Autoridades dos EUA investigam parcerias entre big techs e startups de IA

Comissão do Comércio emitiu “ordens compulsórias” para Amazon, Google, Microsoft, Anthropic e OpenAI.

Créditos: Magnus Engø/ Manny Becerra/ Unsplash

Matt O'Brien 4 minutos de leitura

As autoridades antitruste dos EUA estão abrindo uma investigação sobre as relações entre as principais startups de inteligência artificial – como a OpenAI, fabricante do ChatGPT – e as gigantes da tecnologia que investiram bilhões nelas.

A ação tem como alvo Amazon, Google e Microsoft e sua influência sobre o boom da IA generativa que impulsionou a demanda por chatbots e outras ferramentas capazes de produzir imagens e sons.

“Estamos examinando se esses vínculos permitem que empresas dominantes exerçam influência indevida ou obtenham acesso privilegiado de maneiras que possam minar a concorrência justa”, disse Lina Khan, presidente da Comissão Federal de Comércio dos EUA (FTC, na sigla em inglês).

Ela afirmou que a investigação de mercado analisaria “os investimentos e parcerias formadas entre desenvolvedores de IA e os principais provedores de serviços em nuvem”.

A Microsoft nunca divulgou o valor total de seu investimento na OpenAI.

A FTC emitiu “ordens compulsórias” para cinco empresas – os provedores de nuvem Amazon, Google e Microsoft e as startups de IA Anthropic e OpenAI – exigindo que forneçam informações sobre investimentos e parcerias.

A relação de longa data da Microsoft e da OpenAI é a parceria mais conhecida. Google e Amazon recentemente fizeram acordos multibilionários com a Anthropic, outra startup de IA formada por ex-líderes da OpenAI. Amazon, Google e Microsoft não responderam quando procuradas. Anthropic e OpenAI não quiseram comentar.

INVESTIGAÇÕES NA EUROPA E REINO UNIDO

A União Europeia e o Reino Unido já sinalizaram que também podem investigar a relação entre a Microsoft e a desenvolvedora do ChatGPT. O poder executivo da UE afirmou recentemente que estava analisando se a parceria poderia desencadear uma investigação nos regulamentos que abrangem fusões e aquisições que prejudicariam a concorrência no bloco de 27 países. O órgão antitruste britânico iniciou uma revisão semelhante em dezembro.

não são apenas as aplicações prejudiciais, mas a concentração de poder de mercado em um punhado de líderes de IA que merece a atenção do governo.

“As big techs sabem que não podem comprar as principais empresas de IA, por isso estão buscando maneiras de exercer influência sem formalmente chamar isso de aquisição”, disse Matt Stoller, diretor de pesquisa do American Economic Liberties Project, em comunicado. “Os reguladores precisam intervir, e estão fazendo isso.”

A Microsoft nunca divulgou o valor total de seu investimento na OpenAI, que o CEO Satya Nadella descreve como “algo complicado”. “Ele meio que vem não apenas na forma de dinheiro, mas na forma de computação e tudo o mais”, desconversou.

A empresa fez seu primeiro investimento de US$ 1 bilhão na startup em 2019, mais de dois anos antes de a OpenAI lançar o ChatGPT e despertar o fascínio mundial pelos avanços em inteligência artificial.

Como parte do acordo, a gigante do software forneceria o poder computacional necessário para treinar modelos de IA em enormes conjuntos de textos escritos por humanos e outras mídias. Em troca, a Microsoft teria direito exclusivo sobre grande parte do que a OpenAI construísse, permitindo que a tecnologia fosse incorporada em uma variedade de produtos da empresa.

Crédito: Sanket Mishra/ Pexels

Em janeiro, Nadella comparou isso a uma série de parcerias comerciais de longa data da Microsoft, como com a fabricante de chips Intel. “[Nós e a OpenAI] somos duas empresas diferentes, que respondem a dois conjuntos de partes interessadas diferentes com interesses diferentes”, disse ele a um repórter da “Bloomberg” no Fórum Econômico Mundial em Davos.

A FTC sinaliza há quase um ano que está trabalhando para rastrear e impedir comportamentos ilegais no uso e desenvolvimento de ferramentas de IA. Um dos principais alvos de preocupação é o uso de vozes e imagens geradas por inteligência artificial para turbinar fraudes e golpes telefônicos.

As big techs sabem que não podem comprar as principais empresas de IA, por isso estão buscando maneiras de exercer influência sem chamar isso de aquisição

Mas, cada vez mais, Khan também deixa claro que não são apenas as aplicações prejudiciais, mas a concentração de poder de mercado em um punhado de líderes de IA que merece a atenção do governo.

“Empresas podem aproveitar este momento de virada no mercado para empregar táticas anticompetitivas para garantir o seu domínio e suprimir a concorrência”, disse a FTC.

As empresas têm 45 dias para fornecer à comissão informações que incluam seus acordos de parceria e a lógica estratégica por trás deles. Também estão sendo solicitadas informações detalhadas sobre as decisões em torno do lançamento de produtos e os principais recursos e serviços necessários para construir sistemas de IA.


SOBRE O AUTOR

Matt O'Brien é repórter de tecnologia da AP. saiba mais