Um novo tipo de bateria pode tornar mais acessíveis os celulares dobráveis

O Magic V2, da Honor, resolve o maior problema dos aparelhos dobráveis

Crédito: Fast Company Brasil

Jared Newman 3 minutos de leitura

Hoje em dia, é raro um novo celular surpreender amigos e familiares, mas foi exatamente isso que aconteceu quando comecei a usar o Magic V2, da Honor. Quando dobrado, ele tem apenas 9,9 milímetros de espessura – apenas 20% a mais do que um iPhone. Um celular dobrável que não compromete seu tamanho é o desejo de qualquer fabricante, e parece que a Honor conseguiu chegar lá.

A empresa atribui o design fino, em parte, à sua dobradiça aprimorada, mas há algo igualmente importante no interior do aparelho: um novo tipo de bateria que utiliza um ânodo de carbono de silício.

Cada metade do Magic V2 contém uma bateria com espessura próxima à de um cartão de crédito. A Honor afirma que elas têm cerca de 10% a mais de capacidade total do que uma bateria de íon de lítio tradicional.

Então, por que nem todos os celulares usam o carbono de silício? A fabricação em grande escala ainda é um obstáculo, assim como o custo. O V2 é vendido por dois mil euros, um preço bem acima de qualquer outro celular dobrável do mercado.

Mas, à medida que o interesse em baterias de ânodo de carbono de silício cresce – impulsionado em grande parte pelos veículos elétricos –, os celulares dobráveis e outros dispositivos têm muito a ganhar. O novo modelo da Honor nos dá uma ideia do que está por vir.

Crédito: Honor

Quando abrimos qualquer celular ou notebook, podemos ver que a bateria ocupa grande parte do espaço. Mesmo com processadores cada vez menores e mais eficientes em termos de energia, elas só têm aumentado de tamanho, devido a telas cada vez maiores e atividades que exigem cada vez mais das baterias.

O problema é que o silício se expande quando o ânodo está carregando. Isso rapidamente degrada a estrutura da bateria, fazendo com que ela não consiga mais manter a carga. Para resolver o problema, os fabricantes têm recorrido a nanomateriais à base de carbono que podem conter parte do silício.

Hope Cao, especialista em tecnologia da Honor, diz que podemos esperar mais dispositivos com baterias de carbono de silício no futuro, tanto em produtos da própria empresa quanto de outros fabricantes.

Seu próximo modelo, o Magic6 Pro, já vem com uma bateria de silício-carbono aprimorada que pode durar mais tempo em temperaturas mais baixas. Cao afirma que é apenas uma questão de tempo até que esse tipo de bateria se torne comum. Ainda assim, existem alguns obstáculos para a adoção em massa.

Para começar, os fabricantes de produtos eletrônicos terão que competir com a demanda da indústria automotiva, que está impulsionando grande parte dos investimentos em ânodos à base de silício.

Crédito: Honor

Gene Berdichevsky, cofundador e CEO da startup de baterias Sila, sugere que os fabricantes de baterias podem estar utilizando dispositivos menores apenas como prova de conceito antes de concentrarem seu foco nos veículos elétricos.

“Esses materiais que estão sendo usados no celular da Honor e em outros lugares não são projetados para eletrônicos de consumo. Eles são projetados para veículos elétricos”, observa Berdichevsky. “Mas esse tipo de produto é uma ótima plataforma para testar a tecnologia e lançá-la em escala menor antes de começar a produção em maior escala.”

Crédito: Honor

Em algum momento, os investimentos em ânodos à base de silício para veículos elétricos poderão finalmente chegar a outros dispositivos de forma significativa.

Como Berdichevsky destaca, o material do ânodo de um único veículo elétrico equivale a aproximadamente 10 mil celulares. Conforme a produção aumenta, produzir baterias de próxima geração para outros dispositivos acabará se tornando muito mais simples.

“À medida que as grandes fábricas automotivas entrarem em operação, esse tipo de tecnologia se tornará muito comum nos eletrônicos de consumo”, diz ele.

Enquanto isso, temos alguns vislumbres do que este novo tipo de bateria pode fazer pela tecnologia. E o Magic V2 é o melhor exemplo até agora.


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