Como montar a sua curadoria do SXSW

Quais são os destaques do SXSW esse ano? Quais palestrantes são imperdíveis? Me indica algumas sessions que você vai assistir?

Crédito: SXSW/ Divulgação

Franklin Costa 5 minutos de leitura

Tão certo quanto atrasar o relógio em uma hora no primeiro domingo do South By é eu receber mensagens com variações dessas perguntas à medida que o festival se aproxima.

No SXSW 2025, tenho a honra e responsabilidade de assinar pelo segundo ano a curadoria da SP House, o quarto ano trabalhando com a Globo em seu Upload e o terceiro com o Itaú e com o programa Creative SP.

E pensar que tudo começou há sete anos, quando Carol Soares e eu criamos o programa oclb journey SXSW, desenvolvendo mais de 300 curadorias personalizadas para grupos de empreendedores e executivos.

Na etimologia, "curar" significa "proteger, ter zelo, cuidado". Por isso, quando alguém me pergunta sobre os destaques do evento, ao invés de citar os palestrantes hitmakers, prefiro devolver com perguntas: Quais são seus interesses? O que você procura no SXSW?

Felizmente, o South By é um festival onde cada pessoa pode viver a sua própria jornada. É isso que ensinamos aos participantes do nosso grupo: a fazer sua curadoria do SXSW. E é isso também que entregamos em nossas curadorias para empresas.

COMO FAZER SUA PRÓPRIA CURADORIA DO SXSW?

Você não precisa contratar uma curadoria profissional para entender a lógica de programação do festival. A seguir, compartilho o método que aplicamos para que você aprenda a criar sua própria agenda.

Busque a interseção entre os destaques e seus interesses

Uma boa curadoria nasce da interseção entre o que o festival apresenta como destaque e seus interesses pessoais. Nem tudo que o SXSW destaca precisa entrar na sua agenda, e nem tudo que você acha relevante precisa ser favoritado.

Sua curadoria está no cruzamento entre os dois círculos:

Identificando os destaques do SXSW

Um dos desafios do SXSW, especialmente para iniciantes, é que ele apresenta tudo de uma vez só, no melhor estilo "tudo em todo lugar ao mesmo tempo".

O SXSW reúne diversos eventos simultâneos: uma conferência, três festivais (comédia, música e filmes/ TV), três exposições (SXSW Expo, XR Experience e Flatstock), além de dezenas de ativações de marcas e eventos de networking.

Crédito: Governo do Estado de São Paulo/ Divulgação

Para identificar os principais destaques da conferência, recomendo priorizar em sua pesquisa os keynotes e featured sessions/ speakers:

●  Keynotes: as apresentações principais são apenas sete em 2025 e realizadas diariamente das 13h às 14h, no Ballroom D. Os keynotes representam a mensagem central do ano, como a relação entre a computação quântica e a IA (Arvind Krishna, IBM), a descentralização das redes sociais (Jay Graber, Bluesky), creator economy (Issa Rae) e a busca por qualidade de vida na longevidade (Bryan Johnson).

●  Featured Sessions/ Speakers: são a segunda linha de destaque, incluindo nomes como Amy Webb (que lança anualmente seu relatório de tendências – e não, a Amy não é um keynote), Ian Beacraft, Douglas Rushkoff, Scott Galloway, Sandy Carter e celebridades como Kevin Bacon e Pedro Pascal.

Repare que, dos cerca de 1,6 mil conteúdos, apenas 85 são keynotes e featured sessions.

Todas as demais sessões vêm do panel picker (processo de votação aberto) e do programming partner (conteúdos comprados por marcas).

E é aqui que a sua pesquisa de curadoria começa a complicar. 

Como pesquisar as quase 1.600 sessões restantes?

O SXSW organiza sua programação em tracks (trilhas). Então, recomendo que você se familiarize com elas, uma de cada vez.

Um erro comum de principiantes é focar apenas nas trilhas de sua especialidade. Nas áreas que você já domina, dificilmente encontrará algo revolucionário. Em trilhas como Creator Economy e Climate & Sustainability, por exemplo, os brasileiros é quem mereciam dominar os palcos.

Por isso, na sua curadoria do SXSW, aproveite o que o festival oferece de melhor: as descobertas, principalmente aquelas que estão nas adjacências de sua indústria. Experimente pesquisar sessões de trilhas como 2050, XR e Health & Medtech, por exemplo, para ampliar seu repertório.

A magia do SXSW é experimentar um pouco de cada uma das atrações do festival

Agora, se o seu interesse é networking, priorize formatos que estimulem a interação e a descoberta de novos contatos. São essas: mentor sessions, workshops e meetups.

Se o que você busca é informação e atualização de repertório, recomendo filtrar a sua pesquisa por apresentações, podcasts, fireside chats e, por último, painéis.

Dos demais formatos de sessões (para além dos keynotes e featured sessions), as apresentações tendem a oferecer maior profundidade, enquanto painéis, embora úteis para temas emergentes, tendem a permanecer na superfície.

O SXSW pode ser uma experiência transformadora

Quando me perguntam porque continuo voltando ao SXSW mesmo depois de 13 anos, respondo que volto porque esse festival é uma experiência transformativa.

Segundo a filósofa L.A. Paul (Laurie Ann Paul), “experiências transformativas” são aquelas que mudam fundamentalmente quem somos de maneiras que não podemos prever ou compreender completamente antes de vivenciá-las.

Isso ajuda a explicar tanto o sucesso do SXSW para a comunidade brasileira como também porque tantos voltam para Austin ano a ano, quase sempre convidando outra pessoa.

público passeia no saguão do auditório principal do SXSW
Crédito: SXSW

O SXSW é muito mais que as quase duas mil sessões da conferência. O que torna esse evento tão único e especial é justamente a combinação entre cultura e tecnologia (não coincidentemente, as duas maiores trilhas da conferência), experiências como as da XR Experience e as ativações de marcas e sessões de filmes e shows que são raríssimos de encontrar no Brasil.

A magia do SXSW é experimentar um pouco de cada uma dessas atrações, como assistir a uma palestra sobre como a Coréia do Sul exerce seu soft power por meio da cultura, conferir na SXSW Expo o estande da Ásia e depois assistir a um documentário ou um show de uma banda de K-Pop.

É justamente sair da zona de conforto, ir contra o senso comum e experimentar as mais diversas experiências que esse mega evento proporciona que fará a sua viagem realmente transformadora.

Dica final: na dúvida, vá para a SP House. Além de ser a embaixada do Brasil em Austin, te garanto que algumas das melhores sessões do festival você encontrará lá.


SOBRE O AUTOR

Franklin Costa é cofundador da consultoria de inovação oclb. saiba mais