Esta simples cadeira tem o menor impacto ambiental do mundo

A Takt rastreou a pegada ambiental de sua cadeira Cross, desde o projeto até a entrega

Crédito: Takt

Nate Berg 3 minutos de leitura

A Cross Chair, da marca dinamarquesa de móveis Takt, é provavelmente a cadeira mais sustentável do mundo. Em uma iniciativa inédita no setor, a cadeira de madeira foi submetida a uma análise exaustiva de seu ciclo de vida, a fim de determinar seu impacto ambiental. 

Medindo aspectos comuns, como a pegada de carbono de seus materiais e transporte, além de aspectos como o uso da terra, a destruição da camada de ozônio e a ecotoxicidade da água doce, a análise apresenta um olhar quase obsessivo sobre o impacto que uma cadeira tem no mundo e pode contribuir para a criação de móveis mais sustentáveis no futuro.

Essa análise foi realizada por meio de um método chamado ferramenta de relatório Product Environmental Footprint (PEF), desenvolvido com base nos métodos da Comissão Europeia pela Målbar, uma empresa especializada em análises de ciclo de vida. 

A PEF mede o impacto ambiental de um produto levando em conta 16 fatores, cada um dos quais é ponderado por sua importância geral. Essas medidas são combinadas em uma única pontuação, que é comparada a uma linha de base de 1, que representa o impacto ambiental médio de um cidadão global. A pontuação da Takt's Cross Chair é 0,002506759.

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Por enquanto, esse número talvez não seja muito significativo. Mas o CEO e fundador da Takt, Henrik Taudorf Lorensen, diz que, à medida que mais produtos forem submetidos a essa análise de ciclo de vida, esse número se tornará uma nova maneira de marcas e produtos se diferenciarem. 

"Espero que as pessoas comecem a comparar não apenas o custo monetário, mas também o preço ambiental que você paga", diz ele. "Esse será um fator competitivo."

O FUTURO DO MOBILIÁRIO SUSTENTÁVEL

A Takt fez da transparência ambiental uma parte fundamental de sua marca. A empresa foi fundada há cinco anos com a intenção de reduzir o impacto climático dos móveis. Só nos EUA, estima-se que cerca de 12 milhões de toneladas de resíduos de móveis sejam jogados fora todo ano.

Crédito: Takt

Lorensen diz que o setor de móveis abandonou o senso de responsabilidade ambiental em busca de produtos com preços mais baixos. A atribuição de uma pontuação aos impactos do ciclo de vida de um móvel poderia ser uma forma de ajudar os consumidores a optar por fabricantes mais responsáveis.

O PEF levou cerca de dois anos para ser desenvolvido e envolveu o rastreamento de informações sobre materiais, fornecedores e até mesmo partes obscuras das próprias instalações de produção da Takt. 

A empresa rastreou a pegada de carbono de seus produtos desde o início e sabia que esse era o maior impacto ambiental da Cross Chair, um assento simples que é vendido por cerca de US$ 440. A maior parte da pegada de carbono é proveniente dos materiais e de seu transporte.

Depois que todos os relatórios foram concluídos, Lorensen descobriu que uma parte bastante grande do impacto ambiental da cadeira era de material suspenso em partículas locais, proveniente especificamente da queima de restos de madeira para aquecimento na fábrica da Takt. Não havia um filtro de partículas na chaminé, fato que foi revelado nesse processo. 

Crédito: Takt

Ainda não se sabe se outras empresas farão análises semelhantes, mas Lorensen explica que essa abordagem não deve ser vista como uma forma de expor a roupa suja de uma empresa. À medida que mais empresas se empenham em monitorar e divulgar sua responsabilidade social corporativa, uma pontuação como a do PEF pode ser incluída nesse relatório.

Esse tipo de análise do ciclo de vida também pode se tornar um diferencial de venda, como um rótulo orgânico em um item de supermercado ou um rótulo de eficiência energética em um eletrodoméstico.

Mas Lorensen diz que esse tipo de interesse em massa por móveis sustentáveis é um potencial distante, e não é realmente o objetivo por enquanto. "Não estamos sendo motivados pela demanda do mercado por essa questão", diz ele. "Nossa motivação é fazer o que é certo."


SOBRE O AUTOR

Nate Berg é jornalista e cobre cidades, planejamento urbano e arquitetura. saiba mais