Como gerenciar a mistura inevitável entre trabalho e vida pessoal

Crédito: Fast Company Brasil

Fast Company Brasil 5 minutos de leitura

Há anos que as empresas falam sobre “equilíbrio entre trabalho e vida pessoal”. Na teoria, é uma ótima ideia: “vamos trabalhar mantendo nossa mente desligada de tudo o que está acontecendo em nossas vidas privadas; depois, chegamos em casa e podemos esquecer o trabalho”. Só que, na prática, nunca funciona assim.

Em média, passamos um terço da vida trabalhando. Está na hora de admitirmos que nossa vida profissional é também nossa vida pessoal (e vice-versa). Precisamos mudar a mentalidade e abandonar para sempre essa falácia do “equilíbrio entre trabalho e vida pessoal”. Em seu lugar, deveríamos adotar uma mentalidade de combinação entre trabalho e vida. Parece que dá no mesmo, mas, no mundo de hoje, focar no  mix certo é melhor do idealizar o equilíbrio. Vou tentar explicar essa diferença: 

QUAL A MELHOR COMBINAÇÃO TRABALHO/ VIDA PARA VOCÊ?

É impossível construir toda uma vida em torno do trabalho. As pessoas que tentaram fazer isso falharam. Para serem realmente produtivos e criativos, os membros de uma equipe precisam de liberdade para trabalhar da maneira mais eficaz para eles, individualmente. É aí que entra a mistura.

Em vez de ver o trabalho e a vida como dois opostos, em dois pratos que você está constantemente tentando equilibrar, uma mentalidade mista significa entender que o trabalho não se mantém em uma gaveta separada. Seu trabalho e sua vida existem ao mesmo tempo. Isso significa que, algumas vezes, você precisará trabalhar fora do horário normal; em outras, terá que lidar com “coisas da vida” durante o dia de trabalho.

Nos últimos anos, em grande parte como resultado da pandemia, vimos as pessoas a se adaptando à vida fora do local de trabalho. Essas mudanças precisam continuar.

Recentemente, trabalhei com a monday.com para concluir uma pesquisa com mais de mil trabalhadores dos Estados Unidos, tentando determinar o que realmente lhes traz satisfação no trabalho. A equipe estava curiosa sobre os resultados, porque seu objetivo principal é construir uma plataforma onde empresas de qualquer tamanho possam criar as ferramentas e processos necessários para gerenciar todos os aspectos do trabalho.

em grande parte como resultado da pandemia, vimos as pessoas a se adaptando à vida fora do local de trabalho. Essas mudanças precisam continuar.

Uma das nossas maiores descobertas nesse estudo foi que as pessoas estão priorizando, agora, mais do que nunca, a saúde mental, e apreciam empregadores que estejam fazendo o mesmo. Ao mesmo tempo, 92% dos trabalhadores se preocupam com o fato de que, assim que a principal ameaça da pandemia diminuir, os empregadores podem não se preocupar mais com seu bem-estar e acabar voltando às antigas formas de operação – mesmo que a forma como vivemos nossas vidas tenha mudado fundamentalmente.

Quando a maioria reclama que as empresas não se preocupa com seu bem-estar, é sinal de que algo precisa mudar. Se adaptar a uma estratégia que misture vida profissional com vida pessoal é um bom ponto de partida.

Não existe uma única forma de fazer isso. Cada empresa vai encontrar uma abordagem diferente (e, para ser completamente honesta, será necessário encontrar a abordagem ideal para cada funcionário). Mas aqui estão três peças-chave que devem ser incorporadas a cada estratégia.

CONFIANÇA E TRANSPARÊNCIA

Para começar, confie em seus funcionários e crie uma cultura que valorize a transparência. É mais fácil falar do que fazer, especialmente no mundo híbrido em evolução, no  qual a equipe não está toda debaixo do seu nariz.

Em uma cultura que assume a mistura entre trabalho/vida, os colaboradores devem ser encorajados a encontrar um ritmo próprio, que funcione para eles. Se eles tiverem que pegar os filhos na escola ou ir ao médico no meio do horário de trabalho tradicional, tudo bem. É preciso confiar que, ainda assim, eles vão dar conta do trabalho. Dê um passo adiante: se alguém da sua equipe quiser fazer um passeio de bicicleta de 30 minutos ou almoçar com um amigo, esse tempo precisa ser respeitado.

Quando os funcionários se sentirem à vontade para ser transparentes sobre como estão gastando seu tempo, começarão a se sentir mais capacitados e mais apoiados em suas funções.

COMUNICAÇÃO ABERTA

A maneira como trabalhamos afetou a saúde mental dos funcionários e muitas pessoas não se sentem à vontade para transmitir suas dificuldades aos membros de equipe. Os millennials experimentam a pior ansiedade, nesse sentido: 84% hesita em conversar com um supervisor ou chefe no trabalho.

Em uma cultura de trabalho mista, os membros da equipe precisam se sentir confortáveis ​​o suficiente para ter, com os seus gerentes, conversas difíceis sobre suas necessidades. A comunicação aberta precisa começar de cima para baixo. Só assim a equipe ficará mais confortável para abrir o jogo sobre suas necessidades. Por sua vez, isso levará à formação de times mais conectados e enérgicos.

Em uma cultura que assume a mistura entre trabalho e vida, os colaboradores devem ser encorajados a encontrar um ritmo próprio.

AUTONOMIA

Se os membros da equipe não tiverem o poder de assumir suas responsabilidades no trabalho, uma abordagem que combine trabalho/ vida nunca funcionará. Os microgerentes são a antítese desse esquema, pois seus funcionários precisam constantemente confirmar detalhes e aguardar aprovações. Em vez disso, trabalhe de forma mais assíncrona e dê autonomia desde o início. Isso vai ajudá-los a construir seus próprios horários e, ao mesmo tempo, a trazer sua criatividade única para cada tarefa.

A MISTURA PERFEITA É UM PERCURSO DE LONGO PRAZO

As pessoas estão se tornando mais conscientes sobre os requisitos para uma cultura de trabalho flexível focada no bem-estar. Se sua função atual não puder fornecer isso, elas estão dispostas a procurar em outro lugar. De fato, 41% dos profissionais de escritório estão considerando os programas de saúde e bem-estar como mais prioritários na sua busca por emprego do que antes da pandemia. As pessoas precisam da oportunidade de viver suas vidas fora do trabalho e de empregadores que confiem que o trabalho será feito, mesmo que a maneira de fazê-lo seja mais inovadora e flexível do que as abordagens tradicionais. 

O futuro do trabalho já chegou e precisamos nos adaptar. Ao admitir a mistura de trabalho/ vida, as equipes serão mais criativas, motivadas e preparadas. Os resultados falarão por si.


SOBRE O(A) AUTOR(A)

Fast Company é a marca líder mundial em mídia de negócios, com foco editorial em inovação, tecnologia, liderança, ideias para mudar o ... saiba mais