4 dicas para seu time gostar mais do que faz (e ser mais feliz)

Se vamos trabalhar mais de 80 mil horas ao longo de nossas vidas, ser feliz no trabalho é uma questão urgente e essencial

Crédito: Jason Goodman/ Unsplash

Renata Rivetti 4 minutos de leitura

Ser feliz no trabalho parece algo distante da nossa realidade, como se a felicidade não pudesse ser associada com essa parte da vida. Adam Smith dizia que o trabalho é fonte de sacrifício e não de felicidade e até hoje temos crenças parecidas. Porém, se vamos trabalhar mais de 80 mil horas ao longo de nossas vidas, ser feliz no trabalho me parece urgente e essencial.

Nas últimas décadas, as empresas tentaram criar ambientes coloridos e divertidos, como se isso fosse mudar nossa percepção do trabalho como sendo um fardo. Viver no mundo colorido do Google pode mesmo nos fazer felizes? Certamente gostamos de benefícios e ambientes descontraídos, porém, isso não garante que sejamos felizes no trabalho.

Felicidade no trabalho está relacionada a nos sentirmos desafiados, realizados, a gostar do que fazemos, a construir relações mais positivas e nos encontrar em um ambiente empático e de segurança psicológica.

Brindes, benefícios e festas não conseguem mudar o modo como nos sentimos no ambiente profissional. São só fatores higiênicos – importantes, pois sem eles nos sentiríamos infelizes, mas que não garantem o sentimento de realização, o significado ou as boas relações. É como se fossem as necessidades básicas da pirâmide de Maslow.

Segundo a “Harvard Business Review”, 66% das pessoas querem um trabalho que traga mais realização e significado. Esses são aspectos chave da felicidade no trabalho. A grande questão é: como o líder pode ajudar e influenciar para fazer isso acontecer na prática?

VALORIZE OS PONTOS POSITIVOS

A primeira dica é descobrir as forças, dons e talentos dos

66% das pessoas querem um trabalho que traga mais realização e significado.

colaboradores. Temos o viés negativo de olhar nossas fraquezas, o que não sabemos fazer, o que não está dando certo. Mas, quando valorizamos aquilo em que somos bons e nos empoderamos, nos sentimos mais realizados, reconhecidos e valorizados. Essa mudança de foco traz produtividade, engajamento e felicidade.

A segunda dica é usar a descoberta das forças, dons e talentos para redesenhar o trabalho da equipe. Essa ferramenta é chamada job crafting, que, segundo a psicóloga Amy Wrzesniewski, significa “mudar seu trabalho para torná-lo mais envolvente e significativo”.

A grande descoberta da psicóloga foi que podemos redesenhar nosso job description de acordo com quem somos, tomando medidas pró-ativas para aumentar as atividades que nos trazem desafios e significado e reduzir as que não geram esses sentimentos.

Isso aumenta a autoestima, o sentimento de realização, o engajamento e, principalmente, o significado. Ajuda a desmistificar que nosso propósito precisa ser algo grandioso e distante da realidade e nos aproxima de encontrar um sentido maior no que fazemos.

A terceira dica é celebrar mais as conquistas, mesmo as pequenas. Normalmente, deixamos o momento de comemoração para uma grande festa no final do ano. Celebrar no dia a dia é algo que pode ser feito com pequenas atitudes e rituais, como começar a semana incentivando a equipe a refletir sobre o que deu certo na semana anterior.

Parece simples, mas, quando começamos a reconhecer o que fazemos no dia a dia, percebemos que temos muito mais conquistas e realizações do que costumamos identificar.

SEGURANÇA, CRIATIVIDADE, INCLUSÃO

Por fim, uma quarta dica essencial é criar um ambiente

redesenhar o job description ajuda a desmistificar que nosso propósito precisa ser algo grandioso e distante da realidade.

psicologicamente seguro para que os colaboradores se expressem sem medo de serem punidos ou julgados ao levarem suas dúvidas, ideias ou questionamentos. Segurança psicológica é sutil e pequenas atitudes podem construir esse ambiente propício à aprendizagem e trocas.

Apenas em um ambiente psicologicamente seguro é que se permite inovação e criatividade. Segundo Amy Edmondson, referência no assunto, há aspectos que devem ser trabalhados para essa construção: repensar erros e fracassos, estimular conversas francas, criar espaço para colaboração e criar um ambiente diverso e inclusivo. As pessoas querem ser ouvidas, incluídas nas ideias, no planejamento, nas metas e nos resultados da empresa.

Estas pequenas ações e atitudes diárias não dependem de investimento ou aprovação. O desafio é gerar essa conscientização nos líderes, para que entendam seu papel e importância no adoecimento ou florescimento das equipes.

Há ainda a questão da prática diária. Nada disso funciona se for realizado apenas uma vez. Liderança positiva tem muito mais a ver com a jornada, com a construção diária, do que com um grande momento no ano.

Não se constrói uma cultura positiva do dia para a noite. Envolve mudanças, reflexões, autoconhecimento e muita disciplina. É difícil, mas possível. Os resultados mostram que vale a pena.

Que tal começar agora?


SOBRE A AUTORA

Renata Rivetti é fundadora e chief hapiness officer da Reconnect - Happiness at Work, especializada em felicidade corporativa e lidera... saiba mais