Lego e Epic Games querem provar que o metaverso está vivo e vai longe

As empresas estão se unindo para propor padrões e provar que o metaverso pode ser realmente divertido

Crédito: Lego

Jeff Beer 3 minutos de leitura

Todos os anos, no Festival Cannes Lions, líderes de marketing e mídia dão destaque às tendências do momento. Não é surpresa que, este ano, a atenção tenha se voltado para o uso e o impacto da inteligência artificial, enquanto o principal assunto do ano passado – o metaverso – foi praticamente esquecido. 

No entanto, duas grandes marcas globais subiram ao palco para lembrar a todos que ele continua vivo – e vai longe.

Julia Goldin, diretora de marketing da Lego, e Adam Sussman, presidente da Epic Games, compartilharam sua visão sobre o potencial do metaverso, que é a base da parceria de longo prazo entre as duas empresas. Em breve, elas lançarão novas experiências de jogo que combinam o mundo digital com o mundo real.

“Cada pessoa tem uma ideia diferente sobre o que o metaverso pode ser”, disse Sussman. “Queremos compartilhar nossa visão do metaverso como um lugar para todos, onde não seja necessário ficar preso a um dispositivo específico, plataforma móvel ou console. Queremos construir um ecossistema que convide a todos a fazer parte dele.”

A Lego e a Epic Games são duas marcas populares entre o público mais jovem e já criaram experiências digitais de sucesso, o que torna essa parceria ainda mais relevante. Mais de 240 milhões de pessoas jogaram Fortnite no último mês, e as vendas da Lego nos Estados Unidos dobraram nos últimos quatro anos.

Até agora, a crítica em relação à participação das marcas no metaverso tem sido que muitas aderiram simplesmente porque podiam, sem considerar se realmente deveriam estar lá ou que valores adicionariam à experiência.

Diversas marcas abriram lojas digitais e realizaram eventos em plataformas como Roblox e Decentraland, com resultados que variam de divertidos e envolventes, como a loja da Nike, completamente sem propósito.

Crédito: Nike

Mas é exatamente por esse motivo que a Lego e a Epic Games enxergam uma oportunidade de apresentar algo que vá além do modismo e ofereça um novo caminho para o futuro. “Sei que o metaverso parece coisa do passado, já que agora todos estão falando sobre IA generativa. Mas não queremos apenas falar, queremos agir”, ressaltou Goldin.

O METAVERSO PRECISA DE PADRÕES

Embora a parceria traga inúmeras oportunidades, o maior desafio é garantir que tudo o que a Lego e a Epic criarem seja construído com base na segurança do usuário. Os pais precisam saber que tipo de conteúdo seus filhos estão consumindo, não importa onde estejam no metaverso. “Por isso, estamos buscando estabelecer um padrão de segurança para a indústria”, afirma Goldin.

40% do tempo que as pessoas passam no Fortnite é dedicado a experiências criadas pelos próprios usuários no modo criativo do jogo.

Ambas as marcas estão propondo a adoção de um código universal de padrões de segurança para o metaverso. Esses padrões incluem acesso por meio de diversos dispositivos, não se limitando apenas a headsets de realidade virtual/ aumentada, mas também sistemas operacionais móveis e de computadores; interoperabilidade entre ecossistemas digitais; transparência e justiça; e foco no poder da comunidade e na criatividade dos usuários.

Segundo Sussman, 40% do tempo que as pessoas passam no Fortnite é dedicado a experiências criadas pelos próprios usuários no modo criativo do jogo.

A PRESENÇA DA LEGO NO METAVERSO

A Lego já começou a explorar o Unreal Engine, da Epic Games, para criar designs de embalagens, materiais de marketing e até mesmo séries completas, como o novo “Ninjago: Ascensão dos Dragões”, na Netflix.

Em março, a Epic lançou o Unreal Editor para o Fortnite e Goldin afirmou que a Lego tem integrado essas ferramentas na empresa. Por exemplo, eles já criaram uma réplica digital de mais de 10 mil peças de Lego, para permitir que seus próprios designers e comunidades construam, desmontem e reconstruam seus produtos, conjuntos, experiências digitais e novos conteúdos em uma variedade de espaços digitais.

Durante a apresentação, Goldin exibiu lado a lado fotos de dois dinossauros e desafiou a plateia a identificar qual deles era uma peça real de Lego e qual tinha sido construído com o Unreal Engine.

Ninguém soube responder.


SOBRE O AUTOR

Jeff Beer cobre publicidade, marketing e criatividade para a Fast Company. saiba mais