Como a tecnologia da missão lunar japonesa vai ajudar a exploração espacial

O Japão está demonstrando uma série de novas tecnologias com a sonda Smart Lander

Crédito: JAXA

Mariel Borowitz 3 minutos de leitura

A sonda japonesa Smart Lander for Investigating the Moon, ou SLIM, pousou com sucesso na superfície da Lua no dia 20 de janeiro de 2024. Apesar de um problema com a energia do módulo de pouso, o evento tem grande importância política e técnica. É o primeiro pouso lunar do Japão, colocando-o entre os cinco países que conseguiram realizar este feito.

É uma conquista significativa e consolida sua posição como líder em tecnologia espacial. Embora a sonda tenha aterrissado com sucesso e implantado seus rovers, as células solares do SLIM não estavam funcionando corretamente – o que significa que provavelmente o equipamento só poderia operar por algumas horas.

Assim como a NASA e outras agências espaciais, a Agência de Exploração Aeroespacial do Japão (JAXA) busca avançar em pesquisa e tecnologia. O pouso faz parte de algo maior: um crescente interesse global em atividades lunares.

TECNOLOGIA DE PRECISÃO

O sucesso do Japão não é apenas simbólico. O país está demonstrando uma série de inovações com o módulo de pouso. Seu nome, que em português poderia ser traduzido como "aterrisador inteligente para investigação da Lua", se refere à tecnologia de pouso de precisão da espaçonave.

Esta tecnologia pode facilitar futuras aterrissagens, permitindo que naves pousem em áreas relativamente pequenas em vez de ter que procurar grandes espaços abertos onde descer. Isso será particularmente importante no futuro, conforme os países se concentram em regiões específicas no polo sul lunar.

Além disso, o módulo de pouso transportava dois pequenos rovers, cada um demonstrando uma nova tecnologia para se locomover na Lua. O Lunar Excursion Vehicle 1, equipado com câmera e instrumentos científicos, utiliza um mecanismo de saltos para se deslocar.

Lunar Excursion Vehicle 2 (Crédito: JAXA)

Já o Lunar Excursion Vehicle 2 é uma esfera pequena o suficiente para caber na palma da mão. Uma vez na superfície lunar, suas duas metades se separam ligeiramente, permitindo que o rover role.

O SLIM usou um sistema de navegação baseado em visão, que capturou imagens da superfície lunar. O sistema comparou rapidamente as imagens com padrões de crateras em mapas lunares desenvolvidos pela JAXA a partir de dados de missões anteriores.

À medida que os países identificam áreas com maior probabilidade de conter recursos úteis, a tecnologia de pouso de precisão permitirá evitar perigos próximos e chegar a essas áreas sem incidentes.

RELAÇÕES INTERNACIONAIS NA TERRA

Mas também existe um componente geopolítico nessas atividades. China, Índia e Japão – as três nações que realizaram pousos bem-sucedidos na Lua desde 2000 – competem regionalmente em várias áreas, incluindo o espaço.

Além das considerações regionais, esses feitos ajudam a posicioná-los como líderes globais, capazes de fazer algo que poucas nações já conseguiram. O lançamento da sonda japonesa ocorre apenas seis meses após o pouso lunar da Índia e algumas semanas após uma tentativa fracassada de uma empresa norte-americana, a Astrobotic.

Apesar de contratempos recentes, como os atrasos anunciados pela NASA em sua próxima missão Artemis, os EUA ainda lideram a exploração espacial e lunar. A NASA tem várias espaçonaves orbitando a Lua e já lançou com sucesso o foguete SLS, capaz de levar humanos novamente até lá.

SLIM na Lua (Crédito: JAXA)

Recentemente, a agência tem transferido muitos esforços de menor escala para entidades comerciais, como no programa Commercial Lunar Payload Services, que apoiou a tentativa da Astrobotic.

Esta é uma nova abordagem que envolve alguns riscos, mas oferece oportunidades para inovação comercial e crescimento da economia espacial, ao mesmo tempo que permite que a NASA se concentre em aspectos maiores e mais complexos da missão.

A JAXA também já colaborou com os EUA e assumiu um papel importante nas missões Artemis. Ela desenvolveu um rover lunar pressurizado – uma nova e complexa tecnologia que será fundamental para as missões na Lua nos próximos anos.

Este artigo foi reproduzido do The Conversation sob licença Creative Commons. Leia o artigo original.


SOBRE A AUTORA

Mariel Borowitz é professora associada de assuntos internacionais no Instituto de Tecnologia da Georgia. saiba mais