3 características comuns dos maus chefes (e o que fazer para melhorar)

Novas pesquisas sugerem que os chefes ruins têm muito em comum

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Stephanie Vozza 4 minutos de leitura

Seu chefe atual é o pior de todos que você já teve? Uma em cada quatro pessoas responderia que “sim” a essa pergunta, de acordo com uma pesquisa da Perceptyx, empresa de consultoria especializada em pesquisas e análises de funcionários. Se você não faz parte desse grupo, é bem provável que algum de seus colegas de trabalho faça. 

Mas será que de fato existem mais chefes ruins por aí hoje em dia? Ou as pessoas é que estão mais à vontade para falar mal deles? Emily Killham, diretora de pesquisa e insights da Perceptyx, diz que é um pouco das duas coisas. 

“Quando comecei nesta área, há 25 anos, as pessoas ainda estavam começando a aprender o que significava ser um verdadeiro gestor de pessoas, alguém que desenvolve e se concentra na carreira dos subordinados, ajudando-os a evoluir”, diz ela.

“Antes disso, tínhamos capatazes. Agora, os funcionários verbalizam suas expectativas. Para as empresas, investir em gerentes de pessoas passou a ser uma boa aposta.”

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Os chefes podem deixar a desejar se suas empresas exigirem mais deles. “Eles estão sendo solicitados a fazer muitas coisas que nunca tiveram que fazer antes – coisas para as quais não foram capacitados pelas empresas”, diz Killham.

“É uma pressão vinda de cima para que os chefes façam mais com menos. Eles precisam gerenciar os funcionários e seu bem-estar e, ao mesmo tempo, manter a produtividade alta.”

A Perceptyx pesquisou 1,5 mil gerentes e 1,5 mil funcionários para determinar o que caracteriza um chefe ruim. Embora um chefe considerado ruim por um funcionário possa ser considerado ótimo por outro, aqueles considerados os piores têm muito em comum. Aqui estão as três principais características:

1. Eles são incompetentes

Os piores chefes são incompetentes, com 46% dos participantes da pesquisa mencionando essa característica.

Os chefes estão sendo solicitados a fazer muitas coisas para as quais não foram treinados.

“Os trabalhadores esperam que seus líderes entendam qual é o trabalho que eles fazem e as dificuldades que estão enfrentando”, diz Killham. “Mas descobrimos que os chefes considerados incompetentes não entendem o trabalho de seus funcionários e, mesmo assim, dão ordens sobre como fazê-lo.”

Na pesquisa, a incompetência está associada à falta de apoio, que acontece quando os chefes não protegem o empregado. “Eles estão interessados no meu desenvolvimento? Estão me defendendo quando se trata de políticas da empresa ou carga de trabalho extra? Eu sinto que eles estão no meu time? É isso que faz de alguém um bom chefe: ser um profissional que está na sua equipe”, diz Killham.

2. Eles são desrespeitosos

A segunda característica mais apontada na pesquisa foi “ser desrespeitoso”, mencionada por 28% dos entrevistados.

Os trabalhadores esperam que seus líderes entendam qual é o trabalho que eles fazem e as dificuldades que enfrentam.

“Que tipo de respeito é esse se eu, como funcionário, entro em contato para pedir uma opinião e não recebo nenhuma resposta? Se peço orientação e demoro três horas aprendendo, mas o gerente me cobra que eu já tenha feito o trabalho nesse meio tempo? Como posso executar um bom trabalho se não tenho as informações de que preciso?”, questiona a executiva.

O desrespeito também pode acontecer depois que a pessoa se abre com o gerente sobre as dificuldades que está enfrentando no trabalho por causa de algum relacionamento interpessoal ou porque uma nova política da empresa é realmente difícil e está estressando a equipe. Quando o chefe não parece se importar com essas queixas, é natural que os funcionários se sintam menosprezados.

3. Eles são injustos

Cerca de 27% dos entrevistados disseram que os piores chefes eram injustos. Esse problema cresceu desde a adoção de arranjos de trabalho híbrido, devido ao viés de proximidade. “Se eu olhar em volta e notar que outras pessoas estão tendo certas oportunidades que não tenho, vou questionar: será que é porque essas pessoas estão fisicamente mais próximas dos chefes?”

A chave para ser um bom chefe é personalizar os relacionamentos.

Outros exemplos de injustiça incluem enviar e-mails de trabalho após o expediente. “Devo responder?” pergunta Killham. “Os funcionários precisam saber a resposta para essa pergunta. Esse tipo de interação é muito injusta quando não se dá em uma hora do dia em que eles são pagos para trabalhar."

COMO SER UM BOM CHEFE

A chave para ser um bom chefe é personalizar os relacionamentos. “Os melhores gerentes individualizam seu papel”, diz Killham. “Isso é mais importante do que nunca quando você não está no mesmo local. O que parece receptividade e cuidado para mim, pode não parecer receptividade e cuidado para o meu colega.”

O tratamento individualizado também evita injustiças. “O que descobrimos é que, principalmente ao lidar com humanos, a justiça não é a mesma”, diz ela. “Ser tratado de forma justa tem a ver com o que trago para a mesa e qual é o meu conjunto de habilidades. Entenda o que cada funcionário da equipe precisa.”

Chefes ruins não são um problema apenas de retenção de talentos para as empresas. Eles também podem envenenar toda a comunidade. Killham diz que é importante para identificá-los e lidar com eles.

“Se você está estressado no trabalho, aumentam as chances de ser desagradável com as pessoas em sua vida pessoal. Ter chefes ruins pode causar um enorme efeito cascata.”


SOBRE A AUTORA

Stephanie Vozza escreve sobre produtividade e carreira na Fast Company. saiba mais