Cinco oportunidades para mudar o rumo da Grande Renúncia

Crédito: Fast Company Brasil

Fast Company Brasil 4 minutos de leitura

Quebrando a expectativa daqueles que esperavam que o novo ano pudesse trazer desdobramentos positivos para o mercado de trabalho, o Bureau of Labor Statistics informou que mais de 4,5 milhões de trabalhadores deixaram voluntariamente seus empregos em novembro de 2021. Mais um marcador mensal sem precedentes e também o número mais alto nos 20 anos em que os EUA vêm analisando esses dados.

Os números confirmam que o fenômeno que ficou conhecido nos EUA como “A Grande Demissão” (The Big Quit), em que os pedidos de demissão batem recordes, seguidamente, ainda está em andamento. Ou seja: os líderes precisam ter uma visão clara dos problemas trabalhistas subjacentes que afetam suas organizações, indústrias e a sociedade em geral. Eles devem reconhecer que a crise de hoje não reflete a falta de pessoas dispostas a arregaçar as mangas, apesar da insistência de alguns especialistas e políticos. Em vez disso, nossa economia está sofrendo com a escassez de empregos atraentes o suficiente para atrair e reter funcionários talentosos.

Esse fenômeno não deveria surpreender ninguém, uma vez que muitas organizações e indústrias há tempos sobrecarregam e esgotam seus funcionários. Os líderes empresariais acreditaram na falsa narrativa de que alto desempenho e humanidade são mutuamente excludentes.

A pandemia mostrou as falhas e os limites dessa mentalidade. De fato, a agitação e a incerteza em curso no mundo exigiram que muitos empregadores apelassem diretamente à humanidade de seu pessoal – e que fizessem mais do que apenas assinar um contracheque – para mantê-los engajados e empregados.

Mas além da expectativa de que os empregadores os enxerguem como indivíduos e os tratem como seres humanos, o que a força de trabalho de hoje realmente deseja? Muito da conversa sobre essa questão ficou limitada – começando e terminando nos temas remuneração e trabalho remoto. Embora não haja dúvidas de que as questões relacionadas à remuneração sempre foram primordiais e de que o trabalho remoto se tornou altamente desejável em vários setores, muitos trabalhadores estão insatisfeitos devido a outros fatores.

Como consultores de capital humano, projetamos e conduzimos regularmente avaliações sobre a temperatura das forças de trabalho, grandes e pequenas. Essa análise contínua lança luz sobre questões muitas vezes negligenciadas, não relacionadas a remuneração ou trabalho remoto, mas que contribuem significativamente para a insatisfação dos funcionários. As organizações mais dispostas a identificar e combater esses problemas poderão efetivamente revertê-los em benefícios e em vantagens competitivas.

A seguir, abordaremos cinco aspectos frequentemente negligenciados na cultura positiva no local de trabalho. São fatores que, na nossa experiência, levam regularmente a níveis mais altos de satisfação no trabalho, à maior retenção de funcionários, ao recrutamento mais eficaz e ao sucesso organizacional.

MAIOR AUTONOMIA E RESPONSABILIDADE

Em algum momento de suas carreiras, muitos funcionários começam a desejar mais independência e autodireção, bem como atribuições mais significativas. As pessoas que recebem essa autonomia e responsabilidade não apenas são mais felizes no trabalho, mas também trabalham com menor necessidade de supervisão, liberando funcionários seniores para se concentrarem em questões mais amplas.

CAMINHOS ABERTOS PARA O DESENVOLVIMENTO DA CARREIRA 

Os funcionários precisam conseguir enxergar um futuro para si mesmos em seus locais de trabalho, se a ideia é que eles permaneçam ali por períodos significativos. Para melhorar a retenção, as empresas devem comunicar abertamente a disponibilidade de oportunidades na carreira e suas expectativas para os indivíduos que desejam acessá-las.

OPORTUNIDADES PARA AUMENTAR CONHECIMENTOS E HABILIDADES

Muitos indivíduos que trabalham descrevem-se como eternos aprendizes. Eles se engajarão mais se puderem expandir regularmente seus conhecimentos e habilidades. Esses funcionários podem se tornar especialistas em determinado assunto em benefício de toda a empresa, ou até mesmo educadores internos, desde que as organizações lhes concedam tais oportunidades e o espaço para aproveitá-las.

OPORTUNIDADE DE TRABALHAR COM OUTROS COLABORADORES DE ALTO DESEMPENHO E MOTIVADOS

A necessidade de trabalho em equipe pode se tornar frustrante para alguns dos principais funcionários se eles se virem ao lado de colegas que não têm o mesmo nível de talento e/ou motivação. Mas se eles forem reunidos ou colocados em parceria com outros profissionais de alto desempenho, esses trabalhadores se mostrarão mais engajados e inovadores, agregando mais valor.

SENTIDO E SENSAÇÃO DE MISSÃO CUMPRIDA 

Indivíduos desiludidos com outras instituições de nossa sociedade estão cada vez mais procurando manter seus empregadores em padrões “morais” que seriam impensáveis ​​anos atrás. Sendo assim, eles são mais leais a organizações que transmitem e que defendem internamente uma missão que se alinha com seus valores pessoais.

Embora possa parecer óbvio que os trabalhadores estão mais propensos a permanecer em organizações que ofereçam essas oportunidades, a maioria das situações de emprego historicamente carecia, e continua a carecer, de muitos desses atributos. Isso ilustra como poucas empresas internalizaram o truísmo de que atrair e reter ótimas pessoas exige que elas primeiro se tornem ótimos lugares para se trabalhar.

O ônus recai sobre os principais líderes. Se eles esperam competir por talentos e aproveitar totalmente o poder transformador do seu pessoal, devem tornar suas organizações lugares agradáveis para se trabalhar. A boa notícia é que aqueles que estiverem dispostos podem seguir um roteiro para se preparar para o sucesso em meio a essa grande onda de demissões, e para enfrentar crises futuras.


SOBRE O(A) AUTOR(A)

Fast Company é a marca líder mundial em mídia de negócios, com foco editorial em inovação, tecnologia, liderança, ideias para mudar o ... saiba mais