Por que algumas pessoas resistem a se adaptar a mudanças no trabalho

Quatro tipos de atrito pessoal que impedem trabalhadores de abraçar mudanças inevitáveis

Crédito: Jessica Peterson/ Getty Images

David Schonthal 4 minutos de leitura

Todo mundo já passou por isso. Você se depara com algo novo – uma nova forma de trabalhar, um recém-chegado na equipe, um novo gerente – e simplesmente não se sente confortável. Embora se possa evitar algumas mudanças na vida, muitas são inevitáveis, especialmente no trabalho.

Acredito que um exemplo primordial dessa dinâmica são as tecnologias baseadas em inteligência artificial, que estão sendo rapidamente incorporadas em diversos setores, mas enfrentam resistência generalizada por parte dos funcionários.

A boa notícia é que você pode tomar medidas ativas para superar qualquer bloqueio desse tipo e se tornar mais aberto a abraçar a mudança. O caminho envolve identificar e lidar com diferentes tipos de "atrito" que estão causando resistência.

Junto com meu colega Loran Nordgren, escrevi bastante sobre a teoria da fricção em nosso último livro, "The Human Element" (O Elemento Humano, em tradução livre). Mas lá o foco era exclusivamente nas outras pessoas – ou seja, como superar a resistência natural das pessoas a experimentar um novo produto ou ideia que você procura promover.

O conceito pode ser aplicado a você mesmo, usando a mesma abordagem: você diagnostica o "atrito pessoal", aplica técnicas comprovadas para reformular sua resistência como uma oportunidade em vez de um problema – ou, pelo menos, como algo gerenciável.

Em resumo, você inverte o roteiro, imaginando-se como um membro da plateia que outros estão tentando convencer. A melhor maneira de explicar essa abordagem é compartilhar os quatro tipos de atrito pessoal e como abordar cada um deles.

INÉRCIA

A inércia é a famosa tendência que temos a favorecer o que conhecemos e resistir a qualquer tipo de mudança em nossa rotina ou fluxo de trabalho, especialmente na primeira vez que ouvimos falar sobre isso.

Imagine que sua empresa anuncie que a IA será incorporada a processos-chave, como pesquisa, ao longo do próximo mês, incluindo treinamento obrigatório. "Isso vai mudar tudo!" seria uma reação típica e impulsiva.

Para superar essa reação inicial negativa, tente lembrar de outras vezes em que você se adaptou com sucesso a algo que resistiu no início, como uma nova tecnologia ou estrutura organizacional. Lembre-se do tempo necessário para se acostumar com algo novo e dê a si mesmo um período de adaptação.

RESISTÊNCIA

Outra reação natural ao ser informado de que algo vai mudar é a tendência a dizer "não", especialmente se a mudança parecer imposta. Então, se seu chefe diz que a IA vai ser usada como parte do fluxo de trabalho, é fácil contra-argumentar (pelo menos em pensamento) com um "não me diga o que fazer!".

Assim como a inércia, isso faz parte da natureza humana; protegemos nossa autonomia. A dica aqui é reformular a diretriz que induz ao atrito como uma pergunta: "como posso usar a IA como parte do meu fluxo de trabalho?".

Essa formulação preserva a autonomia, transformando a mudança em um desafio a ser enfrentado, em vez de uma imposição. Em vez de resistir, você pode reconhecer os elementos de controle e criatividade que pode usar como agenter, em vez de vítima, da mudança.

EMOÇÃO

O atrito emocional está relacionada à resistência à mudança devido aos sentimentos negativos que ela pode evocar. É natural sentir ansiedade em relação à mudança, mas isso muitas vezes se manifesta primeiro como raiva ou frustração.

Para entender a causa de sentimentos negativos relacionados à mudança, tente se fazer uma série de perguntas para chegar à raiz do problema.

"Por que estou me sentindo irritado com a política de retorno ao trabalho?" A resposta pode ser: "porque estou triste por perder o tempo que passo com minha família."

Uma vez que você conhece a emoção envolvida – neste caso, tristeza – pode criar maneiras de ldar com ela, como planejar com antecedência um tempo de qualidade com a família ou verificar como seu retorno ao trabalho os afetará.

ESFORÇO

Assim como a inércia, esse tipo de atrito diz respeito à quantidade percebida de esforço que a adaptação a algo novo exigirá. Quando perguntamos "quanto trabalho extra isso vai dar?", tendemos a superestimar o esforço que qualquer mudança exige, em parte porque pensamos no total do esforço inicial.

Em vez disso, tente criar um roteiro de mudança para si mesmo. Assim como fazemos com metas de saúde e bem-estar, tente dividir a mudança desejada em uma série de pequenos passos que se somam à transformação maior – uma programação de treinamento, por assim dizer. Isso reduz o tamanho da mudança de algo aparentemente imenso para etapas administráveis.

Os atritos pessoais são naturais e poderosos, chegando a impedir a adaptação a muitos tipos de mudança, incluindo aquelas das quais provavelmente nos beneficiaríamos. Use estas ideias para identificar e superar esses atritos e desfrute das recompensas de abraçar mudanças significativas.


SOBRE O AUTOR

David Schonthal é professor de estratégia, inovação e empreendedorismo na Kellogg School of Management. saiba mais