Onde tropeçam as agtechs que buscam capital para crescer

Estudo aponta os grandes erros que as agtechs cometem quando buscam recursos junto a investidores

Créditos: Abdullah Baloch/ iStock

Fábio Cardo 2 minutos de leitura

O time de analistas da consultoria e gestora de recursos Barn Invest, que tem à frente Flávio Zaclis como fundador e CEO, divulgou um sucinto e objetivo documento destacando os grandes erros que as agtechs cometem quando buscam recursos junto a venture capital.

Os analistas tomaram por base centenas de propostas que puderam avaliar ao longo de sua história. E chegaram aos 10 erros da lista a seguir:

1. Rede de distribuição pobre

As agtechs que não estruturam bem suas redes de distribuição dificilmente conseguem escalar seus negócios. O problema é mais crítico em países com largas extensões territoriais. As parcerias com revendedores, tradings, bancos e outros de relacionamento comercial são importantes.

2. Produto que não comprova ganho de eficiência

Dados bem estruturados e casos reais de negócios e de sucesso transmitem confiança na estrutura do negócio.

3. Bom não é suficiente

As principais métricas para mensurar a relevância do produto são taxa de rotatividade, engajamento e preços médios.

4. Baixo engajamento, alta rotatividade

Como acontece com qualquer produto, para reter clientes ao longo do tempo a empresa deve mostrar alta recorrência e engajamento para, eventualmente, apresentar baixo churn. Mas, devido aos custos mais altos de aquisição de clientes, acompanhar o engajamento fica ainda mais sério com agtechs. Perder um cliente, nesse setor, dói mais.

5. Mercados de nicho, difíceis de escalar

Muitas ótimas soluções abordam pontos problemáticos específicos. Para “soluções de nicho”, a integração com plataformas maiores é fundamental.

6. Conectividade ruim

Software e hardware podem ser ferramentas poderosas no gerenciamento de uma fazenda. Sem conectividade, informação em tempo real e tomada de decisão podem se tornar um problema. No Brasil, por exemplo, apenas 20% das áreas possuem algum tipo de conexão com a internet (e geralmente muito ruim).

Assim, uma solução que só funcionará online não fará muita diferença na maioria dos países agrícolas/ em desenvolvimento. Para escalar, as soluções devem ser capazes de funcionar bem offline (por exemplo, coletar dados).

7. Equipes fundadoras sem habilidades complementares

A dinâmica do setor é complexa, dificultando a formação de uma equipe fundadora que reúna as habilidades necessárias para construir grandes empresas com a adoção de tecnologias disponíveis no mercado. Habilidades em gestão e tecnologia são fundamentais.

8. Diversificação geográfica fraca

A agricultura é uma atividade que tem um risco climático embutido. Ao vender produtos e/ ou serviços agtech, a diversificação geográfica torna-se uma importante forma de mitigar o risco. Outra estratégia pode ser atender diferentes lavouras, mas o risco de regionalidade ainda estaria presente.

9. Grandes players podem ditar escalabilidade

Algumas agtechs não podem escalar sem alavancar os principais players do setor – produtor de insumos, distribuidor, trading company etc. No entanto, quando essa relação é a única alternativa à escala, torna-se um problema.

10. Barreira de entrada reduzida

Devido à sua natureza, alguns produtos e modelos de negócios têm baixo custo de entrada e barreiras. Diversas empresas desenvolvem soluções semelhantes, com pouca diferenciação. Sistemas de gerenciamento de fazendas, ERPs, imagens e satélite gerenciamento de colheita, rastreamento de maquinário e softwares de precisão existem em grande quantidade. Boas empresas atuam nesse espaço, mas é um conjunto de soluções superlotado e com excesso de oferta.


SOBRE O AUTOR

Fábio Cardo é economista de formação, atua em comunicação empresarial e empreendedorismo e é co-publisher do canal FoodTech da Fast Co... saiba mais