Hardware é a peça que falta no quebra-cabeça da crise climática

Focar em hardware pode ter um impacto ainda maior na redução das emissões de carbono

Crédito: Zauben

Zach Smith 4 minutos de leitura

Como fundadores e investidores comprometidos com o clima, temos a responsabilidade de assumir riscos calculados para impulsionar mudanças significativas e causar um impacto expressivo na redução das emissões de carbono.

Tradicionalmente, os investimentos de risco no setor de tecnologia têm se concentrado em empresas de software, mas acreditamos que é hora de adotar uma abordagem diferente. Empresas de hardware, ou aquelas que projetam e fabricam produtos físicos, têm o potencial de contribuir ainda mais na luta contra as mudanças climáticas.

Como investidores climáticos, é hora de nos perguntarmos: estamos fazendo os investimentos mais impactantes que podemos?

O hardware pode reduzir drasticamente as emissões de carbono em uma escala muito maior. Robert Smith, vice-presidente de tecnologia da Greensoil PropTech Ventures e líder de serviços de inovação em construção da Greensoil, destaca o papel fundamental que esses componentes físicos têm nos esforços de sustentabilidade.

“Embora o software analise dados para prever e identificar oportunidades de redução de energia e emissões de carbono, é o hardware que transforma esses insights em ação. Por exemplo, implementar controles de hardware nos sistemas de construção permite que proprietários e operadores aumentem a eficiência dos equipamentos, levando a uma redução no uso de energia e água”, explica Smith.

Apesar dos altos níveis de investimento em tecnologia climática, uma parcela considerável desses fundos está sendo direcionada para soluções de software, enquanto as startups de hardware ficam para trás.

Michael Beckerman, CEO da CREtech Climate, acrescenta que, para descarbonizar a indústria imobiliária global, “especialistas estimam que será necessário US$ 20 trilhões entre agora e 2050”.

ALTERNATIVAS ECOLÓGICAS

"As startups de hardware podem ter um impacto ambiental substancial através dos produtos que criam. Os investidores de risco estão percebendo cada vez mais o papel fundamental que elas desempenham na redução das barreiras para a inovação em hardware”, destaca Nish Patel, sócio-gerente da Inertia VC (que investe na minha empresa, a Zauben).

De painéis solares e turbinas eólicas a soluções de armazenamento de energia, essas empresas estão liderando a transição para um futuro de energia limpa. E com a expectativa de que a demanda global por energia renovável triplique até 2040, nunca houve um momento mais crítico para investir nessas tecnologias.

Mas não é apenas no setor de energia que o hardware pode fazer a diferença. De acordo com um relatório recente das Nações Unidas, a indústria da construção responde por 39% das emissões globais de carbono, sendo os materiais utilizados e o transporte os principais emissores.

Casa impressa em 3D (Crédito: Mighty Buildings)

Empresas inovadoras de impressão 3D, como a Mighty Buildings, estão utilizando materiais sustentáveis e otimizando o processo de construção para reduzir as emissões. Segundo a empresa, sua tecnologia de impressão 3D pode reduzir o desperdício de material em até 99% em comparação aos métodos tradicionais de construção.

“A recente onda de startups de engenharia de hardware e materiais é vital para o desenvolvimento de novas soluções que podem ajudar a mitigar os impactos das mudanças climáticas. Soluções criativas, desde materiais inteligentes a redes elétricas e sistemas energéticos mais eficientes, já nos fazem questionar os antigos padrões de eficiência”, afirma Alexey Dubov, cofundador da Mighty Buildings.

com a expectativa de que a demanda global por energia renovável triplique até 2040, nunca houve um momento mais crítico para investir nessas tecnologias.

“Com os recentes avanços nas operações de construção, códigos de eficiência energética e fornecimento de energia mais verde, o carbono incorporado inicial de um novo edifício está rapidamente se tornando a maior parte do seu impacto”, diz Sam Ruben, cofundador e consultor de sustentabilidade da Mighty Buildings e investidor da Zauben. 

“Para alcançar essas reduções, é fundamental que novos materiais e processos de construção sejam desenvolvidos. Estas são coisas físicas que exigem hardware para possibilitar a produtividade e a economia necessárias para garantir viabilidade econômica e ambiental”, complementa Ruben.

Casas impressas em 3D são um grande passo, mas a tecnologia baseada na natureza também está avançando. No futuro, casas e cidades serão estruturas vivas graças a novos materiais de construção.

Crédito: Zauben

É aí que entram as paredes vivas e os telhados verdes. Estas tecnologias climáticas baseadas na natureza não apenas absorvem dióxido de carbono do ar, mas também oferecem uma variedade de outros benefícios, incluindo melhoria na qualidade do ar, redução nos custos de energia e aumento da biodiversidade.

Por exemplo, um relatório da “Nature” sugere que tornar 35% das áreas urbanas da União Europeia mais verdes poderia reduzir as emissões de CO2 em até 55,8 milhões de toneladas por ano.

Considerando que o mercado de construção verde terá um crescimento estimado de US$ 774 bilhões até 2030, fica claro que essas tecnologias são peças essenciais do quebra-cabeça para descarbonizar nossas cidades e combater as mudanças climáticas.

Como investidores climáticos, é hora de nos perguntarmos: estamos fazendo os investimentos mais impactantes que podemos? Estamos dispostos a arriscar em empresas de hardware que têm o potencial de reduzir as emissões de carbono em escala global?


SOBRE O AUTOR

Zach Smith é CEO e cofundador da empresa de paisagismo e arquitetura Zauben. saiba mais