Após uma década, os serviços de streaming finalmente começaram a dar lucro
Netflix, Spotify e outras empresas passaram uma década torrando seu dinheiro. Mas, com o tempo, se tornaram lucrativas — e agora são as estrelas da indústria

Até bem pouco tempo atrás, especialistas alertavam para o provável fim do streaming. De Netflix a Spotify, essas empresas estavam torrando dinheiro. Como elas poderiam continuar operando? E como o streaming se tornou lucrativo?
O fato é que, agora, quase todos os serviços de streaming conseguiram resultados positivos. A Netflix provoca a inveja de toda a indústria do entretenimento, enquanto seus concorrentes, como Disney+ e Max, também conseguiram reverter suas perdas.
Na semana passada, as ações do Spotify subiram 13% depois que a empresa anunciou seu primeiro ano completo de lucratividade. Ainda há empresas com dificuldades, mas, no geral, o streaming se consolidou como um modelo de negócios bem-sucedido.
Fica a lição: para as tecnologias emergentes, a paciência tem seu valor. O streaming se tornou lucrativo, mas levou mais de uma década para acertar, combinando o crescimento de usuários com as vendas de anúncios de maneira que gerasse lucros. Podemos esperar o mesmo de de todos que inovam com base em tecnologia.
COMO O STREAMING SE TORNOU LUCRATIVO
No final dos anos 2010, as coisas não pareciam promissoras para a Netflix. Eles estavam tendo lucro, é claro, mas a dívida era imensa. A empresa acumulou US$ 15 bilhões em dívida de longo prazo até o final de 2020.
Comparado aos lucros trimestrais de cerca de US$ 1 bilhão, a Netflix parecia prestes a naufragar. Uma manchete da CNN na época dizia: “Netflix está torrando dinheiro. Isso não pode durar para sempre.”
Agora, todo mundo quer seguir o exemplo da Netflix. Sua margem é de 22%, com lucros de US$ 8,71 bilhões no ano passado (a partir de cerca de US$ 39 bilhões em receita).
Evidentemente, o negócio está em expansão. A Netflix somou o recorde de 19 milhões de assinantes no quarto trimestre de 2024, principalmente por conta da luta ao vivo entre Jake Paul e Mike Tyson. E o plano com anúncios, que costumava ser uma pequena parte do negócio, está crescendo rapidamente.
As empresas de inteligência artificial estão apostando no futuro. A IA pode não ser lucrativa agora, mas será.
As operadoras menores, que eram motivo de piada no mercado financeiro, agora estão alcançando a lucratividade. A Max teve seu primeiro lucro (US$ 103 milhões) em 2023. Três anos antes, a WarnerMedia havia jogado a culpa das perdas de US$ 1,2 bilhões em 2020 nos investimentos feitos no serviço de streaming.
A divisão de streaming da Disney, que inclui o Disney+ e o Hulu, alcançou o segundo trimestre consecutivo de lucratividade. Em 2022, essa divisão estava fazendo a empresa perder mais de US$ 3 bilhões.
Agora, o Spotify se juntou ao clube. Durante anos, a plataforma não conseguiu apresentar resultado positivo. O prejuízo atingiu um pico no segundo trimestre de 2023, quando a empresa perdeu cerca de US$ 256 milhões. Agora, eles fecharam um ano completo com lucro.
A VIRTUDE DA PACIÊNCIA COM AS TECNOLOGIA EMERGENTES
A quantidade de dinheiro perdido fez do streaming um alvo fácil. Em 2020, quando a Netflix estava sobrecarregada com cerca de US $15 bilhões em dívida de longo prazo, seu valor de mercado era de US$ 239 bilhões. Como alguém poderia apostar cegamente em uma empresa que estava jogando dinheiro fora? Mas eram apostas de longo prazo – e essas apostas acabaram se pagando.

O mesmo poderia ser dito sobre dezenas de ramos emergentes da tecnologia. Pense no caso da IA. A OpenAI, a queridinha da indústria, perdeu US$ 5 bilhões em 2024 – e continua recebendo mais dinheiro.
Recentemente foram US$ 6,6 bilhões em novos investimentos e uma linha de crédito de US$ 4 bilhões. Como se pode justificar isso? As empresas de inteligência artificial (com a OpenAI à frente) estão apostando no futuro. A IA pode não ser lucrativa agora, mas será.
É difícil confiar no CEO da OpenAI, Sam Altman, quando ele faz grandes promessas. Mas, se o streaming for um indicativo, ele pode estar certo. O mercado de tecnologia exige paciência. Não é uma questão de meses, mas de anos.