3 mudanças de mindset que vão aumentar muito sua produtividade

Nossa força aumenta conforme enfrentamos a resistência

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Yonason Goldson 5 minutos de leitura

Durante a faculdade, eu era capitão do time de vôlei do meu alojamento estudantil. Nosso grupo, formado aleatoriamente por quem morava lá, acabou resultando em um time surpreendentemente competente, capaz de permanecer invicto durante toda uma temporada, antes de avançar para os jogos eliminatórios.

Mas o que mais me marcou naquela época foi que conseguíamos manter a confiança contra times fortes, só que suávamos muito para derrotar adversários muito mais fracos. Quando enfrentávamos jogadores competentes, estávamos no domínio da situação e atuávamos como estrelas. Agora, contra os times de várzea, a gente se desorganizava e nosso desempenho era de centavos.

Todos conhecemos o mantra dos marombeiros: para crescer, tem que suar. Infelizmente, temos imensa dificuldade em levar isso para outras áreas da vida.

A psicologia humana explica essa dinâmica contraditória. Quando somos confrontados com uma tarefa fácil, nossos cérebros preguiçosos calculam a menor quantidade de energia necessária para o sucesso.

No entanto, quando nosso padrão de qualidade cai e não nos esforçamos ao máximo, fica mais fácil escorregar para um padrão ainda mais baixo. Resultado: sofremos para concluir um trabalho que, teoricamente, não deveria representar nenhum desafio.

Isso tudo tem a ver com uma técnica conhecida entre velejadores. Mesmo quem nunca deu um passo fora da terra firme compreende a ideia básica por trás da arte de velejar: é fundamental saber para onde o vento está soprando porque, para reduzir a resistência das velas, é preciso virar a proa contra o vento e traçar um caminho em zigue-zague. Afinal, é o vento contrário que vai inflar a vela e mover seu barco pela superfície da água.

E o que geralmente acontece quando o vento está acariciando seu rosto, soprando exatamente na mesma direção para onde você deseja viajar? Você se acomoda.

Virando a proa do barco 45 graus em relação ao vento que se aproxima, primeiro para a direita e depois para a esquerda, você consegue ziguezaguear contra o vento para chegar ao seu destino. É fascinante que, ao virar contra o vento, seja possível navegar mais rápido do que com o vento nas costas. Não me peça para dar explicar o embasamento físico por trás disso, mas o fenômeno é genuíno.

Aproveitar o vento que se aproxima em um ângulo oblíquo realmente impulsiona o barco em uma velocidade maior do que seria possível viajar se o vento estivesse totalmente a favor do caminho. 

Tanto para marinheiros quanto para não marinheiros, as lições do mar traduzem-se em lições preciosas para a vida e para os negócios.

A LEI DO DESEMPENHO DINÂMICO

Em 2012, Nassim Taleb apresentou aos seus leitores um conceito que ele chama de “antifragilidade”: a propriedade de desenvolver mais força ao enfrentar a resistência. O curioso é como ele obteve sucesso ao vender essa ideia como se ela fosse revolucionária, sendo que em nossa cultura isso já é uma espécie de obviedade. 

Quando o vento está acariciando seu rosto, soprando na direção certa, a gente se acomoda.

Como você planeja sua rotina de treinos na academia? Provavelmente, começa levantando pesos de dois quilos e regulando a resistência da esteira para zero. Com o tempo, conforme fica mais forte, vai aumentando devagar os pesos e o grau de resistência na esteira. 

Por que não ficar com os pesos mais leves e deixar a configuração da esteira como está? Porque todos nós conhecemos o mantra dos marombeiros: para crescer, tem que suar. 

Infelizmente, temos imensa dificuldade em traduzir esse princípio simples para outras áreas da vida. Queremos que relacionamentos e planos de negócios sigam rápido e fácil e começamos a desistir no momento em que eles não atendem às nossas expectativas.

O lucro do trimestres fica abaixo das expectativas? O preço das ações despenca. Um colega de trabalho faz uma observação descuidada ou uma piada desajeitada? É acusado de discurso de ódio e se exige que passe por uma processo de reeducação de sensibilidade ou que seja demitido.

COMO AUMENTAR O NÍVEL DE EXIGÊNCIA

Devemos aumentar o nosso próprio padrão de exigência e, quando as dificuldades aparecerem, encará-las como oportunidades de ir além da zona de conforto.

Por exemplo, quando um novo concorrente entra em cena ou um antigo competidor lança uma nova propaganda, podemos nos perguntar:

- O que eles estão oferecendo que nós não estamos? Como eles estão conseguindo reduzir os preços?

- Como a mensagem deles pode ser mais atraente para clientes ou potenciais clientes?

Só assim conseguiremos procurar maneiras de melhorar nosso jogo para enfrentar o novo desafio, melhorando nosso produto, nosso serviço ou nossa eficiência.

NÃO SE OFENDA

Quando alguém nos ofende (principalmente se não for intencional, mas mesmo que seja), nada nos obriga a ficar remoendo. Se a outra pessoa é descuidada, sem noção, mal-humorada ou francamente mesquinha, isso é problema dela. Não precisamos achar que o problema é nosso.

Se o comportamento de alguém contribuir para um ambiente de trabalho tóxico, devemos primeiro buscar maneiras construtivas de resolver o problema, em vez de nos vitimizar, procurando vingança ou apertando o botão de mandar tudo para o inferno.

TENHA TEMPO PARA SE PREPARAR

Quando o vento da vida está soprando a nosso favor, podemos aproveitar a calmaria para nos preparar para a próxima tempestade. Também podemos gerar um pouco de resistência interna, pensando em maneiras de nos impulsionar a um nível mais alto de desempenho.

Quando o vento está nos impulsionando para frente com força, esse pode ser justamente o momento oportuno para virar contra o vento. Olhar para o próximo desafio pode ser a melhor preparação para enfrentá-lo com sucesso quando ele chegar.


SOBRE O AUTOR

Yonason Goldson é autor, apresentador de podcast e palestrante do TEDx. saiba mais