A estratégia da Natural One para conquistar os consumidores em todo o mundo

Crédito: Yulia Reznikov/ GettyImages

Fábio Cardo 4 minutos de leitura

O suco de laranja nacional tem papel muito importante na pauta de exportações nacionais. O Brasil é líder na exportação mundial do produto. De acordo com o Comex Stat, em 2020, os embarques totais, incluindo suco concentrado e resfriado, superaram US$ 1,4 bilhão. No primeiro quadrimestre de 2021, a exportação superou em 21,2% o registrado no mesmo período de 2020.

Segundo a CitrusBR, o Brasil responde por 79% do suco de laranja comercializado no mundo. As exportações de suco resfriado no período 2020/2021 representaram 260 mil toneladas, conferindo receita de US$ 470 milhões. As cifras de exportação são expressivas, porém têm se mantido estáveis ao longo dos anos. Se depender do apetite da Natural One, elas serão substancialmente maiores no futuro. A empresa está presente em 18 países com seus produtos envasados e prontos para consumo e, recentemente, anunciou planos de crescimento internacional, incluindo novos produtos. 

A empresa atua há alguns anos na Ásia, exportando para China, Hong Kong, Malásia e Singapura. No Chile, por exemplo, para onde exporta há quatro anos,  ocupa o quarto lugar no ranking Nielsen de vendas de sucos refrigerados prontos para consumo. No final de fevereiro, a Natural One anunciou acordo com a Kraft Heinz, que se encarregará de distribuir os produtos no Canadá. A expectativa é atingir 3 mil pontos de venda, usando a força de vendas e penetração da empresa. 

Rafael Catolé, da Natural One (Crédito: Divulgação)

Rafael Catolé, gerente-geral da área internacional, aponta que os diversos mercados têm se mostrado bastante receptivos a novos sabores, a partir de blends de frutas nacionais. “A Natural One tem inovado na produção e oferta de novos sabores, tornando a exposição de produtos nas gôndolas bem colorida, o que é atraente para os consumidores”, explica. A empresa prevê lançar oito novos sabores, ampliando as opções para os consumidores.

O ritmo da expansão internacional e a definição de produtos hoje dependem mais de questões regulatórias para adequação das restrições de cada país do que da estrutura de produção. A empresa tem conseguido seguir as indicações apontadas pelos diversos países, sem alterar a composição dos produtos.

LIMITAÇÕES À EXPORTAÇÃO

São comuns as queixas sobre dificuldades para viabilizar a exportação de produtos envasados e prontos para consumo por parte de produtores nacionais de alimentos commodities. O peso tributário que incide sobre o custo da matéria-prima, mão-de-obra e o reflexo no transporte internacional são sempre apontadas como limitações para exportar e gerar valor agregado às commodities. Diversos itens acabam sendo exportados a granel, para envase no destino, próximo aos locais de consumo. Com isso, perde-se a oportunidade de agregar valor e aumentar a receita de exportação para o país.

Não é o caso dos produtos da Natural One. Toda a produção exportada sai da planta localizada na cidade de Jarinú (SP). A competitividade e a viabilidade econômica contemplam alguns fatores fundamentais, pensados desde o início da implantação da fábrica, que opera com alto nível de automação. Isso permite processar 220 milhões de litros por dia, com apenas três pessoas por turno. Outro ponto essencial é a localização, próxima do “citrus belt” paulista, reduzindo a distância entre a indústria e as fontes de produção de laranja e de outras frutas.

Segundo Rafael Catolé, todo o projeto inicial de criação das embalagens – formato, tipo de material, gramatura e tampa – foi pensado para permitir a otimização do acondicionamento no transporte, perdendo pouco para o embarque a granel. 

Crédito: Divulgação

SUSTENTABILIDADE EM PAUTA

A empresa trabalha com algumas diretrizes em relação às questões de sustentabilidade e inovação, incluindo os cuidados com reutilização de água, uso de energia renovável e processo de reciclagem de plásticos. 

A recém instalada unidade de processamento e extração direta de laranjas in natura gera bagaço, que é comercializado para a extração de óleo, usado na indústria de cosméticos. Todos os subprodutos são aproveitados.

A inovação é apontada como um valor intrínseco do  negócio, apoiando a personalidade da marca. A Natural One mantém um comitê de inovação com diversos convidados, para avaliar novos produtos. 

EXPANSÃO APOIADA POR MARKETING NO PDV

De acordo com o que indica Rafael, o marketing nos diversos mercados internacionais será desenvolvido em três fases. Inicialmente, o foco é dar suporte ao varejo, com ações de promoção dos produtos incluindo degustação nos pontos de venda.

Crédito: Divulgação

A segunda fase contará com ações em mídias sociais, alinhadas com as culturas de cada país, e a terceira, com campanha de marketing mais agressiva, para a massificação de exposição da marca e produtos.

A empresa estima crescimento mais expressivo, principalmente nos mercados norte-americano, canadense, chinês e mexicano. Produto não faltará: além da capacidade para ampliação da atual planta, há boa oferta de matéria-prima vinda da Citrosuco (que processa o suco de grande parte da sua produção) e da unidade interna de processamento.


SOBRE O AUTOR

Fábio Cardo é economista de formação, atua em comunicação empresarial e empreendedorismo e é co-publisher do canal FoodTech da Fast Co... saiba mais