Google estuda cobrar dos usuários que quiserem fazer buscas com sua IA

Os consumidores podem não aceitar ter que pagar pela busca por IA, em especial se perceberem isso como uma evolução da busca tradicional

Créditos: Michael Dziedzic/ Amanda Dalbjörn/ Bermix Studio/ iStock

Mark Sullivan 2 minutos de leitura

O jornal "Financial Times" noticiou que o Google está considerando cobrar pela busca baseada em inteligência artificial – e não houve negativa por parte da empresa.

Se for isso mesmo, seria a primeira vez que o Google cobraria por um de seus serviços principais, em vez de basear seu faturamento em outras fontes – principalmente anúncios – para monetizá-lo.

A busca nativa de IA, ou busca conversacional, permite que o usuário faça uma pergunta em linguagem simples (em vez de apenas palavras-chave) e recebam uma resposta direta e também em linguagem simples (em vez de apenas links) de um grande modelo de linguagem (LLM) que tem acesso a páginas da web.

O motor de busca por IA do Google, que tem o nome sugestivo de "Experiência de Geração de Busca" (SGE, na sigla em inglês), é atualmente experimental e disponível apenas no Google Labs.

O Google gera receita em apenas cerca de 30% das pesquisas – buscas "comerciais" por produtos e serviços. Os profissionais de marketing estão dispostos a pagar para colocar um link "patrocinado" para seus produtos nos resultados de buscas. Mas esse tipo de anúncio não se traduz bem em resultados de busca por IA conversacional.

Crédito: Rawpixel.com

Assim, o Google tem experimentado outros formatos de anúncios que podem funcionar melhor dentro do SGE. A empresa não falou publicamente sobre isso, mas esses anúncios poderiam incluir citações de fontes pagas dentro do resultado gerado, ou imagens de produtos acima da resposta em texto.

Outra empresa de busca por IA, a Perplexity, também tem experimentado maneiras de inserir anúncios nos resultados de busca gerados, incluindo "consultas sugeridas" patrocinadas.

Uma decisão do Google de cobrar dos usuários uma taxa de assinatura para usar a busca por IA representaria uma falha em encontrar novos formatos de anúncios criativos para monetizar a ferramenta.

os consumidores, acostumados à busca gratuita, podem não aceitar ter que pagar pelo serviço.

A monetização nem mesmo precisaria vir de anúncios: o Google poderia receber uma taxa de indicação das marcas quando um resultado gerado por IA levasse um consumidor a comprar um dos produtos da marca.

De qualquer forma, os consumidores, acostumados à busca gratuita, podem não aceitar ter que pagar pelo serviço – especialmente se o virem como uma evolução natural da busca tradicional, e não algo completamente novo.

"Embora em alguns casos tenha dado certo transformar coisas baratas ou gratuitas em geradoras de receita (games, TV a cabo etc.), fazer essa mudança é muito difícil", diz o analista do setor Rob Enderle em nota à imprensa.

"Isso geralmente requer uma forte campanha de marketing, o que o Google resistiria a criar, já que eles parecem pensar que não é o caso. Se o Google não trabalhar para mudar a percepção do público, esse esforço provavelmente vai dar muito errado", acrescenta Enderle.


SOBRE O AUTOR

Mark Sullivan é redator sênior da Fast Company e escreve sobre tecnologia emergente, política, inteligência artificial, grandes empres... saiba mais