CRI.A, influenciador criado por IA, quer engajar favelas

Criado pela Digital Favela, personagem será usado para dar dicas para creators dessas comunidades

Crédito: Fast Company Brasil

Rafael Farias Teixeira 3 minutos de leitura

Os novos influenciadores digitais estão ganhando atenção no mercado. E alguns deles estão nascendo da inteligência artificial (IA) generativa, como o CRI.A, influenciador de favela criado pela Digital Favela, plataforma de influência para creators desses territórios.

Desenvolvido pelos irmãos Felipe e Henrique Fernandes, o CRI.A posta seu conteúdo por meio do perfil IA Favela. Ele foi pensado não só para ser realizado inteiramente por IA, mas para levar para a audiência das comunidades e periferias mais informações e dicas sobre as ferramentas que podem facilitar seu dia a dia e seu trabalho, além de gerar renda extra.

CRI.A (Crédito: Reprodução/ Instagram)

"A inteligência artificial está envolvida desde a criação do personagem até a concepção dos cenários e animações", afirma Felipe. "Embora tenhamos a capacidade de realizar o projeto inteiramente por meio da inteligência artificial, decidimos reservar uma pequena parte para acrescentar nossa singularidade." 

Um dos objetivos centrais do CRI.A é estabelecer conexões com adolescentes e jovens pertencentes a grupos vulneráveis. "Queremos torná-lo uma figura proeminente no mercado, reconhecida por sua habilidade em unir residentes de comunidades periféricas e marcas – gerando um valor significativo para a vida dessas pessoas", diz Henrique. 

Em seus diferentes perfis no Instagram, TikTok, YouTube e Kwai, o personagem usa uma linguagem simples e acessível para apresentar ferramentas gratuitas que podem ser usadas para diversos fins, de edição de vídeo e produção musical a programação e criação artística.

Com o CRI.A, acreditamos que qualquer um vai poder entender com muito mais facilidade as possibilidades e oportunidades que a inteligência artificial traz

“O CRI.A é feito por quem vem de verdade da comunidade, tem conhecimento profundo do assunto que aborda, a linguagem real da quebrada e oferece um conteúdo de alta qualidade, que impacta positivamente a sua audiência", diz Felipe Branquinho, sócio e co-CCO da Digital Favela.

"Nesse caso, ser criado por inteligência artificial é só um detalhe. Ele traz a verdade necessária para o sucesso de qualquer influenciador – e isso traz, junto, oportunidades únicas para as marcas."

IA E CRIAÇÃO DE CONTEÚDO NA FAVELA

Para os idealizadores do CRI.A, qualquer projeto que envolva tecnologia costuma ser menos acessível para a favela, por falta de acesso tanto às ferramentas quanto ao conhecimento.

"Com o CRI.A, acreditamos que qualquer um vai poder entender com muito mais facilidade as possibilidades e oportunidades que a inteligência artificial traz, aplicando para coisas do seu dia a dia pessoal e profissional – especialmente porque quem faz esse conteúdo sabe exatamente as dores e necessidades de lá", diz Branquinho.

Eles também acreditam que a inteligência artificial generativa se tornou um desafio significativo devido à sua capacidade de descentralizar as ‘bolhas criativas’. Em um processo tradicional, um profissional criativo precisaria investir em tecnologia, programas de edição, além de outras habilidades para gerar um conteúdo desse tipo.

"Como morador de comunidade, só tive acesso a um computador com um valor fora da realidade – o que me

O CRI.A é feito por quem vem de verdade da comunidade e tem conhecimento profundo do assunto que aborda.

permitiu aprimorar minha técnica – ao entrar em uma grande agência de publicidade, que oferece essa infraestrutura aos funcionários. Para grupos vulneráveis, essa realidade é algo fora de questão", explica Branquinho.

Henrique acredita que este é um momento no qual a humanidade está se adaptando a algo novo. Para ele, é difícil imaginar que um mercado cada vez mais competitivo deixaria de usar uma ferramenta tão poderosa, que não só facilita os processos, mas também reduz os custos de produção. 

"Vejo profissionais de criação inquietos e assustados com o potencial das IAs. Ao longo da minha vida, vi esses mesmos profissionais imersos em suas próprias bolhas criativas, contribuindo com sua ação ou inação para um mercado mais elitista e menos diversificado a cada dia", afirma Branquinho.


SOBRE O AUTOR

Rafael Teixeira Farias tem mais de 14 anos de carreira em jornalismo e marketing digital, além de sete livros de ficção já publicados. saiba mais