Trazer mais mulheres para a tecnologia é desafio de todas e de todos

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Elisa Gomes 3 minutos de leitura

Os caminhos para o futuro da humanidade, ao que tudo indica, estão na mão das mulheres. Elas já são a maioria da população no Brasil (cerca de 51,5%) e, segundo o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV/ IBRE), chefiam mais da metade dos lares brasileiros (50,9%).

Quando olhamos para um contexto de longevidade, um dos temas caros ao negócio da Icatu, elas também saem na frente: as mulheres vivem em média sete anos a mais que os homens no Brasil (segundo o IBGE).

Ora, se as mulheres são maioria, chefiam lares e viverão mais, por que ainda ocupam uma posição tão sub-representada no universo da tecnologia, uma área central e que pavimenta o que chamamos de “futuro”? Hoje, menos de 20% dos cargos das áreas de tecnologia são ocupados por mulheres, conforme levantamento da Women in Tech.

De acordo com Rafaela Frankenthal, CEO da SafeSpace e uma das palestrantes do painel “O futuro das mulheres na tecnologia”, que aconteceu no Web Summit Rio 2024, a diversidade deveria ser palavra-chave quando falamos do desenvolvimento de novas tecnologias. Quanto menor a variedade de perfis por trás da construção de soluções, maior a chance de termos um resultado que reflete uma visão deturpada da realidade.

Caroline Nunes (esq.), Debora Kantt, Rafaela Frankenthal e Ana Lankes (Crédito: Web Summit Rio)

Isso funciona para diversas áreas desse mercado. Como pensamos em tecnologia para segurança pessoal, por exemplo, sem entender as demandas de segurança das mulheres, que claramente são distintas das necessidades e anseios masculinos?

Mas a importância de capacitar e trazer mais mulheres para a tecnologia vai muito além disso. Sem contar os benefícios óbvios para a indústria, a presença equitativa de mulheres neste setor também impulsiona a economia e a sociedade como um todo.

Estudos da consultoria MCKinsey mostram que empresas que contam com mulheres na liderança têm 21% a mais de chances de terem um desempenho acima da média.

No longo prazo, as empresas lideradas por elas já dão um retorno maior em receitas, de acordo com estudos do Boston Consulting Group (BCG), em parceria com a MassChallenge.

DESAFIO PASSA POR INSPIRAR E CAPACITAR

Caroline Nunes, fundadora e CPO da Infratoken e integrante do painel, sinaliza que o caminho para a solução consiste em inspirar, estimular que mais mulheres queiram ocupar este espaço e, principalmente, promover iniciativas de capacitação.

Em sua jornada à frente da startup, Caroline passa por um problema comum aos que se comprometem a abrir mais espaço para a presença feminina: “no último processo que conduzi, mais de 90% dos candidatos eram homens”, conta.

E, embora as mulheres sejam 60% dos estudantes que concluem a graduação no país, a fatia é de apenas 15% entre os formados em TI e computação.

a presença equitativa de mulheres no setor de tecnologia impulsiona a economia e a sociedade como um todo.

Não há um caminho das pedras, mas o pontapé inicial está dado: precisamos inspirar e fazer com que mais mulheres entendam que são capazes e podem conduzir a transformação tecnológica, assim como já fazem em diversas outras áreas da sociedade.

Na Icatu, por exemplo, as diretorias à frente de TI, data analytics e privacidade são lideradas por duas grandes mulheres. Para o futuro do mercado, posso dizer que os homens também têm parte importante nesse papel.

Repito aqui as palavras de Rafaela Frankenthal: “se você é investidor do setor, aposte e invista no potencial das empresas chefiadas por mulheres. Se você é um fundador, contrate e invista na mentoria de mulheres. Faça com que elas cresçam. Esse é um papel de todos nós”.


SOBRE A AUTORA

Elisa Gomes é gerente de inovação da Icatu Seguros. saiba mais