União Europeia investiga X por uso de dados pessoais em Inteligência Artificial; entenda polêmica
Autoridade de proteção de dados da Irlanda apura coleta de informações públicas para treinar o Grok, IA vinculada à plataforma anteriormente conhecida como Twitter

A rede social X, antigo Twitter, está no centro de uma nova investigação aberta pela autoridade de proteção de dados da Irlanda, responsável por supervisionar a aplicação do regulamento europeu de proteção de dados (GDPR, na sigla em inglês) em diversas grandes empresas de tecnologia.
A apuração quer esclarecer se a empresa está utilizando dados pessoais de usuários da União Europeia (UE) para treinar seus modelos de inteligência artificial, em especial o Grok.
Segundo o que repercutiu a AFP, um comunicado do Data Protection Commission (DPC), autoridade irlandesa que atua em nome da UE em casos envolvendo empresas sediadas em seu território, diz que o foco da investigação está na utilização de informações postadas publicamente na plataforma por usuários residentes tanto na União Europeia quanto no Espaço Econômico Europeu (EEE).
O DPC esclareceu que a apuração busca verificar se o uso desses dados respeita as normas estabelecidas pelo Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados (GDPR), em vigor desde 2018. A legislação europeia estabelece critérios rigorosos para a coleta, armazenamento e uso de dados pessoais, mesmo quando essas informações são tornadas públicas pelos próprios usuários.
“A investigação analisará a conformidade do X com suas obrigações no âmbito do GDPR, especialmente em relação à transparência e à base legal utilizada para processar dados pessoais com a finalidade de treinamento de sistemas de inteligência artificial”, destacou a autoridade irlandesa no comunicado.
Grok, a IA do X, desenvolvida por empresa de Elon Musk
O centro da polêmica é o Grok, o chatbot de inteligência artificial integrado à plataforma X. Lançado como parte da estratégia de Elon Musk para transformar a rede social em um ecossistema digital mais amplo, o Grok foi desenvolvido pela xAI, empresa fundada pelo bilionário em 2023, e está disponível para assinantes premium da rede.
A proposta do Grok é competir com outros modelos de IA generativa como o ChatGPT, da OpenAI, e o Gemini, do Google. Para isso, o sistema precisa ser alimentado por grandes volumes de dados, processo conhecido como "treinamento de IA" — e é justamente esse ponto que está sob escrutínio das autoridades europeias.
Especialistas alertam que dados publicamente acessíveis também estão protegidos pelo GDPR, o que significa que seu uso para fins distintos do propósito original — como alimentar algoritmos de aprendizado de máquina — pode configurar violação da privacidade, caso não haja uma base legal clara e consentimento dos titulares.