Produção móvel viabiliza novos empreendimentos no mercado de bebidas

Crédito: Fast Company Brasil

Fábio Cardo 4 minutos de leitura

Existe uma grande profusão de novas bebidas no mercado. Diversas marcas de cervejas artesanais, IPAs, energéticos, hard seltzers, vinhos personalizados estão aparecendo principalmente em lojas virtuais e pontos de vendas especializados. Nem sempre há espaço para estes produtos nas redes de varejo, devido às pequenas quantidades produzidas.

Para muitos, um hobby agradável. Outros são pequenos empreendedores que têm prazer em dedicar seu tempo e habilidades na elaboração de novos produtos que dão satisfação pessoal e, quem sabe, um dia ganharão escala. Entre estes, cresce a opção de oferecer produtos mais saudáveis, com funções orgânicas, zero glúten, detox, baixa caloria, com quantidade reduzida de álcool.

Os desafios iniciais para aqueles que resolveram dar um passo à frente, produzindo com mais volume e lançando no mercado, sempre foram as estruturas de produção. Desde os testes iniciais, passando pela elaboração dos produtos e envase, essas etapas somam custos que devem ser adequados para serem absorvidos nos investimentos iniciais. Os sistemas modulares de produção foram a saída para atender a essas demandas.

No caso específico de embalagens para bebidas, a empresa Dalata há sete anos viu a oportunidade de atender as startups do segmento, oferecendo a estrutura de envase de latas de alumínio e de garrafas de vidro e de alumínio (estas últimas a serem lançadas em breve no mercado, com sistema de tampa abre-fecha) com unidades móveis. 

Linha de produção móvel da Dalata (Crédito: Divulgação)

Os equipamentos de envase são portáteis e levados ao local de produção das bebidas. A Dalata já conta com mais de 15,5 milhões de latas de alumínio produzidas e produtos envasados, para mais de 340 fábricas dos mais diversos portes no Brasil. 

A partir de 200 litros de líquidos, a empresa consegue dar apoio a empreendedores por meio de seu laboratório de ideias, como um facilitador no desenvolvimento de novos produtos e visando a viabilização dos projetos. Segundo Rodrigo da Costa, um dos sócios, existem muitos novos empreendedores que, muitas vezes, começam a elaborar suas bebidas como hobby, até que pensam mais alto em ter um produto que possa ser vendido no mercado. 

“O setor de bebidas mostra tendência muito forte de crescimento para atender novas demandas de quem busca produtos saudáveis, incluindo as bebidas funcionais para, basicamente, três fases de atividades: relaxamento, pós-treino e concentração”, explica Costa.

“Ao levarmos nossa estrutura de envase de bebidas ao local de produção dos clientes, reduzimos muito a exposição dos produtos a riscos de contaminação e perda de qualidade, ou ainda de deterioração por conta de transporte entre o local de produção e de envase”, destaca o empresário. Soma-se a isso a eficiência no processo produtivo, a redução de emissão de gases com transporte e o tempo.

Os empreendedores contam ainda com a oportunidade de desenvolver leiautes personalizados para as embalagens, com design que nada deve a grandes marcas. E sem ter que se comprometer com a aquisição de milhares de unidades para conseguir um custo acessível.

CACHAÇA ARTESANAL 

Um exemplo de como funciona o sistema é o caso da Cachaça Siqueira, empresa de pequeno porte sediada em Pedra Bela (SP), que fabrica a bebida  desde 1980. A Siqueira manteve a produção artesanal até 2018, quando obteve o registro do MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) para fornecimento ao mercado. Começou com cachaça, licores e bebidas mistas. Em 2021, em plena pandemia, lançou a Siqueira Fresh, idealizada para compor drinks ou para beber gelada.

Crédito: Divulgação

Toda a produção é feita dentro da empresa, usando o sistema móvel de envase em latas da Dalata, o que permitiu a criação do produto e o desenvolvimento da embalagem inovadora. Segundo Ana Flávia Siqueira, executiva da empresa, destaca que a bebida foi pensada para ser o mais natural possível, tanto que não leva aroma ou adoçante artificial. “Nosso produto contém suco de fruta, cachaça e mel. Nada mais. É 100% sem aditivos químicos”, garante.

Durante a pandemia, o consumo da Siqueira Fresh aumentou, afirma Ana Flávia, atribuindo o fato à boa aceitação por parte do público. Os principais consumidores são mulheres, na faixa de 25 a 40 anos de idade. Muitos consomem a bebida adicionando gelo, frutas e tônica. 

A empresa tem conseguido vender a Siqueira Fresh a restaurantes, bares e pequenos varejos em vários estados, com a expectativa de chegar às grandes redes varejistas. “Temos capacidade de produção e usamos parte dela para atender a demanda de terceiros que desejam desenvolver e fabricar produtos usando nossa estrutura”, conta Ana Flávia. Não será por falta de estrutura de produção que a Siqueira deixará de crescer.


SOBRE O AUTOR

Fábio Cardo é economista de formação, atua em comunicação empresarial e empreendedorismo e é co-publisher do canal FoodTech da Fast Co... saiba mais