O que as gerações X, Y e Z podem aprender umas com as outras

Especialistas em diversidade avaliam como as gerações podem se unir no local de trabalho, reconhecendo seus próprios pontos fortes e fracos

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Jude Cramer 5 minutos de leitura

Em todos os ambientes de trabalho, você provavelmente vai encontrar funcionários de todas as quatro gerações: desde os boomers, quase aposentados, até os recém-formados da geração Z. Lidar com essa gama de idades pode ser assustador, mas também é uma chance única para as pessoas aprenderem com as experiências umas das outras.

Lindsey Pollak, especialista em carreira e em diversidade geracional no local de trabalho, defende que as empresas precisam começar a olhar para o local de trabalho multigeracional não como uma questão, mas como uma oportunidade.

“Somos um mundo multigeracional, uma economia multigeracional. Quem está atendendo apenas às necessidades ou ao estilo de comunicação de uma ou de no máximo duas gerações, está perdendo em conhecimento, inteligência e ideias”, diz Pollak.

Mas é mais fácil falar do que fazer. Na prática, pode ser desafiador cultivar um local de trabalho onde diferentes gerações põem em cena seus próprios pontos fortes e fracos. No entanto, existem quatro áreas, em especial, nas quais essas diferenças podem aumentar a produtividade e a colaboração entre gerações.

TECNOLOGIA

A geração Z é a primeira verdadeiramente nativa digital. Eles são naturalmente experientes com tecnologias que

Lidar com diferentes gerações pode ser uma chance única para as pessoas aprenderem com as experiências umas das outras.

podem parecer confusas ou enigmáticas para os mais velhos. As gerações anteriores podem contar com os zennials para ajudá-las a se adaptar. Por sua vez, quem pertence à geração Z pode consultar os colegas de trabalho mais vividos para obter conselhos sobre o que fazer quando a tecnologia não é a resposta.

Em situações nas quais a tecnologia não está funcionando ou quando o uso de métodos mais antigos é simplesmente mais eficaz, a geração Z tem muito a aprender com gerações mais experientes, afirma Donna Butts, diretora executiva da organização de defesa intergeracional Generations United.

“Costumávamos trabalhar sem tecnologia, então sabemos nos virar. Há coisas que podemos analisar e resolver”, diz Butts. “Essa é a vantagem das diferentes experiências e habilidades que as pessoas trazem.”

ESTILOS DE COMUNICAÇÃO

Diferentes gerações geralmente diferem no jeito como preferem se comunicar – seja falando pessoalmente, pelo telefone, por e-mail ou por mensagens em redes sociais. Quando dois modos de comunicação entram em choque, é mais provável que surjam conflitos.

Em situações nas quais a tecnologia não está funcionando, a geração Z tem muito a aprender com os mais experientes.

“Às vezes é um pouco mais difícil para os mais jovens se expressarem verbalmente, ou com pessoas desconhecidas, porque eles estão acostumados a fazer isso por meio da tecnologia”, exemplifica Butts. “E, muitas vezes, é mais complicado para as pessoas mais velhas se expressarem de modo natural por meio da tecnologia.”

A resposta para ambas as partes é mudar a forma como pensamos sobre a comunicação.

“A comunicação não tem a ver com como você acha que as pessoas deveriam se comunicar, mas sim com a capacidade de perguntar, entender e aceitar como o seu interlocutor prefere receber a mensagem.”

AUTOAFIRMAÇÃO

Os zennials ganharam a reputação de esperar mais dos seus empregadores. Eles priorizam a saúde mental e não se contentam com condições de trabalho abaixo da média.

“A geração Z chegou fazendo muitas demandas em termos de flexibilidade de trabalho, tempo de férias e várias outras”, explica Chuck Underwood, fundador e diretor da empresa de consultoria geracional The Generational Imperative, Inc.

muitas vezes, é mais complicado para as pessoas mais velhas se expressarem de modo natural por meio da tecnologia.

Por serem assertivos sobre o que querem, esses jovens foram rotulados como “mimados” ou “carentes” pelas gerações mais velhas, diz DeAndre Brown, o autoproclamado “vilão corporativo” do TikTok. Mas os mais velhos têm mais a ver com a geração Z do que pensam, diz ele, e não precisam ter medo de perguntar o que eles querem dos empregadores.

“Estamos apenas fazendo aquilo que outras gerações tinham muito medo de fazer e provavelmente não podiam fazer naquela época. Mas, à medida que vemos o mundo em transição e percebemos que diversas coisas agora estão normalizadas, podemos levar adiante essas mudanças e conseguimos nos defender mais agora do que provavelmente conseguiam no passado”, diz Brown.

PACIÊNCIA E LEALDADE

Quando se trata de fazer exigências, a assertividade da geração Z é uma faca de dois gumes. É bom defender o que você quer, mas deixar um emprego só porque não é perfeito também pode prejudicar sua carreira ou sua empresa.

Underwood afirma que a capacidade atual da geração Z de sustentar suas demandas se deve ao estado atual mercado de trabalho: existem atualmente 10,3 milhões de vagas de emprego nos Estados Unidos, mas apenas seis milhões de desempregados em idade produtiva.

deixar um emprego só porque não é perfeito pode prejudicar a carreira ou a empresa.

Isso significa que os empregadores estão dispostos a atender às demandas dos jovens, mas nem sempre será esse o caso. Essa geração tem algo a aprender com a lealdade profissional de gerações como a X e reconhecer que há valor em permanecer em uma empresa durante um período de crescimento.

“Tudo bem exigir tudo o que quer, mas você pode não conseguir tudo. Estamos em uma situação temporária, na qual o jogo está mais inclinado a favor dos empregados do que dos empregadores. Mas isso vai acabar e a geração Z precisa estar preparada para exigir contratos de trabalho realistas”, aconselha Underwood.

Ele também diz que é importante não fazer críticas generalizadas aos mais jovens e tentar enxergar os jovens com mais benevolência. Podemos fazer críticas, mas elas sempre precisam ser contextualizadas e levar em conta o fato de que a geração Z está em idade produtiva há apenas alguns anos.

Ainda vai levar algum tempo para sermos capazes de definir as suas filosofias de trabalho e o seu impacto a longo prazo no mundo dos negócios.


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