Microfeminismo, a nova onda no TikTok para combater o sexismo

Nas redes sociais, vídeos com milhões de visualizações propõem a quebra das barreiras de gênero enraizadas, incentivando pequenos atos diários de protesto

Créditos: Cottonbro Studio/ Pexels/ Miguel Bruna/ Unsplash

Sarah Bregel 3 minutos de leitura

Em pleno 2024, as mulheres ainda têm pouca representatividade em determinados setores e cargos de liderança – além, é claro, de terem menor remuneração em todos os setores.

O sexismo no ambiente profissional não é novidade. O fato de que as mulheres tentam lutar contra ele também não é novidade. Mas, agora, elas têm chamado a atenção para um tipo diferente de enfrentamento – o chamado "microfeminismo".

Nas mídias sociais, uma onda de mulheres tem se pronunciado sobre os pequenos atos que praticam no dia a dia para reagir ao machismo no escritório. E é muito inspirador ver o quanto esses atos de microfeminismo se espalharam.

Essas ações são sutis e podem parecer simples ou até insignificantes. Por exemplo: enviar um e-mail a um colega sem recorrer a um único ponto de exclamação para passar um tom mais assertivo, ou apoiar publicamente a boa ideia de uma colega, em vez de ficar calada.

Crédito: Freepik

Ou ainda, resistir ao impulso de se desculpar por estar correndo atrás de um pagamento atrasado, ou... parar de pedir desculpas sem motivo. Afinal, sabemos que as mulheres pedem desculpas com muito mais frequência do que os homens.

Qualquer atitude singular e assertiva que se oponha ao fato de as mulheres serem diminuídas, menosprezadas ou negligenciadas é importante.

A discussão foi iniciada pela usuária do TikTok Ashley Chaney, produtora e apresentadora de TV, que postou sobre seus atos de microfeminismo.

"Quando eu envio um e-mail para o CEO, é preciso copiar o assistente dele para fins de agendamento. Se a assistente for mulher, na linha 'para' do e-mail, eu sempre insiro o endereço dela antes do dele", explica ela em um dos vídeos.

Chaney colocou a legenda "girls girl, corporate edition" (meninas pelas meninas, versão corporativa) e adicionou a hashtag #microfeminism. Até o momento desta publicação, a postagem contava com 2,7 milhões de visualizações.

@iamashleychaney Girl’s girl, corporate edition. #microfeminism #feminist #feminism #corporatelife #girlsgirl ♬ original sound - Ashley Chaney

Na semana seguinte, a advogada Katie Wood fez um vídeo compartilhando seus próprios atos de microfeminismo – que, segundo ela, "irritam os homens", sendo, portanto, "sua tática favorita".

Um desses atos cotidianos mais sutis é usar os pronomes ela/ele para se dirigir a pessoas em posições de liderança, a menos que ela tenha certeza de que o superior em questão é um homem (ou, sem dúvida, alguém que ela conheça e que prefira pronome neutros).

@katiewood____ as always, I am for the girls 🎀 #microfeminism #feminism ♬ original sound - katie wood

A tendência deslanchou quando se trata de influenciar o comportamento no escritório. Mas algumas mulheres também começaram a compartilhar seus atos de microfeminismo fora do ambiente de trabalho.

A usuária do TikTok @Samspiegspt contou sobre um incidente em que alguém se aproximou dela com uma pergunta aparentemente simples que ela usou para inverter o roteiro. "Ontem à noite, um cara veio até mim e perguntou: 'você é a esposa do Drew? E eu disse: 'não, Drew é meu marido'."

@samspiegs Up with the matriarchy! @katie wood #microfeminism ♬ original sound - Sammy Jo

Centenas de outras pessoas compartilharam vídeos mostrando seus próprios pequenos atos de resistência contra o machismo no trabalho e em outros lugares. A hashtag #microfeminismo está agora associada a milhões de vídeos do TikTok. Cada vídeo é um ato de solidariedade com outras mulheres de uma beleza impressionante.

Por que isso é importante? Porque quando você soma todos esses atos aparentemente insignificantes, o efeito é poderoso. O microfeminismo pretende combater o machismo da mesma maneira: sutilmente, constantemente e, por fim, intensamente.


SOBRE A AUTORA

Sarah Bregel é uma escritora, editora e mãe solteira que mora em Baltimore, Maryland. Ela contribuiu para a nymag, The Washington Post... saiba mais