Como transformar a dor em uma aliada para o seu sucesso profissional

Talvez a diferença entre a dor em vão e a dor do crescimento tenha mais a ver com nossa mentalidade do que com nossas terminações nervosas

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Yonason Goldson 4 minutos de leitura

Não seria maravilhoso nunca sentir dor? Nunca mais precisaríamos de injeções de anestésico quando o dentista fosse tratar uma cárie. Não veríamos mais estrelas ao bater o dedinho do pé numa quina ou ao levar uma pancada no cotovelo. A vida seria um grande prazer se pudéssemos dispensar a inevitável e recorrente presença do desconforto físico. Será mesmo?

É necessário um grande esforço para conseguirmos enxergar a dor como nossa amiga e aliada. Mas ela é a maneira que o corpo tem de nos alertar que algo está errado. Sem sintomas, não buscaríamos tratamento. E sem receber nenhum cuidado, corremos o risco de morrer.

muitas vezes, optamos por renunciar aos ganhos para evitar a dor.

Além disso, a dor é a forma que a natureza tem de indicar o andamento dos processos físicos. Não dá para fortalecer os músculos sem forçá-los até o limite, quebrando assim o tecido, que se fortalece à medida que se cura. Não há como aumentar a resistência sem correr um pouco mais rápido e mais longe do que as pernas querem nos levar, fortalecendo assim o sistema cardiovascular.

Já ouvimos inúmeras vezes dos treinadores na academia: sem dor, não tem evolução.  O problema é que, muitas vezes, optamos por renunciar aos ganhos para evitar a dor.

DOR DO SOFRIMENTO E DOR DO CRESCIMENTO

Assim como a dor física, o sofrimento emocional nos garante que estamos vivos. Se não ficássemos com o coração partido por causa de uma perda ou traição, o que isso nos diria sobre o valor do amor? Se não nos sentíssemos desmoralizados pelo fracasso, o que isso indicaria sobre o compromisso com o sucesso?

Afinal de contas, os gurus do desenvolvimento pessoal não estão sempre nos incentivando a sair da zonas de conforto? Por definição, isso não gera desconforto?

É necessário um grande esforço para conseguirmos enxergar a dor como nossa amiga e aliada.

Se você já foi tratado com acupuntura ou recebeu uma injeção de um profissional se saúde qualificado, sabe que nem toda picada de agulha causa dor. Você sente a agulha, mas não se contorce como quando se fura sem querer costurando um botão.

Isso tem muito a ver com a experiência do profissional, mas também é consequência do contexto. Quando sabemos que a dor está servindo ao nosso próprio interesse, nós a suportamos com muito mais estoicismo do que quando a consideramos desnecessária.

O QUE IMPORTA PARA A MENTE

Pense na condição física dos corredores de maratona que se aproximam do último quilômetro da corrida. Eles podem estar em estado de agonia física, mas continuam correndo.

Por quê? Porque a expectativa de terminar a corrida funciona como um analgésico natural para seus músculos doloridos. Em qualquer outro contexto, o mesmo nível de dor poderia ser insuportável; aqui, é totalmente controlável.

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Um dos mantras de nosso tempo é: fique confortável com o desconforto. O objetivo não é fazer com que a dor desapareça, mas sim vivenciá-la de uma forma que a torne menos dolorosa.

Uma das aversões sociais mais generalizadas é a falta de vontade de se expor a outros pontos de vista e se envolver com ideias que questionem nossas crenças mais arraigadas. Outra é a resistência em admitir que essas outras perspectivas possam ter alguma legitimidade.

Esse é o mundo da política. Adotar a mesma atitude nos negócios, entretanto, é receita certa para o fracasso. Seja no escritório, nos corredores do Congresso ou na mesa de jantar, a ética exige que permitamos que nossas percepções intelectuais e emocionais sejam aguçadas por pontos de vista opostos. Ao fazer isso, você reduzirá naturalmente o desconforto que surge quando suas concepções são questionadas.

Quando sabemos que a dor está servindo ao nosso interesse, a suportamos com muito mais estoicismo do que quando a consideramos desnecessária.

Então, por que somos tão resistentes a preferir o desconforto de curto prazo à da dor de longo prazo? Porque isso requer determi- nação para deixar de lado o ego e as ideologias. Quanto mais investimos em nossas opiniões, menos aceitamos os fatos e a lógica. Quando isso acontece, as chances de que nosso pensamento seja falho e nossas decisões não sejam éticas aumentam drasticamente.

Só que não há outra maneira de expandir a percepção para adquirir uma visão mais precisa de onde nossas ações provavelmente nos levarão. O que pode facilitar esse exercício? Percorra rapidamente os diversos escândalos nas manchetes e logo você vai perceber os piores efeitos do raciocínio falho e das decisões prejudiciais.

Esses são sinais de alerta para guiá-lo de volta a um caminho mais aberto às dores eventuais, que acabarão causando muito menos sofrimento ao final da jornada.


SOBRE O AUTOR

Yonason Goldson é autor, apresentador de podcast e palestrante do TEDx. saiba mais