3 dicas para “desaprender” a liderar na base do medo e da intimidação

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Em ambientes corporativos convencionais, muitos líderes têm dificuldade em preservar sua autenticidade em meio a um clima de trabalho competitivo, que aumenta a pressão por resultados. Não por acaso, muitos costumam adotar táticas baseadas no medo, para que os funcionários realizem as tarefas e para atingir os objetivos da empresa.

Mas, no fim das contas, essa abordagem baseada no medo e na intimidação atua como uma barreira entre os funcionários e seus superiores, corroendo a satisfação no trabalho. Uma pesquisa da McKinsey descobriu que 86% dos funcionários levam em consideração o relacionamento com a chefia ao determinar seu nível de satisfação com o trabalho. Desses, 45% dos entrevistados que relataram ter relacionamentos “muito ruins” com seus gerentes estavam bastante ou completamente insatisfeitos com seus empregos.

Os chefes que adotam uma liderança prestativa e que se dirigem com compaixão a todos podem atuar como agentes críticos de mudança. Quando os líderes abandonam práticas baseadas no medo e se tornam mais autênticos, eles reforçam a conexão emocional que os funcionários têm com o local de trabalho. Como consequência, a criatividade individual e o desempenho no trabalho melhoram.

Mas, enquanto os empregadores fazem esforços conjuntos para incutir culturas empresariais mais saudáveis, é um desafio e tanto desaprender a estrutura corporativa tradicional. Pensando nisso, elencamos quatro maneiras de melhorar a personalidade corporativa e de se tornar um líder autêntico.

RECONHEÇA OS PONTOS FORTES E AS FRAQUEZAS DE CADA UM

A cultura corporativa tradicional, que prioriza resultados e lucro em vez do bem-estar dos funcionários, cria pressão para que os trabalhadores atendam a expectativas irreais. Como resultado, não são reconhecidos pelas características individuais que trazem para a equipe e, com o tempo, podem se desvincular da missão da empresa.

Quando os líderes abandonam práticas baseadas no medo, reforçam a conexão emocional dos funcionários com o local de trabalho.

Os líderes devem se concentrar em quem são seus funcionários e em como seus pontos fortes podem se alinhar melhor aos objetivos da empresa. Isso os ajuda a entender melhor como cada um pode impactar positivamente as iniciativas de crescimento estratégico. Reconhecer as próprias fraquezas pode ajudar as pessoas a serem mais autoconscientes e a alavancar os pontos fortes dos outros. Além disso, liderar pelo exemplo é uma oportunidade de mostrar autenticamente seus próprios pontos fortes e fracos.

Alguns exemplos podem incluir reuniões mensais ou trimestrais que destacam realizações individuais ou de equipe, programas de reconhecimento de funcionários, definição intencional de metas ou oportunidades de desenvolvimento profissional, como conferências ou educação continuada.

RECONHEÇA OS VAZAMENTOS REAIS E PERCEBIDOS

Julgamentos preconceituosos e parciais ocorrem quando um funcionário – influenciado por sua formação, cultura ou experiência pessoal – faz um rápido julgamento ou avaliação de um colega ou situação. O preconceito pode surgir por conta de idade, sexo e raça, entre outros fatores.

O preconceito apresenta uma barreira para as empresas que trabalham para promover um ambiente verdadeiramente diverso, equitativo e inclusivo. A liderança eficaz requer consciência ativa e uma abordagem adequada do preconceito.

liderar pelo exemplo é uma oportunidade de mostrar autenticamente seus próprios pontos fortes e fracos.

A pesquisa de inclusão inaugural da Deloitte descobriu que 60% dos funcionários relatam preconceito no local de trabalho. E 84% acreditam que isso afeta negativamente sua felicidade, confiança e bem-estar.

O processo de desafiar os próprios preconceitos exige trabalho e esforço; isso não acontece da noite para o dia. Quando os líderes dedicam tempo para ouvir e refletir, dão o exemplo para a equipe de como ser alguém que busca compreender o mundo, como ser alguém que defende a cultura de aprendizado, para garantir que seus preconceitos não influenciem negativamente as decisões de negócios.

CELEBRE O FUNCIONÁRIO “POR INTEIRO”

No passado, a identidade no local de trabalho era muitas vezes independente da identidade pessoal. Os funcionários criavam personas para atender às expectativas estabelecidas pela cultura corporativa tradicional. Essas personas, no entanto, impediam que as pessoas adotassem comportamentos honestos consigo mesmas. Isso leva ao desengajamento e, em última análise, a produtividade e os objetivos ficam prejudicados. 

Em vez de criar um local de trabalho que exija uma identidade fechada e estéril, os líderes podem cultivar uma cultura que permita que os funcionários sejam pessoas completas e reais – consigo mesmos e uns com os outros.

Pesquisa realizada pela Deloitte descobriu que 60% dos funcionários relatam preconceito no local de trabalho.

Quando os líderes estão atentos à identidade dos funcionários e criam espaço para que reflitam sobre as metas da empresa, eles ajudam a identificar os valores compartilhados entre a vida profissional e pessoal. Ao fazer isso, é mais provável que os colaboradores se desafiem, criem um ambiente de trabalho mais agradável e busquem o equilíbrio em suas vidas.

ELIMINE CONVERSAS PESSIMISTAS E NEGATIVAS

O ambiente corporativo tradicional pode demandar muito tempo e esforço dos funcionários para alcançar resultados, Muitas vezes, isso acontece sem que eles recebam os devidos elogios pelo trabalho bem executado. O que pode levá-los a questionar sua capacidade de atender às expectativas da organização.

As expectativas não atendidas incentivam o desenvolvimento de conversas pessimistas e de queixas, que desacreditam as realizações e impedem o sucesso. Isso ocorre quando os funcionários duvidam de suas próprias habilidades. Falta de feedback construtivo, comunicação pouco clara, falta de objetivos, estresse extremo e condições de saúde mental existentes agravam o problema. A repetição dessas falhas pode prejudicar a carreira do funcionário.

Os funcionários criam personas para atender às expectativas da cultura corporativa tradicional, o que leva ao desengajamento.

Líderes que adotam para si mesmos pensamentos esperançosos e estratégias de motivação são mais aptos a demonstrar confiança em sua equipe e a perdoar, quando necessário. Os funcionários, por sua vez, começam a eliminar seu próprio pessimismo e baixa autoestima. Em vez disso, se concentram em contribuir para a produtividade da empresa.

Seja pessoal ou virtualmente, criar um ambiente de trabalho autêntico e do qual todos gostem exige que o líder dê total atenção e apoio. Para apresentar um eu autêntico, que esteja confortável em seu local de trabalho, muitos precisarão criar seu próprio estilo de liderança e romper com os moldes corporativos.


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