TikTokers criam uma nova forma de cobrar celebridades sobre guerra em Gaza

Ativistas pró-Palestina estão adotando uma nova forma de protesto não violento, projetada para atingir as marcas de celebridades onde dói mais: no bolso

Créditos: Richard Shotwell/ Invision/ AP/ DFree/ Shutterstock.com/ Arnold Jerocki

Joe Berkowitz 3 minutos de leitura

Qualquer um que tenha usado o TikTok ou Twitter na última semana provavelmente deve ter se deparado com algumas hashtags em alta, como #Blockout2024 e #NoBuyOut. Elas fazem parte de um movimento crescente de manifestantes que buscam boicotar celebridades que não usam suas plataformas para ajudar os palestinos em Gaza, presos no meio da guerra entre Israel e Hamas.

As táticas incluem bloquear em massa uma lista de celebridades como Kim Kardashian, Jimmy Fallon, Selena Gomez, Drake, Justin Bieber e The Rock em todas as redes sociais – para diminuir seu alcance e privá-los de receita publicitária – e encher carrinhos de compras em seus sites oficiais, mas nunca finalizar a compra, para enviar uma "mensagem monetária".

Embora os ativistas tenham mirado em celebridades desde o início da guerra, a indignação aumentou significativamente na semana passada após o Met Gala. A realização de um dos eventos mais luxuosos do mundo, cujo ingresso custa US$ 75 mil, em meio à iminente invasão da cidade de Rafah, com manifestantes barrados, causou indignação entre os espectadores.

Quando a influenciadora Hayley Bayley fez um vídeo do lado de fora do evento, dublando a famosa frase atribuída à Maria Antonieta, “que comam brioche”, enquanto usava um luxuoso vestido, foi como jogar gasolina em um incêndio.

Crédito: Reprodução/ TikTok

A resposta nas redes sociais foi tão forte que Bayley não apenas publicou um longo vídeo de desculpas, como a "Harper’s Bazaar" rapidamente removeu uma sessão de fotos com Kylie Jenner vestida como a rainha francesa, que a revista havia encomendado para o Dia das Mães.

Logo após o Met Gala, um TikToker com o nome de usuário Blockout2024 começou a postar vídeos incentivando outros a boicotar celebridades que não se pronunciaram sobre a guerra.

“Nós temos controle total sobre veículos de notícias, celebridades e artistas”, diz ele em um dos vídeos. “Eles ganham dinheiro com nosso ódio, com nossos elogios, mas deixam de ganhar quando os bloqueamos e ignoramos seus nomes.”

Seus vídeos direcionados a celebridades específicas, como Taylor Swift, rapidamente atraíram milhões de visualizações e inspiraram muitos outros. O protesto logo migrou para outras redes sociais e, até o início da semana, a cantora havia perdido 300 mil seguidores no TikTok, segundo a NPR.

EFICÁCIA DUVIDOSA

Embora a eficácia de bloquear celebridades gigantes seja discutível – Taylor Swift ainda tem 33,2 milhões de seguidores na plataforma –, o protesto rapidamente ganhou novos contornos.

Um TikToker que se identifica como Adammadanat começou a lançar vídeos convocando para a “Operação #NoBuyOut” – que envolve encher carrinhos com itens em lojas online de celebridades e abandoná-los.

A ideia é que o abandono em massa de carrinhos cheios limita a disponibilidade de produtos, confunde os algoritmos das lojas sobre a demanda e drena a verba de marketing investida no envio de e-mails de acompanhamento e na compra de anúncios redirecionados que seguem os usuários pela internet.

Mas será que isso poderia mesmoe prejudicar financeiramente celebridades como Kim Kardashian? “Provavelmente não, porque os carrinhos de compras digitais não funcionam da maneira que a operação #NoBuyOut sugere", diz Sucharita Kodali, analista da empresa de pesquisa Forrester e especialista em e-commerce e comportamento do consumidor.

Só o tempo dirá se esses protestos terão algum impacto financeiro real nas celebridades. Mas, mesmo que não tenham, toda a atenção negativa nas redes sociais pode fazer com que algumas delas atendam aos desejos dos manifestantes.


SOBRE O AUTOR

Joe Berkowitz é colunista de opinião da Fast Company. saiba mais