O que tem na Groenlândia que faz com que Trump queira anexá-la aos EUA?

Enquanto Usha Vance e Mike Waltz se preparam para visitar o território autônomo da Dinamarca, analisamos a lógica por trás dessa fixação de Trump

Créditos: Jon Tyson/ Unsplash/ oversnap/ Getty Images

Jennifer Mattson 2 minutos de leitura

O presidente Donald Trump já disse inúmeras coisas absurdas. Mas se tem uma afirmação que soou como um alarme do outro lado do Atlântico, vinda das costas dos EUA e chegando até a Dinamarca, foi a seguinte ameaça: "de uma forma ou de outra, vamos conseguir [a Groenlândia]."

Agora, o governo Trump está enviando uma delegação não convidada ao território autônomo dinamarquês, em uma ação que foi criticada pela primeira-ministra da Groenlândia, Mute Egede, que a considerou “altamente agressiva” e uma “provocação.”

O povo da Groenlândia já está se preparando para a visita norte-americana da segunda-dama Usha Vance, do conselheiro de segurança nacional Mike Waltz e do secretário de energia Chris Wright.

Vance vai assistir à corrida nacional de trenós puxados por cães da Groenlândia e “celebrar a cultura e unidade groenlandesa,” enquanto Waltz e Wright visitarão a Base Espacial Pituffik, uma instalação militar dos EUA no remoto norte da Groenlândia.

Enquanto o governo Trump se aproxima da Groenlândia, o ministro das relações exteriores da Dinamarca, Lars Lokke Rasmussen, já declarou enfaticamente: “levamos muito a sério o fato de que a Groenlândia não está à venda.”

A Dinamarca é responsável pela defesa e segurança dos 57 mil residentes da ilha, e as pesquisas de opinião mostram que, embora o povo da Groenlândia prefira um relacionamento mais flexível com a Dinamarca, eles são contra se tornar um território dos Estados Unidos.

No entanto, a insistência de Trump levanta uma questão importante: por que ele está tão fixado na Groenlândia, afinal?

QUESTÃO DE SEGURANÇA NACIONAL

A Groenlândia é atraente por dois motivos: é rica em recursos naturais e está estrategicamente localizada na rota mais curta entre os EUA e a Europa.

“A segurança dos EUA está diretamente ligada à região Ártica, e não deveria ser surpresa que o Conselheiro de Segurança Nacional e o secretário de energia estejam visitando uma base espacial dos EUA para receber informações diretamente de nossos membros de serviço no local”, disse o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, Brian Hughes.

De acordo com a BBC, os EUA estão de olho no território desde a década de 1860, quando o presidente Andrew Johnson queria comprar a Groenlândia. Muito mais tarde, durante a Segunda Guerra Mundial, os EUA invadiram a ilha e estabeleceram estações militares e de rádio por todo o território.

mapa parcial do hemisfério norte com Groenlândia em destaque
Crédito: Google Maps

Depois da guerra, as forças norte-americanas permaneceram na Groenlândia, naquilo que agora é conhecido como Base Espacial Pituffik (antiga Base Aérea Thule).

“Se a Rússia enviasse mísseis em direção aos EUA, a rota mais curta para armas nucleares seria pelo Pólo Norte e pela Groenlândia”, explicou Marc Jacobsen, professor associado do Royal Danish Defense College, à BBC. “Por isso, a Base Espacial Pituffik é extremamente importante na defesa dos EUA.”

Essa visita da delegação de Trump também acontece em um momento em que tanto a China quanto a Rússia estão aumentando suas atividades no Ártico.

O outro motivo pelo qual Trump tem os olhos voltados para a Groenlândia é que ela possui grandes depósitos de minerais raros, necessários para a fabricação de computadores, smartphones e baterias, além de potenciais depósitos offshore de petróleo e gás natural.


SOBRE A AUTORA

Jennifer Mattson é colaboradora da Fast Company e escreve sobre trabalho, negócios, tecnologia e finanças. saiba mais