Seis sinais de que o excesso de trabalho pode estar sobrecarregando o seu corpo

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A primeira vez que Maria sentiu aquele tipo de dor de cabeça, foi às 9h da manhã de uma terça-feira ensolarada. Mas ela tinha um longo relatório para entregar, então resolveu beber algumas xícaras de café e começar a trabalhar.

A dor de cabeça persistiu, e logo seus ombros começaram a ficar tensos. Por volta das 14h, ela precisou se debruçar sobre a mesa, com a cabeça latejando entre as mãos. 

Maria é uma amiga minha. Durante semanas, ela me relatou que andava impaciente com os colegas de trabalho, que até brigava com eles de vez em quando e que continuava sentindo essas dores de cabeça aleatórias ao longo do dia. “Parece que seu corpo está tentando te dizer alguma coisa”, eu sugeri a ela durante um almoço. 

A verdade é que Maria aprendeu a superar seu desconforto físico em nome da produtividade. Ela vinha trabalhando 60 horas por semana com prazos constantes para cumprir, mas acreditava ingenuamente que tudo o que ela precisava era aprender a administrar melhor seu tempo.

Muitos de nós somos de fato desorganizados. Mas acredito que cuidar do calendário e da agenda não é o suficiente para escapar dessa sensação constante de excesso de trabalho. 

COMO O EXCESSO DE TRABALHO LEVA À DESTRUIÇÃO DO CORPO E DA MENTE

“Existem duas principais maneiras pelas quais o excesso de trabalho pode reduzir a saúde e a longevidade”, escreve a colaboradora da BBC, Christina Ro. “Uma é o custo biológico do estresse crônico, com um aumento nos hormônios do estresse que leva à elevação da pressão arterial e do colesterol”. Ela continua: “Depois, há as mudanças de comportamento. Aqueles que passam longas horas trabalhando provavelmente estão dormindo pouco, se exercitando pouco, comendo alimentos não saudáveis ​​e fumando e bebendo para compensar tudo isso.”

Os efeitos do excesso de trabalho em nossa saúde são tão graves que um novo estudo alarmante da Organização Mundial da Saúde e da Organização Internacional do Trabalho descobriu que as pessoas que trabalham mais de 54 horas por semana estavam se colocando em grave risco, e que 750 mil pessoas morrem de doença cardíaca coronária e acidente vascular cerebral.

Ro observa que a “morte por excesso de trabalho” não acontece da noite para o dia; seus efeitos se acumulam lentamente ao longo dos anos. “Em última análise, o problema do excesso de trabalho – e os danos que eles geram à saúde – continuará se não fizermos mudanças em nossas vidas profissionais”, escreve ela.

SINAIS DE QUE SEU CORPO ESTÁ PERTO DE UM BURNOUT

Névoa cerebral, pressão alta, fadiga, dores de cabeça – todos esses sintomas são alertas vermelhos que muitas vezes ignoramos.  Mas, como aconteceu com minha amiga Maria, que aprendeu a ignorar seu próprio desconforto físico, muitas vezes há sinais que nos dizem que estamos enfrentando mais do que podemos suportar. Adam Borland, psicólogo da Cleveland Clinic, descreve a carga excessiva no trabalho fazendo uma analogia com um tanque de gasolina: “É como um carro tentando andar com uma quantidade muito limitada de gasolina no tanque. Esperamos apresentar um desempenho físico e cognitivo em um nível alto, mas, na realidade, nossas reservas estão esgotadas.

Então, a quais sinais devemos estar atentos para evitar a tensão do excesso de trabalho?

De acordo com especialistas, em vez de analisar sintomas isoladamente, devemos fazer um inventário holístico do nosso bem-estar geral. De acordo com a Cleveland Clinic, aqui estão alguns dos maiores indícios do desequilíbrio entre vida profissional e pessoal:

  • Você parou de se cuidar
  • Seu sono está desregulado
  • Você está pulando refeições ou está comendo mal
  • Você não está fazendo exercícios regularmente para equilibrar o estresse
  • Você está recorrendo a substâncias, como drogas ou álcool, quando se sente sobrecarregado
  • Você está negligenciando relacionamentos importantes e abrindo mão da vida social

PORQUE VOCÊ DEVE OUVIR SEU CORPO

Há muito tempo, venho defendendo o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal. Por exemplo: não acredito na necessidade de responder e-mails nos finais de semana ou tarde da noite. Para mim, tirar um tempo para fazer absolutamente nada é tão vital quanto as horas que passamos produzindo. Meu argumento é que todos nós precisamos de tempo de inatividade para ouvir e aprender com nossos corpos. Quando você está sempre na correria, sua adrenalina te mantém ligado, apesar dos sintomas físicos insalubres que possam surgir. 

“Em nossa sociedade, é muito comum que as pessoas habitualmente passem pela fadiga”, escreve Susan Biali Haas M.D. para Psychology Today. “Basta tomar uma xícara extra de café, comer algo açucarado para dar uma carga temporária de energia ou tomar uma bebida energética, em vez de desacelerar ou descansar. Afinal, resolver as pendências diárias é mais importante – ou pelo menos é isso o que quase todo mundo tende a pensar.”

No final, foi isso que eu disse à minha amiga: você tem que fazer pausas, ou pelo menos pequenas pausas, ao longo do dia. Não tente apenas reorganizar seu calendário; você precisa parar deliberadamente e ouvir o que seu corpo está tentando dizer.

RECUPERANDO O FÔLEGO

Em artigo bastante revelador publicado na Harvard Business Review, as coautoras Stephanie J. Creary e Karen Locke propõem que podemos aprender a ajustar os padrões de excesso de trabalho aprendendo a nos envolver de maneira diferente com nossos corpos. Exercícios de atenção plena, como ioga e meditação, podem nos ajudar a nos tornar mais conscientes de nossas experiências corporais. Muitas vezes, estamos tão envolvidos no estresse do trabalho que desligamos nossa percepção do desconforto físico. Mas quando fazemos um escaneamento do corpo, estamos nos escaneando mentalmente da cabeça aos dedos do pé – percebendo sensações e doenças como dores, tensão ou azia.

Até mesmo fazer uma caminhada tranquila na natureza pode nos ajudar a voltar a nós mesmos. Na maioria das vezes, o gesto de desacelerar e de entrar em contato consigo mesmo vale mais do que correr para resolver o próximo item da sua fila de tarefas.


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