Sofrer de “síndrome do impostor” pode ter um lado bom, afinal

Crédito: Fast Company Brasil

Sara Sabin 4 minutos de leitura

Uma ameaça oculta para muitos de nós ao enfrentar novos desafios é a síndrome do impostor. Ela faz com que você se sinta incompetente e viva com medo de que as pessoas descubram que, na verdade, você é “uma fraude”. Este é um sentimento que persiste mesmo que seus colegas de trabalho ou as pessoas do seu círculo social o vejam de uma maneira completamente diferente. E não é algo incomum: 70% se sentem assim em algum momento da vida, de acordo com um estudo realizado em 2011 e publicado no International Journal of Behavioral Science.

O surpreendente é que a síndrome do impostor é mais prevalente entre pessoas com alto desempenho. Aqueles que, para os outros, parecem bem-sucedidos e têm uma longa lista de conquistas em que se ancorar, mas, por dentro, sentem uma enorme ansiedade em serem “descobertos” e revelados como impostores.

Ao longo de anos trabalhando como coach de executivos, ainda não tive sequer um cliente que não sofresse da síndrome do impostor em algum nível. Se você também sofre com isso, lembre-se de que existem outras pessoas assim. Os melhores profissionais do mundo também passam por isso. Por outro lado, ela pode ser um sinal de que você está saindo da sua zona de conforto. Quando sentir-se como um impostor, saiba que é normal que surja alguma dúvida sobre si mesmo (já que está finalmente saindo de sua zona de conforto e buscando novos objetivos).

não importa se temos muita experiência ou qualificação, a síndrome do impostor sempre afeta a maneira como nos enxergamos.

Pense nisso como um sinal de progresso. Esse pensamento pode motivá-lo a alcançar objetivos maiores. Esteja ciente de que não importa se temos muita experiência ou qualificação, ela sempre afeta a maneira como nos enxergamos.

A síndrome do impostor pode ter tanto um lado negativo quanto positivo. Se conseguir encontrar maneiras de lidar com ela e superá-la, aprenderá, se desenvolverá e se tornará mais resiliente. No entanto, quando sentimos que somos “impostores”, é comum que procrastinar ou tornar-se perfeccionista. A pessoa pode até conseguir suprimir a ansiedade e insegurança, mas isso pode ter um preço alto.

Se você constantemente se aventura por novos desafios, é provável que sofra com a síndrome do impostor com frequência, mas pode aprender a administrá-la. Veja algumas maneiras de lidar com ela.

ENTENDA SEUS GATILHOS

O primeiro passo para lidar com a síndrome do impostor é reconhecer quais situações desencadeiam esse sentimento. Ter que falar em reuniões? Falar em público? Estar em uma situação em que consideram você especialista?

Quando estamos diante de um gatilho, ocorre um “sequestro emocional” e o medo começa a tomar conta. Mas, uma vez cientes do que desencadeia esse sentimento, somos capazes de entender o que está acontecendo e, assim, conscientemente nos comportar de modo diferente.

Reconheça o que está sentindo e como isso o impede de agir. De certa forma, é um bom sinal, já que os verdadeiros impostores não tendem a se enxergar como tal.

RECONHEÇA QUE ESSAS EMOÇÕES SÃO FALSAS

Algo bastante útil é dizer a si mesmo: “Só porque me sinto de uma determinada maneira, não quer dizer que seja verdade”. Na realidade, tendemos a acreditar

não importa se temos muita experiência ou qualificação, esse sentimento afeta a maneira como nos enxergamos.

que sabemos menos do que de fato sabemos. Além disso, qualquer falta de conhecimento ou habilidade pode ser compensada com dedicação e estudo. Você não se tornará um especialista no que faz até que coloque em prática o que aprendeu. Livros e conhecimento não substituem a prática. É possível fazer um curso de oratória, por exemplo, mas até que comece a realmente discursar para grandes públicos, você não se tornará um perito. 

CONFIE EM SI MESMO(A)

O problema em ter bom desempenho e objetivos bem definidos é que, mesmo quando você os alcança, nunca comemora ou se dá o devido crédito, por não considerar que foi “bom o suficiente” ou por já estar pensando nos próximos passos. É importante reconhecer o seu feito.

Faça uma lista de suas conquistas anteriores para ganhar confiança. Lembrar de cada sucesso que obteve nos últimos anos, seja pequeno ou grande, pode revelar que você fez mais do que pensa.

Isso também inclui o que não deu certo. Por exemplo, mesmo que um negócio, emprego ou relacionamento não tenha “funcionado”, não significa que não tenha servido a algum propósito. É importante reconhecer o lado positivo dos erros.

TOME UMA ATITUDE

Para ter confiança em si mesmo, antes, é necessário ter coragem. Na minha opinião, o conceito de “autoconfiança” é superestimado. Não é possível estar confiante se é algo que você nunca fez antes. A confiança se desenvolve ao longo do tempo, à medida que ganhamos mais experiência e dominamos certa habilidade ou ofício (seja lá o que for). Mas, inevitavelmente, a coragem vem em primeiro lugar. Sem ela, você provavelmente escolherá caminhos mais fáceis e seguros e vai continuar na sua zona de conforto.

É preciso entender por que ter atitude é tão importante. Como aprender ou tentar algo novo poderá ajudá-lo? Como contribuirá com o impacto que quer causar? Concentre-se nisso e finalmente verá os benefícios de se tornar bom em algo que te assusta.

Assim, você gradualmente vai se aventurando para fora da sua zona de conforto. Procure fazer mais e mais coisas que o assustam e faça disso um hábito.


SOBRE A AUTORA

Sara Sabin é coach para líderes executivos e empreendedores, proprietária de empresas e fundou diversas startups ao longo dos anos. saiba mais