedade.
- Estão mais focadas na gestão de risco do que os homens: usam mais stop losses (ferramenta de gestão de risco que ajuda a limitar perdas), negociam menos e verificam o desempenho de seu portfólio com menos frequência.
“Sua afinidade em alinhar portfólios com valores pessoais também provavelmente
as tornará uma fonte muito necessária de capital para investimentos em e para mulheres, à medida que elas implantam capital para o longo prazo”, analisam as estrategistas.
RELAÇÃO FEMININA COM O DINHEIRO
No entanto, ponderam as estrategistas, embora as mulheres controlem mais riqueza do que nunca, seu papel de tomada de decisão permanece relativamente limitado.
“Mesmo que o aumento tenha sido impulsionado por mulheres que se fizeram por conta própria, apenas 24% delas atribuem sua riqueza apenas aos seus negócios (vs. herança), em comparação com 65% dos homens”, aponta o estudo do UBS.
ELAS SÃO EMPREENDEDORAS
Essa diferença, ainda segundo a análise, não deve ser surpreendente, dado que globalmente apenas um terço das empresas tem mulheres na participação societária, de acordo com dados do Banco Mundial.
Os desafios para esse avanço estão bem estabelecidos e geralmente partem do fato de faltar acesso a recursos nos estágios iniciais. Os financiamentos de capital de risco em estágio inicial em empresas fundadas por mulheres estagnaram nos últimos 30 anos.
De acordo com dados da PitchBook, a parcela de capital de risco direcionado a equipes exclusivamente femininas nos EUA atingiu o pico em 2019 em 2,5% e, posteriormente, caiu para 2% em 2024.
A previsão feita pelas estrategistas é que as mulheres, daqui a cinco anos, controlarão 75% dos gastos familiares do mundo.
A caminhada poderia ser mais rápida e frutífera a equiparação salarial e de cargos de gestão já fosse realidade. A mudança adicionaria US$ 7 trilhões ao PIB global, com o aumento para US$ 22 trilhões a US$ 28 trilhões se a igualdade de gênero fosse alcançada.